Com o prazo apertando todo mundo, as protagonistas e os amigos precisam descobrir como impulsionar o aquário, mas as vezes para descobrir o que é necessário fazer, precisa se entender o que é importante, e o anime começa a construir nos outros o significado que essa jornada pelo salvamento do Gama Gama pode ter.

Flávio: O prazo é curto, mas o aquário pode esperar um pouco, enquanto os personagens são desenvolvidos.

JG: Eu gosto desses dois episódios porque eles acabam dando um significado muito maior a questão do aquário, por desenvolver os outros personagens em cima dele.

O Gama Gama não fica como especial apenas para a Kukuru, ele é importante para a Fuuka que encontrou um lugar para se refazer, e agora vemos como é importante para o Kuuya e até para a Udon, que conseguiu dar forma ao seu sonho graças ao desafio que os amigos lhe proporcionaram para ajudar no lugar.

Eu consegui perceber nesses dois episódios que de fato o aquário é um lugar mágico que se conecta a todos.

Flávio: Mágico não somente no sentido literal, também no sentido figurado. A união para manter o aquário funcionando serve de catalisador para os personagens amadurecerem. E por falar em magia, o lado sobrenatural não deu as caras nesses últimos dois episódios.

JG: Exato, ele literalmente une e impulsiona todos os que de alguma forma se permitem ali dentro, como vimos na veterinária, no velhinho que sempre visita em busca de “rever” o irmão, e as próprias protagonistas.

O episódio 6 em especial, é para mim uma mostra de que a Udon é quem “faz tudo”, afinal é graças a sua boa amizade que todo mundo consegue realizar algo e dessa vez não foi diferente. Ela com certeza foi a grande salvadora da pátria e que inclusive já conquistou resultados, melhorando os números do Gama Gama – ainda que passe longe do que precisam.

Destaco também o empenho da Fuuka que de fato está entregue ao seu projeto de apoiar o sonho da sua amiga e veio com ótimas ideias, mostrando como ela vem gradualmente evoluindo em relação a si mesma.

Flávio: A Udon é mais que uma figura divertida. Ela é criativa, esforçada e estudiosa, mas faltava algo para tirá-la da zona de conforto. A mesma estava satisfeita com vida que tem. Vale destacar que a mãe dela a ajudou quando ela estava com bloqueio criativo.

JG: O caso dela é curioso porque embora almejasse ter o próprio negócio, é como você colocou, ela chegou num ponto em que se acomodou com as coisas que já sabia e com o que pensava que era suficiente pra seguir em frente.

A mãe soube notar o erro da filha para tentar instruir a menina, que apesar de não entender no começo o que ela queria dizer com aquele prato doido, pegou o embalo depois que a Kukuru lhe propôs criar um novo lanche para oferecerem no aquário.

Para ela aquele desafio foi importante, porque quando ela mesma não se conformou com seus resultados, entendeu que quando se almeja e gosta muito de algo que faz, todo esforço sempre é pouco, você quer dar mais e precisa se testar para superar os próprios limites.

Flávio: A Udon transformou algo, que embora gostoso, é meio sem graça, em algo chamativo, principalmente para o público infantil.

JG: É bem legal ver como ela finalmente pegou o gatilho da coisa e absorveu sua lição sobre sonhos e vida profissional.

Do outro lado temos outras como a Kukuru, que ainda está pegando o feeling de como ser uma boa administradora, enquanto lida com suas frustrações e a aflição de perder o que é mais importante para ela – o momento em que ela encontra os pais através da magia do aquário, deixa claro essa conexão. Inclusive o fato de ela não ter o entendimento completo da situação, é o que faz o avô se mover, antes que ela se machuque ainda mais.

Flávio: A Kukuru está tão focada no trabalho que esqueceu que descanso também é importante. A situação do aquário é delicada, mas os personagens não são de ferro, afinal, eles não irão encontrar a solução se estiverem cansados e/ ou estressados.

