My Villain Academia estreou e confesso estar um pouco dividido sobre o que achei do início do arco, pois se por um lado tenho a convicção de que ele foi jogado para o momento certo (o segundo cour da temporada), por outro temo pela adaptação, já que só seis episódios dificilmente darão conta de adaptar tão bem a história. É só impressão minha ou os 19 episódios anteriores poderiam ter sido 13 ou 14? Enfim, vamo nessa?

Gigantomachia é um titã, um gigante, um cachorrinho fiel do All for One e um desafio para o Shigaraki e seus parças, é o arco de treinamento que seria obviamente cortado (não que no mangá ele exista), afinal, é de um arco de vilões que estamos falando; precisamos de objetividade e agressividade, elementos que espero para os próximos episódios, pois sinto que pelo menos o segundo deixou um pouco a desejar nesse.

Quem não deixou a desejar foi o mad scientist aliado do AFO, que não só parece muito com o médico que desestimulou o Deku a se tornar um herói, como é ele. Isso foi uma brincadeirinha do Kouhei, afinal, naquela época quem era o Deku na fila do pão? Duvido muito que ele tenha mentido para o protagonista, já não duvido nada que um dia os dois cruzem caminhos, só não entendo tal figura atender como pediatra…

Será uma pista de experimentos em crianças? Para quem já trabalhou com adolescentes e adultos (afinal, o AFO é o pai e ele a mãe dos Nomus) não dá para duvidar de nada. Em todo caso, o importante é a boa-vontade dele com o herdeiro do crime e o desafio que ele propôs, algo que pode parecer meio contraproducente, mas a verdade é que se alinha perfeitamente a personalidade e o modus operandi do “mãozinha”.

Shigaraki quer fazer por onde merecer suas conquistas e para tanto mantém um certo nível de moral até incomum para um vilão de battle shounen, mas que talvez se justifique em suas origens, afinal, nós sabemos que ele é neto da Nana Shimura, que o AFO matou ela (se não me engano foi isso mesmo, não?) e que as memórias que ele tem devem ser falsas Se não completamente, pelo menos em parte, né?

É isso ou estou me confundindo? Se você souber, por favor, responda. O importante é que o passado do Shigaraki dá margem a “flutuações” na forma de aproveitar o personagem. Não que ele deixará de ser um vilão para se tornar um herói, é só que ele também é vítima do sistema (aliás, é justamente por isso que tenta quebrá-lo) e conta com a boa-vontade do All Might e do Deku para entender a barra que ele passou.

Acho que é até por isso que é legal ver ele se empolgando em seu caminho para se tornar o inimigo público numero um no lugar de seu mestre, pela perspectiva de possivelmente vermos ele entrando em parafuso ao descobrir que as coisas não são bem como ele imagina. É fato que ele não foi ajudado por uma mão amiga de herói antes do AFO adotá-lo, mas também é fato que ele foi manipulado pelo vilão para sucedê-lo.

Aparentemente, pois do AFO dá para esperar até coisa pior. Diferente do Re-Destro, que é sim um vilão perigoso, mas devoto de uma causa que vai além dele, que engloba centenas de milhares de pessoas, muito poder e influência, o suficiente para esmagar a pobre Liga dos Vilões. O que a gente sabe que não vai acontecer, mas que não vai acontecer muito pela sacada do Shigaraki em matar dois coelhos com uma cajadada só.

E é aqui que introduzo meu tópico de maior descontentamento com o início e o que deve ser esse arco. Acho que faltou peso a algumas cenas, principalmente as que envolviam as caras e bocas do Shigaraki, não liguei tanto para uma ou outra censurazinha ou um reencaixe de cenas, mas a OP e a ED não fazem jus ao arco. Inclusive, elas subaproveitaram o potencial de MVA para trabalhar coisas novas de formas mais interessantes.

Arcos focados em vilões (ou histórias de vilões em si) não são exatamente novidade, mas são oportunidades de contar a mesma história só que explorando novas perspectivas e desenvolvendo melhor personagens e ideias contrárias ao pré-estabelecido como certo. Essa veia crítica, capaz de apontar a hipocrisia e relativizar as benfeitorias dos mocinhos, não tem o mesmo peso se a roupagem se limitar ao logo e mais tempo de tela.

Nesse aspecto a direção deu uma baita bola fora, pois My Villain Academia merecia mais, merecia uma OP e uma ED exclusivas (não que já não soubesse que isso não rolaria), mais tempo de tela para os vilões e não só isso, mais tempo de tela com qualidade, com apreço aos detalhes de forma e os preciosismos de enredo que dariam vazão ao que de bom o desenvolvimento do Shigaraki e seus parças poderia trazer a mais a obra.

Não que já não seja irado um arco de vilões, e melhor, um arco em que vilões vão se enfrentar, mas poderia mais, principalmente se o primeiro arco dessa quinta temporada não tivesse sido tão esticado e não tivessem enrolado tanto para chegar até aqui. Faltou culhões ao comité de produção do anime, faltou coragem para jogar a história em um cinza bem mais profundo do que apenas torcermos pelo vilão, o Sr. Mãozinha.

Até a próxima!

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