Se quem é vivo sempre aparece, aqui artigo por sair é artigo entregue, então peço desculpa a quem me lê (se tiver alguém aí faz sinal de fumaça) pela demora, mas antes tarde do que nunca, né? E, vou ser sincero, não queria acabar o anime porque curti ele com todas as minhas forças.

Mas se tudo que começa um dia acaba eu juro que vou parar com essa marmota e ir direto ao ponto, é hora de correr atrás do meu sonho de escrever um artigo digno desse último e espetacular episódio de Uma Musume: Pretty Derby 2, de longe o meu xodó da última temporada.

Depois de um ano a Teiou voltou ao páreo, parece time que foi rebaixado de divisão (olá, Vasco), mas diferente do clube citado entre parênteses, ela não voltou para ficar com um vice (eu sei, isso já tá virando bullying), então o que vimos foi a esperada vitória da Teiou na Arima Kinen.

Mas por que a Arima Kinen? Por que quem participa da corrida é escolhida por votação? Por que ela fecha o calendário anual? A Arima Kinen é uma espécie de “show das estrelas” que fecha o ano com quem mais cativou o público, com as grandes estrelas da temporada no turfe.

Inclusive, a Teiou voltar nesse tipo de corrida não só é simbólico por mostrar o quanto ela ainda é amada pelo público, como se alinha a ideia de conclusão do anime e também desse estágio dificultoso de sua carreira em que ela esteve perto de seu objetivo, mas levou uma rasteira da vida.

Mas antes de explicar por que achei o final tão bacana, tenho que falar da maravilhosa corrida que se desenrolou dessa vez e, claro, do apoio das companheiras que nossa heroína teve, mas também do reconhecimento de suas rivais e do abraço caloroso que recebeu de todos em sua volta.

Não foi nada incomum ao que Uma Musume fez até agora, então o que quero pontuar é um aspecto curioso, ainda que não surpreendente, que foi em nenhum momento a preparação dela ter dado a entender que estava em sua melhor forma e tinha motivos para acreditar que ganharia.

Isso elevou o feito da Teiou e realçou a sua grandeza, a qual pode não ter sido levada ao ápice com um embate contra sua eterna rival, Mejiro McQueen, mas pelas circunstâncias acho que acabar com a Arima Kinen e uma corridinha leve simbólica entre as duas foi o melhor final mesmo.

Teve aquele card de meio de episódio maravilhoso com as duas rivais lado a lado, mas, convenhamos, a protagonista ainda é a Teiou e, sendo assim, é compreensível que o grande clímax seja dela, ainda que tenha impactado diretamente a McQueen. O anime precisava dar isso a Teiou.

Enquanto para a McQueen, bastava que soubéssemos que ela não desistiu de se recuperar para voltar a correr e que, assim como ela fez com a Teiou, foi sua grande rival, mas também grande amiga, que a estendeu a mão quando ela mais precisava, para ajudá-la a se manter de pé, altiva.

Tanto é isso que a McQueen estava morrendo de medo de ver a Teiou correndo porque no fundo ela também tinha medo da Teiou perder e com sua derrota levar embora o restinho de esperança que havia na fundista. Aliás, as expressões emocionadas dela foram um espetáculo a parte.

Acho muito elogiável como nesses momentos em que as expressões das personagens precisam de destaque a produção compra a briga e dobra a aposta nos provendo animação de extrema qualidade que viabiliza muita expressividade, demonstrando sensibilidade necessária para tanto.

Se a primeira temporada era bem animada, esse segunda então, não deixou a desejar, seja na corrida disputada ferradura a ferradura entre Teiou e Biwa Hayahide ou na música da vitória que tanto me cantou pela fluidez na animação e a performance super bem coreografada das garotas.

Se o roteiro desse episódio foi excelente, visualmente e sonoramente tudo encaixou perfeitamente. Inclusive, acho até que o tom foi emotivo sim, mas não demais. Digo, teve choro de todo mundo (eu chorei, você também), mas o resto foi bem razoável com a emoção das personagens.

Quanto a corrida, finalmente a corrida, foi sensacional ver a Teiou tirando forças de onde nem sabia se tinha para acelerar com tudo na última volta e disputar a ponta. Foi uma demonstração de superação, mesmo ela estando mais fraca que a rival, que vemos muitas vezes no esporte.

