Blue Reflection Ray – ep 2 – Por não conseguir, não por não querer
Bom dia!
Quem é a garota da memória da Ruka? Aliás, no começo achei que ela estivesse vendo aquela garota no presente, e a verdade é que ainda não tenho certeza se aquilo era memória ou o que estava acontecendo naquele instante, mas tratarei disso depois.
Vista de longe, por trás e diferente de qualquer outra garota que já apareceu no anime, eu não entendi foi nada.
Entendi menos ainda quando apareceu de novo na hora que a Hiori puxou a mão da Ruka para o peito dela. Aquilo foi a memória da Ruka fluindo para a Hiori ou foi a Ruka vendo que a Hiori também tinha aquela memória? Ok, não faz sentido que as duas ficassem observando de longe (e da mesma posição) uma mesma garota, então acho que a Hiori viu a memória da Ruka e reconheceu a garota.
Mas quem era ela afinal??
Eventualmente vamos descobrir, suponho, então deixa isso para lá por enquanto.
Ruka pensava consigo mesma sobre como não consegue socializar, mas não acha isso um problema. Aparentemente a única vez que ela sentiu que poderia ou queria algo diferente foi quando conheceu aquela garota misteriosa e desde então parece ter desistido de vez.
Exceto que ela tentou se aproximar da Miyako no episódio anterior, então ela não desistiu, ainda que tenha se convencido de que está “tudo bem”.
Se a Hiori a entendeu direito, e eu acho que entendeu, é a mesma coisa com a história de se tornar uma refletora: a Ruka está dizendo que desiste porque não consegue, não porque não quer.
Há uma breve explicação da Momo de como a magia funciona nesse mundo que pareceu redundante com o que o resto do episódio mostrou. Na verdade, aquele diálogo serviu apenas para conectar a personagem experiente com as novatas, e a parte explicativa mais atrapalhou do que ajudou.
Imagino que essa veia expositiva o anime tenha herdado do game, em que faz todo o sentido que uma personagem veterana explique em detalhes a mecânica para o jogador.
Isso, junto com coisas que já citei (como a primeira cena do anime em que não fica claro se aquilo é memória ou presente) e outros detalhes ao longo do episódio deixaram confusas as interações entre as personagens, e não é no bom sentido.
Não me refiro a ambiguidades, por exemplo, que serviriam para transmitir inseguranças e indecisões das personagens, mas de pura e simples dificuldade para compreender o que está acontecendo.
No caso da memória ou não eu já expliquei, e nesse caso da exposição da Momo eu fui levado a ficar tentando entender como funciona a magia nesse mundo, quando o relevante ali não era isso, mas sim como ela, a Hiori e a Ruko começam a se conhecer melhor e a se relacionar.
Ao final do episódio acho que entendi tudo o que importa e que o anime já revelou por enquanto, mas melhor seria ter entendido ao longo do episódio.
Tanto as garotas com anéis azuis quanto as com anéis vermelhos são refletoras, e todas as refletoras sentem, respondem, e devem agir quando os sentimentos negativos de outras garotas começam a ter efeitos negativos sobre a realidade, como vimos acontecer com a Miyako nesse episódio e como provavelmente era o caso daquela criatura que apareceu logo na primeira cena do primeiro episódio.
O que muda entre azuis e vermelhas é a abordagem: as azuis buscam proteger os sentimentos das garotas enquanto as vermelhas removem seus sentimentos negativos.
E fica a sugestão de que remover os sentimentos negativos é errado. Por que seria? Vejamos pela Miyako: o que ela pode fazer? Aceitar sua mãe horrível? Não parece correto. Confrontá-la? Duvido que funcione.
Claro que simplesmente remover o sentimento nesse caso não é ideal! A questão aqui é: essas garotas podem fazer o ideal pela Miyako? Qual magia vai corrigir o ambiente familiar tóxico dela?
Ok, entendo que o caso da Miyako seja complexo e de difícil solução. Mas o que dizer de quem tenha sentimentos negativos vindos de fato que não está mais acontecendo (um trauma do passado, por exemplo)? Esses anéis vermelhos seriam uma revolução para tratar Transtorno de Estresse Pós-Traumático, mais rápidos e eficientes do que qualquer terapia.
Desculpe, acho que desviei do foco aqui. As refletoras de anéis vermelhos claramente são malignas, são codificadas como malignas, então o que elas fazem têm que ser errado independentemente de fazer ou não sentido.
E as próprias garotas mágicas têm seus próprios sentimentos com os quais precisam lidar. Não duvido que seja isso o que as torna aptas a usarem seus anéis afinal. A diferença entre azul e vermelho deve ser como a própria garota lida com o sentimento. Ou melhor, eu gostaria que fosse, porque aí abre uma avenida de oportunidades para garotas mágicas mudarem de lado e a moralidade de ambas serem pesadas na balança.
Ou vai dizer que a Ruka não parece alguém que poderia tanto ostentar um anel azul, como parece estar escrito que irá acontecer, quanto um vermelho? A protagonista parece mais pessimista que a garota mágica sádica de anel vermelho.
A Hiori é um caso diferente. Ela é incuravelmente positiva. A mãe abandonou ela e sua irmã há cinco anos. Recentemente, sua irmã desapareceu também. E tenho certeza que era a garota mágica que colapsou no primeiro episódio (estará morta?).
A Momo pareceu ter reagido ao nome e sobrenome da Hiori, dando a entender que talvez conhecesse sua irmã, mas quando Hiori disse que sua irmã se chamava Mio a Momo pareceu honestamente não saber de quem ela falava. Bom, acho que isso fica para a cota das interações confusas entre personagens nesse episódio.
Em todo caso, talvez a nossa impressão inicial sobre Ruka e Hiori seja o avesso da realidade.
A Hiori parece viver em uma situação extremamente frágil, afinal. A mãe fugiu, a irmã desapareceu, e ela continua agindo como se tudo estivesse bem, às vezes forçando tanto para dar essa impressão que o clima negativo é opressivo. O melhor exemplo disso é quando ela conta sobre a mãe:
“Nossa mãe saiu para comprar lâmpadas, mas nunca voltou. Então compramos lâmpadas nós mesmas.”
Algumas cenas depois, ainda conversando com a Ruka, ela comenta sobre como a nova amiga tem enorme capacidade de sentir empatia e, se eu entendi o que ela quis dizer, não é alguém que age com indiferença com alguém por quem já tenha se preocupado antes.
Quero dizer, ela inferiu isso conhecendo muito pouco sobre a Ruka, e o que diz é tão específico que mais parece que está falando sobre si mesma: ela, Hiori, é alguém que não só é capaz como já foi indiferente com alguém que lhe era querida.
Provavelmente sua irmã.
Nesse sentido, é fácil imaginar a Ruka melhorando suas habilidades sociais (é só esse o problema dela, correto?) enquanto a Hiori mergulha em desespero por causa da culpa que carrega.
Se eu estiver certo e isso chegar a acontecer as duas terão, efetivamente, trocado de posição em relação aos lugares que ocupam agora.
Mas por enquanto isso é especulação. Em que pese haver de fato uma sombra por trás do sorriso da Miyako, a preocupação imediata é a Ruka. Ou, mais imediata ainda, a Miyako.
A garota teve mais um dia de cão e estava à beira do suicídio quando abordada pelos dois grupos de garotas mágicas. E talvez tudo isso pudesse ter sido evitado se a Ruka tivesse conversado com ela mais cedo, na escola.