My Hero Academia 5 – ep 23 – A Origem do Mal: Parte 1
Que episódio do caralho, hein? Tenho no máximo uma ou outra ressalva a fazer, mas no geral curti bastante o passado do Shigaraki e como, mesmo achando que o pai contribuiu mais que todos os outros para a tragédia, ainda assim, não consigo achar alguém para botar a culpa. Foi uma soma de fatores, todos infelizes, que levaram o mãozinha a se tornar o que ele é, um vilão, o porta bandeira do mal no Japão.
Mas antes de chegar no mãozinha, falemos do lagartixa, o pouco útil Spinner, que teve um tempinho de tela nesse episódio para entendermos como ele pensa, mas, na boa, não agregou muito ao que já conhecíamos do personagem. No máximo agora eu sei que ele está firme na União e que quer ajudar o chefe. Mas como fará isso? Aliás, ele fará isso ainda nesse arco? No que um fracote como ele pode mesmo ajudar?
Deixando ele de lado, outro que não é fracote, mas com certeza não é tão forte quanto imagina, é o Re-Destro, o vilão do mundo moderno, que se fortalece com o estresse. Eu daria uma surra no All Might usando o mindinho se tivesse esse poder… O máximo que o Re-Destro faz é soltar uma bola de poder que sequer é capaz de derrotar o Shigaraki. Aliás, que ideia foi aquela de segurar nas mãos do vilão?
É sério, o Re-Destro é muito obtuso, ele não viu os comparsas do Shigaraki superando seus limites um a um? Ele nunca leu um mangá para saber que no final o “herói” sempre aparece mais forte e surpreende o “vilão”? Pior é que o Re-Destro está agindo como um vilão pelas coisas que está fazendo e que o Shigaraki é só um mal extirpando outro, mas para nós ele é o protagonista do arco, então…
Em todo caso, o que vale nota não é a sola que o Gigantomachia deve dar no Re-Destro e sim o Shigaraki em seu surto que o levou a recobrar as memórias da infância, que pelo menos pelo retrato que tivemos são só amargas, mas não teria como ser diferente, né? Não deve ser fácil querer ser o que seu pai mais detesta, ainda mais quando envolve um trauma tão pesado e pessoal como o abandono de uma mãe.
E aí vemos a “leve” diferença entre o passado triste de um herói e o passado triste de um vilão, afinal, no do herói com certeza não seria ele o assassino da família, ainda que eu sempre goste de frisar que a criança é mais vítima que qualquer outra coisa. Vítima de um pai intransigente, do “azar” por esse pai ser complexado, do azar pela mãe e os avôs terem relevado só uma vez, quando uma vez foi o suficiente para ele…
Para ele estourar, e com isso ter sua individualidade perigosa deflagrada sem querer, em uma sucessão de equívocos que não teria como acabar a não ser em tragédia. E nem falo da irmã porque, repito, não culpo uma criança por nada nesse tipo de situação, até pela boa intenção com a qual a irmã do Tenko bisbilhotou as coisas do pai e encontrou a foto dele com a avó. Aliás, nem a Nana eu culpo. Tem como fazer isso?
Se a gente pensar que ela lutava contra o All For One é de se entender que tenha preferido se afastar da família, esconder que tinha uma. O foda é a cicatriz psicológica que isso criou no filho, fazendo dele a pessoa intransigente capaz de brigar com uma criança por seu desejo infantil e até ser violento. Sim, isso tudo ocorreu devido ao abandono infantil, mas entre abandonar e pôr uma vida humana em risco, havia mesmo escolha?
Além disso, o pai teve décadas para procurar ajuda (que falta não faz uma boa terapia, né?), chegando até a constituir uma nova família sem se livrar das cicatrizes deixadas pela primeira. E nesse contexto levanto também a questão dos avôs e da mãe, que não interferiram com as ordens severos do patriarca da família, mas, como bem vimos em uma breve cena, também não apoiavam a violência dele e não apoiariam se seguisse.
Não sejamos hipócritas, pais batem em seus filhos (não todos, não sempre), e por mais que eu ache isso errado, não consigo ver como os avôs, a mãe ou o pai poderiam ter litado com a situação de maneira diferente. Aliás, o pai não só poderia, como deveria, mas não o fez, e se tem alguém a quem mais posso culpar nessa situação é ele. Contudo, não acho também que dê para dizer que a culpa é só dele, não mesmo.
O que ocorreu foi uma soma de fatores trágicos que levaram ao despertar de uma individualidade extremamente destrutiva em um momento de grande instabilidade psicológica de uma criança pequena. A coisa foi tão bizarra que vimos a mãe se esfarelando enquanto seguia em direção ao filho a fim de abraça-lo, para protegê-lo do mal que ele próprio causava, mas mal entendia, incendiado pela raiva decorrente da violência do pai.
Ao mesmo tempo questiono a reação dele, que com sua mente intransigente e sua visão cega pelo ressentimento, teria como ser diferente? Eu não estou aqui querendo passar pano não, é o contrário. O pai tem culpa no cartório, muita, mas em algum grau, em algum momento, também existiu uma vítima nele, uma vítima de circunstâncias que iam além de sua compreensão, que deram muita razão a raiva do filho…
Uma raiva que o próprio pai havia sentido da mãe quando criança. E tudo isso enquanto a heroína enfrentava um inimigo que veio a se tornar o benfeitor do neto. Pela situação fica claro que o AFO não teve envolvimento na tragédia do Shigaraki, no máximo se aproveitou de algo que provocou indiretamente. O AFO deu uma sorte de vilão que raramente vemos um vilão dando. Uma sorte que o Shigaraki dará? Será?
Por fim, só sei da sorte que demos ao ver esse arco (mais exatamente esse trecho de origem do mãozinha) animado. Foi um episódio realmente excelente, no máximo acho que ele poderia ter tido seu clímax ainda mais dramatizado e que o Spinner tirou tempo do passado do Tenko sem aparente necessidade, mas isso são detalhes menores. O mais importante estava lá, a compreensão da tragédia que deu origem a um mal maior.
Até a próxima!