Lily arrasa em sua performance improvisada

Bom dia!

Começou com o tradicional briefing que as garotas do Franchouchou têm com seu produtor na masmorra da mansão: quando Koutarou entrou, era Lily quem estava no parlatório. E já com um plano em mente, que tratou de expor às colegas.

Sua ideia foi inscrever-se no “Japanese Got Performance”, versão Zombieland anime da franquia real Got Talent, que não tem versão japonesa (mas tem uma Asia’s Got Talent que inclui vários países do sul e sudeste da Ásia), está em sua terceira versão em Portugal (Aqui Há Talento, Portugal Tem Talento, e o atual Got Talent Portugal), e no Brasil teve uma única edição fracassada na TV Record chamada Got Talent Brasil.

Todas a apoiaram. O Koutarou não conseguiu sequer abrir a boca.

E uma vez no programa, apesar das manipulações e da boa atuação de seu adversário Light Oozora, um artista-mirim como ela foi quando viva, Lily arrebentou na apresentação final, improvisando canto e dança baseados na mesma música que ele havia acabado de apresentar (e que ela já pretendia cantar).

Mas o episódio no geral pareceu estranho.

 

O Koutarou imitar um saltador-do-lodo foi a coisa menos estranha do episódio

 

O rakugo e a performance de canto e dança da Lily foram claramente superiores ao malabarismo e ao canto do Light, mas mesmo assim ele venceu.

Ok, ele venceu porque narrativamente ele tinha que vencer. Não é do escopo de Zombieland ir além de Saga, como Lily iria caso passasse para a final. Mas então que o anime pelo menos fizesse ele parecer digno da vitória!

Ele não ganhou e ele sabe que ele não ganhou e todo mundo sabe que ele não ganhou. Aposto que até os juízes que votaram nele sabem que ele não ganhou. Foi ridículo, não fez o menor sentido.

Mas isso nem foi o pior.

 

No final ainda coube à Lily confortar Light, o vencedor imerecido

 

A Lily foi confortar o babaquinha que havia se trancado no banheiro, muito triste que estava por ter vencido depois de ser humilhado pela performance vastamente superior da garota do Franchouchou.

Porque lógico que ela foi. Era obrigação dela. Em que mundo não é obrigação do perdedor consolar o vencedor, afinal?

Light é o típico artista duas caras que mantém uma fachada pública, meticulosamente elaborada para aumentar sua fama, e outra privada, a verdadeira, que é só uma boca e um par de olhos em um saco de bosta senciente.

Como manda o clichê, quando ele fica suficientemente confiante não teme exibir sua face privada para adversários ou outras pessoas a quem normalmente exibiria a face pública.

E ele fez isso com a Lily antes da performance final. Talvez por já ter sido alertada pela Sakura, a Lily não se abalou com isso, mas identificou algumas das coisas que ele disse com ansiedades que ela tinha quando viva e famosa, e isso sim mexeu com ela.

 

Lily fica abalada quando Light fala sobre artistas-mirins que têm medo de crescer

 

E não teve consequência nenhuma para ele.

Tudo bem, ele é uma criança e eu acho que seria exagero tratá-lo de forma muito dura, mas não gostei da moleza com a qual ele escapou da responsabilidade pelos seus atos – aliás, esqueça escapar: ele foi premiado por ser um babaca manipulador.

Tudo isso junto e considerado, o episódio claramente teve uma “mensagem”. E qual seria ela?

Light escolheu sacrificar o presente para viver o futuro. Todas as suas ações eram calculadas e ele não estava realmente se divertindo ou se sentindo realizado com o que fazia, era tudo em nome de um futuro distante quando ele não mais seria criança.

Por isso ele ficou tão frustrado quando se sentiu artisticamente derrotado.

 

Nem Light acha que mereceu ganhar

 

Lily, por sua vez, quando viva teria sacrificado o futuro em nome de um presente eterno, o que claramente era impossível e se traduziu na morte abrupta da personagem.

Só que ela não escolheu nada. Se você lembra, e eu espero que lembre, do episódio 8 da primeira temporada, Lily sofria disforia de gênero.

O problema dela não era crescer, embora esse fosse parte do problema também já que a autoestima dela estava muito ligada à sua imagem de pequenina a fofa. O maior problema dela era se tornar um homem, e um hiper-masculino como seu pai.

É um pouco desconfortável ver aquela questão séria da primeira temporada reduzida à infantilidade na segunda. Ou é uma coisa ou é outra.

 

Quando viva, a perspectiva de crescer e ficar cada vez mais masculina era aterradora para Lily

 

Ou estava certo o oitavo episódio da primeira temporada que retratou a Lily como uma garota em corpo de garoto ansiosa com o começo da puberdade, ou está certo esse quinto episódio da segunda temporada que a retrata como um artista-mirim com complexo de Peter Pan. As duas coisas não dá.

E eu fico com a primeira temporada, por favor, muito obrigado.

De positivo, a própria Lily no final reafirma sua intenção de continuar brilhando para sempre. Light entende isso como uma declaração de que ela não vai desistir e vai continuar, mesmo envelhecendo.

O que ela realmente quis dizer é que como zumbi ela não vai envelhecer e vai continuar para sempre jovem e bela e feminina, como ela gostava de ser quando viva, junto com suas colegas do Franchouchou.

É mais uma referência sinistra dessa segunda temporada ao fato de que elas estão mortas e congeladas no tempo para sempre na forma em que estão. E, mais sinistro ainda, talvez nem essa nova vida seja para sempre, se a preocupação com prazo limite do Koutarou no primeiro episódio tinha algum significado mais profundo.

 

A performance de Lily tem influência viral na internet e nas ruas de Saga

 

Eu sei que escrevi muita coisa dura nesse artigo, mas não é como se não tivesse gostado do episódio. Gostei bastante. Adoro a Lily e ela foi o máximo o episódio inteiro. Ela pode não ter conseguido ir à final em Tóquio, mas conseguiu conquistar corações e mentes em Saga.

É só que algumas coisas importantes foram estranhas mesmo.

 

Comentários