Megalo Box 2: Nomad – ep 3 – Uma calmaria que precede a tempestade
Esse episódio foi uma experiência nova nessa temporada. Não apenas nos foi mostrado mais dos personagens, mas também os vimos avançando no roteiro de uma forma direta com Joe assumindo sua posição como auxiliar do Chefe, e assim fazendo pelo amigo, e pelos imigrantes, o que Nanbu havia feito por ele no passado.
Joe como um auxiliar é uma espécie de faca de dois gumes para mim. Por um lado, ver o personagem assumir uma missão que não o coloque no ringue é um caminho interessante, e Joe possui conhecimentos que se provam úteis, como mostrado no segundo combate ao lado do Chefe.
Porém, ele está com um lutador que já possui considerável experiência, e que é basicamente uma versão ideal de si mesmo. O que é mais uma vez demonstrado nesse episódio pela ênfase que o Chefe coloca em sua guarda, oposto a Joe que sempre lutou focado unicamente no ataque.
Além disso, o Chefe está enfrentando oponentes fracos e que claramente não possuem qualquer relevância. Isso é deixado bem claro na primeira luta, que foi vencida sem nenhum problema ainda no primeiro round, e na segunda cuja única estratégia consistia em um único soco no corpo.
Não é como se Joe fosse um auxiliar ruim, mas em tal situação, simplesmente não tem muito com o que ele possa ajudar no momento.
Ainda nesse episódio tivemos a desintoxicação de nosso protagonista e mais do arco do Mio. Esse último em particular é o mais desconexo do torneio de megalobox, mas também possui bastante valor temático para o anime.
Mio negligenciou seu povo em prol de status pessoal, o que a levou a ignorar os maus-tratos com seu povo e culminou no fim, com seus amigos de gangue incendiando sua vila.
Essa parte é interessante porque coloca Mio no mesmo cenário que Joe: ambos visaram apenas os seus interesses e com isso destruíram a vida de pessoas inocentes.
Joe, por outro lado, passou por uma melhora significativa essa semana. Após ouvir mais uma vez a história do Chefe, ele reconhece sua covardia em encarar sua real dor e confronta o fantasma de Nanbu mais uma vez. Com esse evento nós descobrimos duas coisas sobre os eventos que ocorreram entre as temporadas.
É revelado que Sachio culpa o nosso protagonista pela morte de seu antigo mentor, o que reforça a teoria de que ele abandonou a equipe antes do sumiço de Joe, como vimos no flashback do episódio anterior.
Mas ainda mais importante foi a confirmação de que Nanbu não só estava a beira da morte na última vez que lutou ao lado de Joe, como também que aparentemente morreu sem arrependimentos, pois podemos ver seu cadáver sorrindo nesse episódio. Isso pode ser um indício para um futuro arco de Joe: aprender que, apesar de ter sido irresponsável, a morte de seu mentor não foi sua culpa.
A razão principal pela qual eu acredito nessa teoria é que, não só Joe, mas o Chefe e principalmente Mio, não foram os culpados por suas tragédias. Lógico que suas ações são passíveis de críticas pesadas, porém, reconhecer que os mortos não rogam por suas tragédias seria uma rota interessante a se explorar, até porque ainda temos mais nove episódios pela frente.
No geral, achei esse o episódio mais fraco até o momento. Ele não é ruim de forma alguma, mas muito do seu conteúdo é um set-up para o futuro, sem construir muito no momento.
O arco do Mio é o maior exemplo disso, ele pode ter uma enorme importância nos temas e narrativa da obra, mas o personagem central ainda não sentiu o impacto disso. Mio não é um bom elemento, ele é uma promessa de um que eu só posso esperar que seja digno do resto da obra.
Entre ótimos elementos, como o desfecho do arco de Joe e um bom uso da mãe, em contraste com combates não muito interessantes e histórias que ainda precisam de tempo para mostrarem seu potencial, esse foi um episódio fraco comparado aos anteriores, mas perfeitamente ok no que se propôs.