Adachi to Shimamura deveria ser um elogio, “você estão tão Adachi to Shimamura hoje”, porque não é possível, o anime segue excelente, quer a qualidade da animação caia um pouco ou ocorram situações ainda mais estranhas, consolidando a doçura, com a pitada de amargor normal a cada coisa da vida, que é a bela relação entre garotas de muita personalidade. É hora de Adachi to Shimamura no Anime21!

Não imaginava o encontro entre a Yashiro e a irmã da Shimamura, mas foi sim uma boa ideia aproximar as crianças, além de reverberar mais o tino peculiar que a história tem, uma pegada que pode até ser creepy às vezes, como foi o garoto fissurado nas garotinhas.

Aliás, toda a preocupação da Shimamura com os abdominais e a própria ida a academia foi o que deu a sua reflexão o pano de fundo perfeito, além de abrir a trama de forma tão conveniente quanto inusitada. Não é todo dia que a futura sogra diz que não gostou de você sem nem te conhecer, e conhecendo, olha…

Antes do encontro com a mãe da Adachi foi legal ver a Shimamura pensando no peso que ela pode ser na vida das pessoas, porque, mesmo que indiretamente, as coisas dialogam, afinal, todo filho é de certa forma um peso para a mãe, e quem ela conhece logo após?

É legal porque isso também se conecta ao medo da garota de machucar a Adachi, o que até justifica sua preocupação com esse tipo de coisa. A Shimamura é uma personagem consciente de suas imperfeições, das nuances de si e de suas relações, mas nem por isso consegue ou acha que pode acertar sempre, né.

Eu gosto muito disso, pois torna a personagem mais palpável, além de ficar mais interessante quando, por exemplo, ela se mete na conversa da mãe da Adachi tentando ver o lado da amiga. A Shimamura não quer brigar, mas também não larga mão de sua posição.

O desafio da Shimamura para a mãe da Adachi foi mais uma das provas inequívocas do quanto a garota se preocupa com a amiga, sendo capaz de desafiar um adulto só para gerar uma situação que sequer foi útil a curto prazo, mas pode ter boas consequências futuras, isso se a mãe tentar se reaproximar da filha.

E não dá para não pensar na pergunta da Shimamura, “o que é ser uma boa mãe?”, não que tenha achado a mãe da Adachi exatamente ruim, mas com certeza ela está em falta com a filha e nem acho que seja só culpa dela. Contudo, ela é a adulta da relação, não dá para só acompanhar de longe e torcer pelo melhor.

Acho que foi no artigo passado que falei de como a Adachi me parecia abandonada e nesse episódio deu para entender melhor o que leva a isso, tornando a interferência da Shimamura interessante a fim de ser talvez a semente para que a Adachi tenha relações melhores, diria até que relações mais “verdadeiras”.

A ida ao karaokê mesmo pode ser encarada como mais uma tentativa da Shimamura em fazer da Adachi uma criatura minimamente mais sociável, ainda que ambas não gostem muito disso e ela não force nada, apenas se aproveite de seu prestígio com a garota para fazer ela mais feliz de forma diferente.

O que sabemos que não é simples, e se nada muda de um dia para o outro, então é de se esperar a forma gradativa como a relação das duas se desenvolve e elas se saem melhor em outras áreas de suas vidas, seja nas relações interpessoais ou no “simples” ato de não matar mais aula como quem vai para ela.

Antes de focar na ida ao karaokê, só queria pontuar que curti e entendo o fascínio da irmã da Shimamura com sua “fada”. Espero coisas boas da amizade das duas, não acho que a diferença de idade entre a Yashiro e a Shimamura impeça que a astronauta se abra para ela, mas não vai ser estranho se a criança se sentir mais a vontade com alguém da sua idade.

Enfim, a ida ao karaokê foi desconfortável tanto para a Adachi como para a Shimamura, e até aí nada de estranho, o legal é que mesmo assim conseguiram se divertir, passando essa ideia até básica de que só ficar na zona de conforto tem um limite, sair dela dá a qualquer um novas e instigantes possibilidades.

É claro que elas preferem o tempo doce que passam juntas, o qual, aliás, foi bem fofo, como sempre, na cena do colo e dos abdominais, mas certamente não teria a mesma força na cena do dueto caso ele fosse só com as duas, sem as amigas por perto, que testemunham a prova de apreço de uma com a outra.

A insert song foi o melhor encerramento possível e é o b-side do single da abertura, então se você gostou dela não deve ter dificuldade em ouvir de novo. A música foi bem agradável de ouvir e com certeza consolidou ainda mais essa forte amizade daa duas.

Eu não sei se você percebeu, mas a cena do apelido é bem a cara da Adachi, que não quer a Shimamura a chamando de outra forma que não pelo seu nome, o que pode parecer bobo, mas dá o parâmetro de qual é a “certeza” que ela quer na relação das duas, quais são as cores que ela quer que a componham.

Por fim, temos o advento da conversa nos balanços, a qual deu uma ótima dimensão de como a Adachi está apaixonada pela Shimamura e para ela mesmo um simples afago na cabeça pode ser algo incrível. Por um momento pensei que ela fosse se declarar, mas calma Kakerão, tudo a seu tempo e a hora disso obviamente não é agora. Será até o final do anime?

Eu não sei e não quero spoiler, mas espero que seja sim, para coroar a jornada até o final já programado para o décimo segundo episódio dessa série. Espero que esses dois meses passem devagar, quero ter o gostinho de curtir essa joia rara sem pressa alguma.

É como se o anime quisesse ser especial para o público assim como a Adachi quer ser especial para a Shimamura, não à toa o episódio contrabalanceia o anterior e termina com um astral bem mais elevado, até esperançoso, visto que a Adachi está cada vez mais convicta sobre o que sente, aceitando esse sentimento e querendo se esforçar para que floresça.

Sendo assim, o que veremos é uma Adachi mais incisiva? Ou mais medrosa? Até pela prévia acho que é o primeiro caso. E quanto a Shimamura? Esses pequenos momentos em que ela escancara o quanto adora a Adachi se acomularão e ganharão um nome?

Veremos. Mas você traz a pipoca.

Até a próxima!

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