Ruka e Hiori precisam se entender

Bom dia!

Comunicação é importante. Vivemos em sociedade e, enquanto não inventarmos telepatia, não vamos nos fazer entender a não ser que falemos o que queremos.

Embora Blue Reflection seja uma fantasia mágica, as refletoras também não têm telepatia entre seus poderes, portanto…

Como dizia Chacrinha:

Quem não se comunica, se trumbica!

(E não, eu não sou tão velho a ponto de lembrar do Chacrinha, só aprendi o bordão)

Com efeito, em muitos animes os conflitos surgem da falta de comunicação. Só para ficar em alguns exemplos dessa temporada:

Em Osananajimi ga Zettai ni Makenai Love Comedy (Osamake), bastava a Shirokusa ter perguntado ao Sueharu quando finalmente se reencontraram pela primeira vez em anos por que ele desapareceu quando criança, se apresentando como “Shiro-chan” de suas memórias, que tudo teria sido evitado.

Em SSSS.Dynazenon, a Yume está correndo atrás de quem saiba sobre a irmã dela, mas provavelmente se ela se sentasse com o Gauma e com os Eugenistas de Kaiju para todos compartilharem o que sabem muita coisa seria esclarecida.

Em Mashiro no Oto, se o avô do Setsu não tivesse passado a vida toda se comunicando com ele como o Mestre dos Magos, de forma críptica, o neto teria entendido o que o avô esperava de verdade dele e não teria ficado traumatizado com sua morte (ou pelo menos não tão traumatizado).

E por aí vai.

 

Miyako manda a real para Hiori e Ruka

 

Em Blue Reflection Ray as heroínas pareciam fadadas a sofrer dessa maldição, mas a Miyako veio ao resgate. A mudança da garota é curiosa, aliás, nunca imaginei que bastasse um pouco de auto-confiança para isso. Foi da água para o vinho.

Não só ela parou de esperar pela aprovação da mãe e saiu de casa como se tornou assertiva e aberta sobre o que pensa. Quando Ruka e Hiori disseram protocolarmente que “entendiam” o sentimento dela, a Miyako foi bastante clara: não entendiam não, mas ela não esperava mesmo por isso, e tudo bem.

Está certa. Cada pessoa é uma pessoa e não é tão fácil assim nos entendermos.

Enquanto isso, a Ruka continua bastante introvertida. Ela conversa normalmente com a Hiori e as demais, mas nunca fala de si.

A Hiori, por outro lado, fala bastante. Fala até demais. Tanto, na verdade, que não tem tempo para escutar os outros. Não sabemos, por exemplo, se o que a Ruka queria perguntar à Momo no começo do episódio era o mesmo que a Hiori perguntou, porque ela simplesmente a interrompeu e a conversa tomou outro rumo.

Não deixa de ser curioso que a Miyako tenha estimulado as duas a começarem a mudar justamente porque ela interpretou que a recusa da Momo em treiná-las se devia ao fato delas terem pouco entrosamento. Porque não era isso. A Momo não se comunicou direito.

Funcionou para Hiori e Ruka, mas não era por isso. A Momo também tem problemas de comunicação. Sempre teve, ela reconhece, desde um passado recente em que era uma rebelde sem causa que não escutava ninguém e só falava coisas para machucar e afastar as pessoas.

 

Momo tem pesadelo pensando em como a Hiori vai reagir se ela contar sobre sua irmã, Mio

 

Ela pode não ser mais aquela rebelde, mas sua insegurança ainda a impede de se comunicar devidamente.

A Momo não consegue contar para a Hiori que reencontrou sua irmã porque tem medo de sua reação. Não deve ser fácil mesmo estar no lugar dela, quero dizer, a Mio (esse é o nome da irmã) é efetivamente uma inimiga delas.

Mas não sei se é só por isso que ela não consegue falar. Momo e Mio foram parceiras, afinal, ainda que talvez tenha sido por pouco tempo. É possível que ela se sinta culpada pela traição da irmã da Hiori.

 

Mio, irmã de Hiori, e Shino, que a trata como irmã

 

Sobre a Mio, as demais refletoras de anéis vermelhos e seus motivos, ainda não se sabe muito, mas esse episódio começou a dar pistas.

Uma garota chamada Shino que está muito doente e trata a Mio como se fosse sua própria irmã.

 

Deve ter doído pra caramba fazer essa tatuagem

(Alternativamente, ela só fez fez uma tatuagem radical e está com febre, mas não quer mostrar para ninguém)

 

Não dá ainda para ter uma ideia muito clara, mas as refletoras vermelhas lutam para salvar ou curar essa garota. O que ela tem e como a luta delas pode curá-la permanece um completo mistério.

Mas se nota um contraste importante: as refletoras de anéis azuis lutam para salvar as próprias garotas atormentadas e seus sentimentos, enquanto as de anéis vermelhos querem roubar seus sentimentos para salvar uma única pessoa, não relacionada.

O colapso mental que a Mio teve no primeiro episódio também deve estar relacionado a isso. Ela não desistiu simplesmente porque não aguentava mais lutar, mas sim porque provavelmente estava se debatendo entre duas escolhas que, do ponto de vista dela, eram incompatíveis.

Para encerrar, é interessante como o anime está resolvendo questões mecânicas primeiro, enquanto a história em si está em segundo plano. Noutros animes, como eu já argumentei, a comunicação truncada seria usada como um recurso para gerar drama.

Em Blue Reflection Ray elas precisam se entender para poder lutar, então o anime fez elas se entenderem logo.

De mesma forma e ao mesmo tempo, outras peças vão se encaixando. A Momo também começa a sua própria evolução pessoal, afinal ela sabe coisas que precisa ensinar para as outras duas, e provavelmente irá precisar de uma nova dupla também (vem Miyako por aí?).

A não ser, claro, que o anime resolva matá-la.

 

Comentários