JG: E para além de toda essa questão, ainda tem a problemática da Kukuru e do Kuuya precisarem de mais tempo para si, se apartando um pouco do trabalho, pois embora amem o lugar, eles precisam entender que o mundo é mais do que aquilo – principalmente com a corda no pescoço.

No caso da Kukuru isso é um pouco mais complicado, porque o Kuuya embora carregue um fardo difícil, consegue entender um pouco melhor os problemas, talvez por ser mais adulto que sua companheira. Ela por sua vez está muito cega e obstinada, no que esse descanso veio a calhar, mesmo tendo as preocupações flutuando por ali.

Flávio: Os dois são parecidos, aliás até mencionam isso no episódio, apesar da personalidade serem distintas. Ambos são personagens que não se importam com outras coisas que não sejam o aquário.

JG: Exatamente, a única diferença no caso seria a motivação, pois enquanto a garota parece ter criado um vínculo familiar com o local, o Kuuya vem de um sentimento próximo ao da Fuuka, o de fuga.

Por sinal gostei bastante do fundo que deram ao personagem, porque essa inclusive era uma curiosidade minha, entender de onde vinha essa questão com garotas e finalmente descobrimos que não era coisa pouca.

Depois de ter sido vítima de gente idiota, era natural que ele perdesse a confiança no sexo oposto – e nos adultos também -, mas foi no Gama Gama que ele encontrou refúgio, ou melhor, no avô da Kukuru.

Flávio: Não era somente uma timidez excessiva, mas algo muito mais sério. O Gama Gama não é somente um abrigo para os animais marinhos, mas para algumas criaturas terrestres também.

JG: É irônico, mas algo que gostei – embora tivesse curiosidade pelo ocorrido -, é que não focaram em ficar gastando o episódio mostrando o sofrimento do Kuuya na época do colégio.

Bem verdade que isso teria um peso dramático, mas pessoalmente eu acho que Aquatope tem o seu jeito de lidar com os pequenos dramas que apresenta, além do que, no geral o anime tem uma aura muito solar, então acho que é bom preservar esse elemento.

Flávio: Sim, um flashback poderia ter um impacto dramático maior. Tenho a impressão que mesmo com o trauma, ele não guarde mágoas passadas. Aliás, a salvação do aquário é importante para que o personagem continue seguindo em frente.

JG: Engraçado que saindo do lado fragilizado para o lado que o Gama Gama salvou, o Kuuya também tem uma qualidade que eu desconhecia, que é o lado competitivo, pois no embate com o pequeno Rui, ele deixou claro que não importa o desafio, ele não quer ficar para trás.

No caso da corrida, ele não ganharia nada vencendo, mas o menino sim e mesmo assim fez o coitado perder, frente a sua pretendente. Na mente dele era bom o adversário aprender a lidar com os fracassos, mas no fim ele ajudou bem mais, já que a Maho foi recíproca ao esforço dele.

Flávio: No final tudo acabou bem. Gostei do Kuuya ter levado a sério a disputa, pois é bom para o pequeno Rui aprender que as derrotas fazem parte da vida. Obviamente, seria romântico ele triunfar diante da amada, mas não teria nenhum valor se o Kuuya deixasse o garoto vencer.

JG: Acho que a participação das crianças nesse episódio foi bem divertida, especialmente porque ambas tinham rivais como o Kuuya, ou desafetos como a Kukuru. Para o Kai, a irmã problemática pode até ser um obstáculo, pois como se não bastasse a própria cegueira da protagonista, a garota ainda espezinha como pode a cunhada em potencial – ainda que não pareça desgostar da mesma.

No mais, esses dois episódios continuam mantendo a leveza do enredo e aproveitaram para trazer um pouco mais de profundidade aos personagens secundários, que são igualmente importantes para que o objetivo final se cumpra. Que venha o próximo para desenvolver os que ainda não tiveram a chance de brilhar.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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