Finalmente cheguei ao penúltimo filme de One Piece! Bem, ao menos até o momento, não sabemos quantos mais ainda apareceram em relação a essa obra, e convenhamos, mesmo depois que uma franquia chega ao seu fim, vez ou outra algum ímpeto comercial a revive, e isso é tranquilo, tá tudo bem.

Mas porque estou inflando esse fato em relação ao penúltimo e não ao último? Sei lá, deu na telha falar isso, perdão.

 

 

Vamos ao filme. One Piece Gold nos apresenta uma grande ilha cassino, Gran Tesoro, regida por um ex-pirata e ex-escravo, e por que não, o atual cara mais rico do mundo. Gild Tesoro, o nome da figura, é uma figura mesmo, um clássico e extravagante homem ostentação.

Não se aflijam, ele tem um passado triste, mesmo que isso não o exima de sua decadência presente. Tesoro é um empresário corrupto, escravocrata e que come na mão do governo, ou melhor, paga tributos a este para poder se manter livre.

A ilha Gran Tesoro, um cassino luxuoso e glamuroso, é de encher os olhos. É um puro estereótipo norte americano de fartura, ganância e prazer. Tudo na ilha é banhado, ou mesmo puro mesmo, ouro. Tesoro acumulou cerca de 20% de toda a riqueza financeira do mundo inteiro, ele é literalmente, podre de rico.

 

 

Os Mugiwara, sem ter muito o que fazer da vida, e com um passe de entrada para o local, que por mais que seja um cassino, ainda é um local secreto no mundo, pois mantém a sua adequada aura de mistério, selecionando aqueles que são convidados. Enfim, eles têm um passe de entrada, ou seja, um vivre card que guia os turistas para a lendária ilha.

A parte de contextualização da ilha é bem pontual, a fantasia aplicada é uma reciclagem de elementos já apresentados em outros filmes. Na verdade, esse filme acaba mesmo sugando boa parte de seus elementos de filmes anteriores, uma ilha movida a tartarugas gigantes, escravos sendo submetidos aos caprichos de um pirata impiedoso, pessoas sofredoras que foram enganadas, corridas alucinantes dentro de mini arcos de apresentação do contexto do local. Nada de novo, mas tudo muito brilhante e maquiado.

O filme enche um pouco os olhos, apesar do ritmo não ser dos melhores. Vez ou outra quando precisa aprofundar um contexto, dar densidade para os personagens, ele só oferece uns flashbacks rasteiros e segue a vida. Funciona, mas poderia ser mais trabalhado. Demonstra que as rédeas do roteiro e dos clichês, ou mesmo do fan service, guiam e determinam a obra.

 

 

No fim, é bem isso, é um filme sem muita alva, vazio, camuflado entre os elementos necessários executados com o mínimo ou o adequado manejo para que a coisa fique de pé.

Tem elementos bacanas, não dá pra negar, como a personagem Carina, que infelizmente fica meio apagada frente as obrigatórias concessões que o anime efetiva, mas mesmo assim, ela consegue ter alguns momentos interessantes, quebrados por um acelerado desfecho que revela rápido demais a verdade e o clímax da situação.

O filme é longo, ele tenta nos enganar, e consegue, mantém uma tensão e uma atmosfera de apreensão, isso é um lado bem positivo da obra. Quando Zoro, o segundo mais forte do bando, perde para o vilão de modo humilhante, eleva e muito as expectativas do conflito final.

 

 

Infelizmente o resultado em si não empolga muito. Os elementos da luta, a akuma no mi despertada de Tesoro, sua habilidade como lutador, sua motivação meio torta, fica tudo meio bamba, em alguns momentos é legal, em outros, é só mais do mesmo. Nada em relação ao Tesoro se estabelece com a densidade necessária.

Para termos uma ideia, um fato simples, nem sabemos o nome de sua akuma no mi.

Em resumo, o filme é a jornada de turismo, ganância e tolice dos Mugiwara, que se deparam com um chefão extravagante, meio trágico, e seu bando de comparsas, dentre os quais, só a mulher manipuladora da sorte consegue realmente despertar um pouco de empolgação.

O poder de Baccarat, a Raki Raki no Mi, é muito divertido, e o ponto alto das batalhas é certamente ela contra o Usopp, pena que não elaboraram mais esse grande conflito, certamente, mesmo com poucos minutos de elaboração, ele já rouba e muito a cena.

 

 

No caso do poder de Gild Tesoro, nada contra o como ele o usa, um gigante dourado, ou mesmo a sua livre manipulação de tudo o que compõe a cidade, a qual é feita exatamente para ser seu território. Ele deveria ser invencível nesse lugar.

A fraqueza do poder de Tesoro é coerente, mas como Luffy, Franky e um dos revolucionários montam o tabuleiro para passar a perna no vilão, ficou um pouco estranho. Novamente, o filme se atropela nos detalhes, e no fim isso prejudica bastante.

Destaco em especial, o personagem Raise Max, o revolucionário estranho que estava na ilha investigando alguma coisa que não entendi muito bem, mas mesmo assim, foi um personagem que ganhou a cena, e foi muito divertido.

A condução de todos os elementos secundários do filme, como a CP0, ou mesmo os tenryuubito que estavam por ali no cassino, marinha e revolucionários, tudo foi muito bagunçado, só aparições para agradar os fãs, sem peso quase nenhum na história. Tá que sim, tudo estava conectado com o Tesoro e sua importância como provedor e cachorro do governo e da nobreza.

 

 

O eixo principal da história que foi conduzido por Carina, e a conquista dela em efetivar o seu objetivo, isso sim foi bacana, mesmo que essa linha tenha sido obrigada a se dissolver no enredo shonen de lutinhas e o resgate de Zoro.

Novamente os Mugiwara ficaram um pouco em segundo plano na história, sendo Tesoro e Carina, mais centrais em grande parte dos eventos do filme, e isso poderia ser mais interessante, mas o filme, ao contrário do anterior, One Piece Z, resolveu por não desenvolver o vilão de modo trágico e com intensidade total, ou mesmo real interesse em lhe dar destaque, ao contrário, o simplificaram o máximo que conseguiram.

Bem, o resultado final não deixa de ser até interessante, algumas boas lutas, alguma diversão, mas nada muito relevante em termos gerais, o que é uma pena. O filme se esforça em demasia em ser um produto de consumo, e esquece que poderia ser algo mais.

 

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