I’m Standing on a Million Lives 2 – ep 5 – Ambos vilões, ambos vítimas
Dessa vez eu até consegui comprar a ideia que o anime já vinha tentando passar sutilmente, de que os orcs também são um lado que valia a pena ser “ouvido” na história. Por quê? Porque traçar um paralelo foi possível, eles não foram apenas seres monstruosos e cruéis como pareciam a princípio e, assim como os humanos, foram vítimas sem deixar de ser vilões, agentes de uma violência avalizada pela ignorância.
Mas antes de falar mais dos orcs, primeiro queria dizer que o título desse episódio e o trecho cômico que lhe justifica até me divertiram. mesmo ele tendo sido mais dramático que os anteriores. Aliás, a própria ideia de comprar um livro sobre orcs e ficar zoando é meio sem noção, mas o tipo de tirada cômico que dá para a gente esperar do anime. O que não esperava é o vilão por trás das cortinas, mas eu que não estava atento.
Porque, pensa aqui comigo, não faz mais sentido os orcs aparecerem por intermédio de alguém que sozinhos? Além disso, não sei mesmo como orcs se reproduzem (quem fertiliza a rainha, se isso é preciso), mas ficou claro que a rainha é a chave de tudo e que foi quando ela desembarcou na ilha que o problema começou. Por que orcs dominariam uma ilha isolada com mais problemas do que riquezas, e não só por ter gente nela?
Porque alguém assim ordenou, e não sei se é a mesma pessoa que fazia serviço de espionagem para os orcs, acho que não, mas com certeza é alguém poderoso (domina um dragão) que tem interesse na ilha. Aliás, se havia um dragão dentro do vulcão, será que lá dentro também há um tesouro? Dragões são sempre associados a tesouros, né? Só não sei porque roubar a energia vital da galera contribuiria para o desejo do vilão.
Que eu não sei qual é, devo estar perdendo alguma coisa. O fato é que o Yotsuya mais uma vez teve papel importante para a resolução da quest, ainda que ela não tenha acabado. Ele faz o que precisa fazer, quer reflita sobre ou não, mas curto ainda mais quando o herói se aproxima do que a história está tentando trabalhar, seja sutilmente ou não, como o Yotsuya fez ao refletir sobre si, mas também sobre o que estava fazendo.
Enfim, gostei da pegada de surfista guerreira da Iu, da ajudona que a Yuka e a Kusue deram, mas o ponto alto desse episódio com certeza foi o serviço sujo que o Yotsuya teve que fazer e como ele notou o problema em seus atos, até a hipocrisia contida neles. Se os orcs agissem apenas pela selvageria seria uma coisa, mas não, eles também foram vítimas de circunstâncias negativas para eles, e o mesmo vale para os moradores.
Sendo assim, como julgar que um tenha tentando se defender e defender os seus? Não dá. E sei que como seres humanos somos impelidos a concordar e aceitar atitudes de personagens humanos mais facilmente que as de personagens não humanos, mas não dá mesmo para fazer isso aqui, pois, ainda que eu tenho achado a contextualização da situação da rainha passível de melhora, é inegável que ela mostrou o “outro lado”.
Quer a gente goste ou não, mas os orcs não foram tão diferentes dos humanos nesse arco. Inclusive, aquele que está por trás dessa “guerra cível”, não parece humano? Para a gente ver que se duvidar somos piores que os orcs, afinal, na sociedade deles há um princípio de coletividade centralizado na figura da rainha (não à toa o objetivo principal dos orcs era proteger a fêmea, a futura rainha) que não existe com os humanos.
Sociedade essa que até pode agir como um organismo único, mas não necessita exatamente disso para “prosperar”. Aliás, o que foi a contestação anterior senão um exemplo disso? Não estou aqui querendo desprezar os humanos nem nada assim, só constatar o óbvio, que ser menos inteligente e mais instintivo pode até ser ruim, mas comporta uma genuinidade que não pode ser desprezada.
Por fim, os questionamentos do Yotsuya realmente foram ótimos e espero que sejam aproveitados em momento oportuno. Após a queda dos orcs restantes o que sobrou foi um vilão que consegue usar um dragão para roubar energia vital e uma ilha que talvez afunde ou se torne inabitada para seus moradores. Como os heróis lidarão com o fim da missão, que comportou mais adversidades do que o esperado? Veremos!
Até a próxima!