Começando 2021 já no pique, apresento um dos novos animes esportivos dessa temporada de janeiro, que por sinal promete bastante. Depois de Yuri!!! on Ice o Japão decide apostar em uma nova adaptação original baseada na patinação no gelo, porém aplicada a um esporte meio novo, será que essa criação dará certo?

O enredo aponta para o clichê do cidadão que se dedica para ser o melhor no que pratica, com um rival que é visívelmente superior e reconhecido, sem muitas novidades. Mas sendo prático, essa estreia fez o necessário para me prender a história, fazendo com que assim eu me interessasse pelo progresso de seus protagonistas e a sua história de sucesso no esporte.

Maeshima é um rapaz que desde pequeno praticava com muito afinco a patinação artística, já tendo talento para tal, uma vez que é filho de dois patinadores profissionais e que infelizmente morreram quando ele ainda era novo.

O que pega em seu passado é que ao longo de sua carreira mirim, muito embora ele fosse excelente, o menino nunca conseguiu ultrapassar seu maior rival Shinozaki, encarando com resignação e alguma persistência, o fato de sempre ser o segundo para o mundo – até a página 2.

Depois de um tempo, cansado das sucessivas derrotas e do desprezo de seu adversário – que por sinal tem uma cara tão bela, quanto desagradável e seca -, ele desiste de focar na patinação e passa a viver sem se vincular a nada, mas ser bom em tudo, como uma forma de superar as perdas e parecer melhor do que de fato é.

Ainda que eu tenha achado o comportamento do rapaz infantil, por se deixar levar pelo passado e se tornar um idiota – como um de seus colegas sabiamente disse -, consigo compreender o ressentimento para com Shinozaki e empatizar com a sua luta interna quanto a patinar e voltar ao ringue. Porém, é visível que embora machucado, o seu amor pelo esporte é genuíno e a prova disso está no fato de treinar em segredo, mesmo insistindo no discurso de que não se importa com isso.

Nesse processo entra o irmão menor do antagonista e o responsável pelo reavivamento do protagonista, com a função de traçar o caminho para que ambos duelem novamente e consigam a vitória que almejam – e por motivos semelhantes.

Hayato tem uma personalidade que eu gosto de ver para variar um pouco, já que ele impulsiona Maeshima e não tem medo de expressar o que é e sente, por ter sofrido o mesmo que o outro, porém com o acréscimo de ter sentido muito mais na pele, já que convivia diretamente com ele.

O rapaz tem um tom meio vilanesco e até manipulador em sua aparência e nas suas ações, mas soa simpático e acredito que assim como o Maeshima, ele tenha um desejo maior para com o Skate Leading, além da vingança que busca – eu gostaria de apostar nessa opção, até para que o personagem possa ter mais profundidade.

Não sei ainda se essa relação pode acabar se tornando tóxica em algum momento, por conta da personalidade, dos ressentimentos sérios e os desejos de ambos, mas certamente o que viria para o “mal”, se inicia construindo uma amizade inusitadamente legal, calcada na tentativa de superação deles consigo mesmos.

Explicando um pouco do Skate Leading, o que nos foi introduzido é que ele nada mais é que uma patinação no gelo que engloba a execução de performances em grupo, onde cada posição determina algo na apresentação que será feita pelas equipes e ponto. Parece bem simples descrevendo, mas fico curioso pelo que articularão com os grupos, já que a movimentação em si é bem elaborada.

Digo isso até pela questão da animação também, já que animar uma única pessoa com todas aquelas acrobacias é uma coisa, enquanto uma equipe de 5 ou mais pessoas, outra completamente diferente.

Falando nela, a animação estava bem afiada e cumpriu seu papel com louvor, entregando fluidez e uma boa movimentação nas performances feitas, com o plus de não utilizarem o CG, que é cada vez mais comum. Acredito que mais a frente isso deve mudar com o excesso de pessoas na pista e o calendário corrido dos animes, mas vamos torcer para que a J.C Staff nos surpreenda ao longo dessa exibição.

Para além do fator vingança, o anime também aposta na redenção do protagonista enquanto patinador em regresso, já que ele é mal aceito pelos colegas do clube de Skate Leading por conta de seu abandono e sua imaturidade ao lidar com o esporte e seu trauma – o que todos desgostam, especialmente o melhor amigo dele, que se mostra bem mais ofendido que os outros.

Fico bem curioso para ver como ele retomará a confiança dos colegas, para junto com o Hayato se unir aos seus futuros companheiros de equipe, assim como me interesso pelo desenvolvimento desse triângulo nada amoroso, até porque pouco sabemos sobre os sentimentos do Shinozaki, mesmo com aquele jeito frio, soberbo e grosseiro.

O que de fato me preocupa é que pouco aprofundem os personagens, a ponto de tudo parecer genérico demais, ou que mergulhem demais no melodrama adolescente, criando poucos problemas reais e coerentes, cabendo apenas as apresentações serem o ponto positivo que sustenta a obra.

Em resumo, acho que é uma boa estreia, o esporte tem sua beleza, os dois protagonistas tem uma boa dinâmica juntos e o Hayato em especial é bem carismático com o seu jeitão, cabendo a história realmente fazer o resto. Caso a direção e o roteiro consigam se utilizar de sua vantagem em ser um anime original, sem limitar as possibilidades, as chances de sucesso aqui existem.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

 

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