Peach Boy Riverside – ep 6 – Nem uma, nem outra

Frau e Atla eram de uma party? Da party que derrotou o Rei Demônio? Haha. É clichê que chama? Mas sério, não vai me incomodar se for isso mesmo, afinal, justificaria a heroína ser imortal, o que é muita apelação, né? O legal é que só agora fica bem claro o clichê, as heroínas são mais fortes que o herói (me refiro ao Hawthorn), exceto se tiver uma surpresa na continuação do episódio três que pelo visto a gente não vai ver tão cedo…
Você gostou do socão da Sally? Eu gostei. Era até previsível que ela faria algo assim e posso estar sendo muito criterioso para falar bem, mas foi só impressão minha ou Peach Boy quis ir além das palavras e declarar intenções através de ações? Porque a Sally poderia desmentir a impressão negativa que a Carrot estava alimentando dela, mas ela não fez isso, nem pediu desculpas, ela mostrou o que sentia com o punho.
Além disso, me pareceu que elas não chegaram a uma sintonia perfeita, mas que se entenderam tendo a Frau como esse fio conector, afinal, uma conheceu a Frau antes, a outra se identifica mais por também não ser humana, ambas querem o bem da amiga e levam para o pessoal tudo que se refere a ela. “O amido do meu amigo é meu amigo”, não tem essa? Então sim, consegui entender e gostar do trecho da Sally e da Carrot.
Carrot que se assume não como uma ogra e nem como uma humana, mas como um meio-termo, ou melhor, uma terceira via. Seria Carrot não-binária? Okay, não acho que seja o caso, mas o paralelo é possível. Aliás, o paralelo é super palpável, pois ainda que a identidade de ogra dela tenha sido tomada a força, é fato que cada vez mais se distancia dela com o quanto mais convive com a Frau, a Sally e o Hawthorn.
Ao mesmo tempo, ela também não se alinha a raça humana em um aspecto mais amplo, ainda que nutra simpatia por um ou outro humano, como acontece com os humanos da sua party. De tal forma, não tem como ela fincar um pé em nenhum dos dois solos, o máximo que ela pode fazer é admitir que está em cima do muro e que é possível tanto agir como ogra em alguns aspectos, quanto agir como humana em outros.
Em meio a isso temos o rito de passagem do vampiro, que pincela um pouquinho mais da relação da Frau com a Millia, mas não revela o todo. Disso eu gostei, acho que pode ser informado em outro momento, com ainda mais intimidade e afinidade entre ela e seus companheiros, que vão fortalecendo esses laços com esse tipo de experiência, mas claramente ainda não estão no estágio de confiar os grandes segredos.
Na segunda parte do episódio o que vimos foram as circunstâncias em que a Millia e o Mikoto se conheceram, como o cachorro realmente não está em uma posição de inferioridade hierárquica em relação ao Mikoto (afinal, ele é meio que um “fiscal” do poder que o herói herdou) e que este recebeu seu poder de outra pessoa. Talvez até por isso o nome dele seja mais temido do que me pareceu possível pela idade dele? Faz sentido, né?
Em todo caso, o Mikoto foi o menos relevante dessa parte, a Millia que foi o grande destaque, e eu diria que algo além dela, o paralelo que dá para fazer entre ela e a Carrot, afinal, ambas tiveram suas identidades como ogras violentadas (ainda que em circunstâncias diferentes) e precisaram abraçar essa identidade não-binária a fim de sobreviver e manter as relações peculiares que construíram com seres de outras raças.
Elas realmente se parecem, né? Inclusive, essa contextualização de como se encontraram e se tornaram parceiras de viagem torna menos aleatória a “experiência” que o Mikoto faz na Carrot, pois se pensarmos bem, a Millia fez em si o que ele fez na Carrot, né? Por “coincidência”, ela acabou se tornando parceira da Sally, aquela com a qual não dá para traçar um paralelo, mas evidenciar um contraste, mesmo os dois andando com (ex-)ogras.
Quanto a cena dela renunciando a sua ogridade (sua “humanidade” de ogra), gostei bastante dela, pois foi a melhor leitura possível da situação que uma pessoa inteligente poderia fazer naquele momento. Além disso, colocou o Mikoto em cheque, afinal, depois disso como ele poderia matá-la? Não supus essa situação mais sensível quando ele fez o “experimento” com a Carrot porque me faltava informação. Por quê? Cronologia, né…
Por fim, não queria tocar no assunto porque acho um saco, mas ficou claro como esse arco de dois episódios se passa antes do episódio três, que o quarto é o verdadeiro primeiro episódio da série e que os dois primeiros são o segundo e o terceiro. O problema é que há três episódios para cada um desses dois momentos e que vai ficar ainda mais bagunçado até o final. Felizmente, pelo menos está bom, né? Seguimos nessa confusão.
Até a próxima!