É como as viradas épicas no futebol, como foi a virada do Flamengo para cima do River Plate na Libertadores de 2019 ou do Tottenham para cima do Ajax nas semis da Champions de 2018/2019 (foram as duas últimas que mais me marcaram), é algo que não tem explicação lógica.

Nesses momentos as pernas não respondem mais ao cérebro (como o narrador do segundo jogo bem disse), mas respondem ao coração e foi exatamente isso que aconteceu com a Teiou. Não tem explicação até porque, como comentei antes, nada na preparação dela indicava aquilo.

Esse é o tipo de “milagre” que eu super consigo comprar no esporte justamente pelo fator competitivo agregado a prática esportiva e porque há algo em jogo para todos os envolvidos. Nesse caso, para a Teiou valia a carreira da amiga, mas também a volta por cima dela após tanto sofrer.

E ela também sofreu para ganhar, mas agarrou essa dor e a transformou em mérito esportivo, superando as dificuldades que a acometiam e recebendo a glória por seu feito. Teiou se tornou a primeira garota-cavalo da história a vencer uma grande corrida após tanto tempo parada.

Se ela não tivesse passado por tudo que passou ela não teria essa merca única em sua carreira, coisa que a Tríplice Coroa invicta não seria. Eu sei que ela queria se igualar a sua maior inspiração, ser como ela, mas no fim das contas ela é a Teiou, é única e fez algo que só ela conseguiu fazer.

É claro que um dia alguma garota-cavalo deve igualar seu feito, mas ela foi a primeira e terá para sempre seu nome marcado na história, além de que, na boa, elas não saem do colégio, ainda podem fazer mais. A Kita e a Dia cresceram para entrar na escola e elas ainda estavam lá, correndo.

Dessa vez, a Teiou junto da recuperada McQueen (depois de muitos anos, aparentemente), as duas disputando uma corrida juntas e seguindo com seus sonhos de brilhar no turfe mesmo após tantos revezes da vida. Havia forma mais bela de concluir esse anime? Se havia eu desconheço.

Uma Musume acaba com a ideia de que o ciclo da vida continua, mas que a derrota não é necessariamente o fim, então você pode tentar se reerguer. É claro que conseguir operar esse milagre você pode pôr na conta de ser um anime, tudo bem, mas temos milagres palpáveis também.

Vencer da maneira que a Teiou venceu, se esforçando além de seus limites em uma roupagem que foi cirúrgica e até por isso ficou extremamente emocionante, foi a parte de “protagonismo” que pode sim acometer atletas na rival real. É raro, mas acontece, e dei exemplos disso mais acima.

Esse milagre acaba sendo compartilhado com todos que o presenciaram e imagino que possa ter cativado você como me cativou, me fazendo ir as lágrimas de alegria pela sua magnitude. O esporte, assim como a vida, é feito dessas histórias de superação, da obra de verdadeiros milagres.

Não tinha mesmo como terminar esse anime de outra forma, essa foi a nossa catarse, e é através da mensagem de que esforço pode sim ser recompensado e de que só se recupera quem se levanta (decidir ficar no chão geralmente é uma escolha sua) que damos adeus a Uma Musume.

Aliás, seria um adeus ou até logo? Ainda devo fazer uma resenha sobre os OVAs das BNW, mas, além disso, será que ainda lançam uma terceira temporada? Não duvido. Quem sabe não focam na Dia e na Kita? Só acho que seria meio estranho a Teiou e as outras ainda estarem na escola…

Por fim, Uma Musume: Pretty Derby 2 foi um anime excelente que pode até ter tido um ou outro ponto questionável pela forma como tratou as rivalidades e as relações entre as garotas-cavalo, mas no geral acertou tanto que seria leviano se eu não dissesse o quão incrível este anime foi.

É claro que mesmo trocando as protagonistas, parte disso se deveu a já fantástica primeira temporada, na qual o exemplo de superação já foi impresso em nossas mentes, mas não importa quem veio primeiro (se é o ovo ou a galinha), o importante é o que temos que avaliar.

E o que eu tenho que avaliar é um anime extremamente bem produzido em praticamente todos os seus aspectos técnicos e em quase todo o tempo. Além disso, a história emocionou e isso é o mais importante nessa vida. Sentirei falta da Teiou e das outras, mas nunca as esquecerei.

Até a próxima!

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