A Sally não sabia de seus poderes até a contarem, o que encaixa com a atitude diferente dela entre o episódio um e o anterior, culpa da cronologia zoada do anime? Culpa dela. Sério, isso tem me incomodado todo episódio, ainda que eu admita gostar da sensação de entender o desenvolvimento de aspecto x ou y apenas depois de ver acontecendo. De toda forma, foi outro bom episódio, ainda que não tanto quanto o anterior.

O Hawthorn ficou chocado (como esperado), mas nem tanto, compreensível para um homem feito como ele e que deu a entender não ter família na cidade. Sua situação psicológica depois de um baque tremendo como o que sofreu não foi explorada a fundo, mas creio ter sido o suficiente a fim de favorecer o início da formação de laços de amizade entre ele e suas companheiras de grupo, adequado para o quarto episódio na cronologia.

Além disso, posso estar me confundindo, mas o nome da Carrot já não era esse quando ela apareceu pela primeira vez? Se não, ela não tinha nome e só agora descobrimos como ganhou um. Eu já tinha uma ideia de que poderia ser isso (afinal, carrot = cenoura), mas nessa confusão de episódio x ser y por ordem cronológica esqueci desse detalhe. Um detalhe fofinho e que complementa o que começou com o Hawthorn, o estreitamento dos laços entre eles.

Paralelo a isso vimos a Sally hesitando, algo compreensível depois do acontecido no reino devastado e a pindaíba em que o grupo se encontrava. Gosto da Sally como heroína principal da história por ela partir em uma jornada ainda que sem motivo definido, demonstrando espírito aventureiro genuíno, o que acho bem razoável de acordo com sua caracterização, de alguém que foi criada sem preconceitos, com a mente aberta de verdade.

Sendo assim, curti bastante a decisão em que ela chegou, ainda mais pela maturidade demonstrada, afinal, ela sacou rapidinho que não teria como promover igualdade definitiva por onde passasse, o máximo que poderia fazer é lutar por isso combatendo a injustiça quando visse uma, criando um ambiente propício a aceitação, e inóspito ao preconceito, em seu grupo e ao seu redor. Um objetivo idealista, mas nem tanto.

Do outro lado dessa equação temos Mikoto, com o qual ela se reencontrou pela primeira vez nesse episódio, o quarto se a cronologia não fosse zoada, e trocou uma ideia bem bacana, pois, apesar da reação aparentemente edgy do herói, o que ele fala não parece tão de acordo. Mas a verdade é que as coisas não necessariamente se chocam, ele pode muito bem ser um doido vingativo e ter ciência de seus preconceitos.

Aliás, ele ser assim não significa preconceito somente, tanto que me parece bem indicado o quanto há de experiência pessoal negativa com ogros em seu ódio, possivelmente envolvendo seu tutor, aquele que lhe serviu o nome e provavelmente o deu seus poderes. Mikoto não é um vingativo intransigente, mas também não é bondoso como a Sally. Espero até o fim do anime entender melhor porque ele é assim.

Culpo mais a caracterização da obra por seus momentos de prota “edgy” que o roteiro em si, que não transparece essa faceta monstruosa dele como suas caras e bocas dão a entender em alguns momentos. Aí acho que faltou bom senso, mas ao mesmo tempo não vou encucar com isso, com essa tentativa de atrair o público desse tipo de história, de heróis mais “extremistas”, coisa que ele até é, mas não sem o mínimo de contexto para tal.

Ao menos é isso que me parece, diferente de algo sobre o qual tenho certeza, que foi a bela sacada em sua saída pela tangente. Diferente de quanto ele partiu e a Sally pedia para ir com ele, dessa vez ele partiu com ela o chamando para viajar com ele, uma diferença que não parece grande, mas que poderia, acho até que deveria, “prejudicar” as convicções do personagem em seu próprio caminho, afinal, ele entraria na jornada “dela”.

Por isso essa cena e a noção dele de que estava fugindo de ser tomado de assalto pelas ambições da amiga foi algo tão bacana, mais uma vez demonstrando o quão maduro esse personagem consegue ser, ainda que eu ache seu ódio extremo um pouco dissonante, o que pode se dever a falta de aprofundamento sobre um passado que o respalde. Sem precisar desse respaldo, achei super razoável a Carrot dar uma de “espiã”.

Isso bem entre aspas porque, sério, em nenhum episódio que vimos até aqui ela agiu realmente como uma. Além disso, mais para frente (no arco correspondente ao terceiro, quinto e sexto episódios) tudo o que vemos é uma personagem bem distante do papel de espiã que deseja retomar sua identidade de outrora. Não me preocupo com uma possível “traição” da Carrot, pois sei que no final ela seguirá ao lado de seus companheiros.

Por fim, esse é o arco da bruxa e esse foi o verdadeiro quarto episódio, dentro dele (ainda se não na sequência) veremos a Millia sendo derrotada pela Sally e o desenvolvimento correspondente ao estágio em que encontramos esses personagens no quinto episódio. Gostei de ter entendido melhor a Sally em seu momento de hesitação e decisão, assim como de ter visto o leve estreitamento de laços do grupo que parte em sua primeira missão.

Até a próxima!

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