Finalmente a outra santa aparece com o destaque que merecia, num episódio muito bom e que revela coisas interessantes, não só acerca da moça e a sua situação, como também das circunstâncias do Príncipe Kyle, que lhe acompanha como um cão de guarda e parece ser um pouco mais do que sua primeira impressão nos passou.

Já ansiávamos para conhecer a Aira, até porque assim como já dissemos antes, querendo ou não ela também é uma invocada e uma deuteragonista da história – então ela tem sua importância. O episódio no geral é competente em nos fazer criar empatia pelo drama da menina, e a mesma é uma pessoa doce e agradável, então não é muito difícil gostar dela e querer ver como supera as dificuldades.

É interessante como ela é o polo inverso da Sei em vários aspectos, pois enquanto a protagonista é uma adulta madura, segura de si e comunicativa, a segunda é inocente, tímida e insegura. Muito disso provavelmente vem da origem dela, já que a mesma é filha única de pais que a tratam como sua princesinha, guardada em uma redoma.

Uma vez que a Aira tem uma personalidade mais contida e vem de um ritmo de vida totalmente diferente, isso mudou muito a sua experiência inicial se comparada a companheira. Como se não fosse suficiente, ela tem o príncipe como seu protetor e creio que aqui está um dos problemas para de fato conseguir avançar com seus próprios pés.

Primeiramente lembremos que mediante a vida confortável e super protetora que sempre teve, ela nunca precisou lutar por nada, ou pior ainda, seus pais e demais pessoas próximas, nunca lhe ensinaram ou incentivaram a ser firme e trilhar nada por si, o que a deixa tão incerta quanto ao que fazer, como expressar suas opiniões e desejos.

Completando isso, curiosamente Kyle acaba tendo um papel meio que duplo nesse processo, pois ao passo em que ele a ajuda no novo mundo e a faz se desenvolver, o rapaz também atrapalha. O que mais incomoda é que essa “atrapalhação” é parte de seu eu problemático, pois grossamente falando, se ele fosse menos orgulhoso e mais humilde, tudo teria se resolvido para ele e sua protegida.

Eu e o Flávio temos uma opinião complicada sobre o personagem, porque conseguimos enxergar alguém responsável e que de fato quer ser um bom líder para seu reino – itens valiosos para sua posição. No entanto a questão dele, envolve outras qualidades e aprendizados que ele não tem e que sinceramente não sabemos se desenvolverá tão rápido.

Acreditamos que é louvável a forma como busca fazer a Aira se sentir bem e pela convivência entre ambos, se percebe que ele de fato criou um vínculo genuíno com ela, até mesmo por reconhecer o mal que fez, ao tirá-la de uma vida tranquila em que era feliz e tinha tudo – sem certeza de lhe devolver isso.

Por sinal é nesse momento que percebemos como ele é humano – e não um idiota completo -, sendo capaz de reconhecer seus erros e falhas com precisão, o problema é que mesmo ciente de tudo isso, ele não parece inclinado a mudar outras coisas por conta de seu orgulho y otras cositas más.

O reino visivelmente não o suporta e não condenamos ninguém ali, levando em conta que ele não busca conquistar as pessoas e nas suas palavras, ele não se rebaixa a quem é “menor” que ele . Como alguém assim pretende liderar todo um povo, compreendendo as várias necessidades e diferenças sociais que ele tem?

O anime ainda tenta limpar a imagem dele apontando isso como parte de seu trabalho, mas achamos que isso não se sustenta, a partir do momento em que o Rei Siegfried – e aparentemente o irmão mais novo -, sabe se posicionar frente a qualquer indivíduo, consequentemente sendo respeitado e admirado pela sua conduta.

Ademais, se ele é tão bom e preparado quanto quis parecer, porque não recepcionou as duas santas igualmente, ou uma vez que percebeu seu erro, não voltou logo atrás e deu a outra o seu pedido de desculpas e um tratamento decente? Bom, nós – e o próprio Kyle – respondemos mais uma vez, o orgulho, a personalidade difícil e a imaturidade dele não permitem esse nível de evolução.

Estamos querendo dizer que com isso ele é uma pessoa sem salvação? De jeito nenhum, pois como já dissemos, ele mostrou que é humano, tem seus pontos positivos e se reconhece suas falhas, pode mudar sim, basta querer – e achamos que eventualmente com a ajuda da Aira e dos demais, isso pode acontecer.

Voltando a menina, ela encontrou suas dificuldades, mas por não ter certeza de como se posicionar, encarar as coisas e as pessoas, se colocou numa posição de vulnerabilidade que a deixa desconfortável e não inteiramente feliz em Salutania.

Outro ponto marcante é que ninguém de fato percebe o que a moça sente e quer, todos tiram suas conclusões e agem baseados nas poucas reações que ela demonstra, sem realmente questionar seus sentimentos.

A confusão com as meninas por exemplo, é uma prova disso, pois diferente da Sei que explicou sua questão cultural, ela não conseguiu dialogar e quando chegou perto com a abertura criada pela Liz, aparece o Kyle para barrar quem poderia tirá-la de sua prisão interna – numa cena que até quebrou um pouco o que ele estava construindo de bom.

Esperamos que de algum modo ela consiga se aproximar da Liz e chegar na Sei, até porque a vontade de ganhar amigas ela já demonstrou, só falta a garra para não se deixar frustrar por ninguém, porque esse pode ser o primeiro passo vitorioso para que ela finalmente possa lutar por si mesma.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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