É interessante que nesse episódio por um breve momento os escolhidos foram separados de seus digimons. Eles trilharam todo o caminho até aqui juntos e juntos devem ir até o fim. Assim como lembrar da própria jornada e de todos aqueles que eles encontraram nela ser algo fundamental. Esse episódio fez isso, separou para depois unir, olhou para trás para então poder olhar adiante.

Ainda que esse futuro não pareça nada agradável. Um cenário apocalíptico que coloca em risco todo um mundo. E esse cruel destino torna necessário que se foque não apenas no que, mas em quem corre perigo.

Isso porque um mundo não é apenas um amontoado de matéria distribuída em determinado espaço e num determinado tempo. Um mundo é vivo, um mundo pulsa como as artérias de um braço. E o anime acertou em nos lembrar desse fato logo em seu início.

Gosto da ideia do anime de mostrar os vários digimons que os escolhidos encontraram ao longo de sua aventura. Mas usar de uma tela que surge sem motivo algum na frente deles é uma forma bastante preguiçosa de fazer com que eles tomem contato. Sim, pode ser interpretado que aquele é o digimundo tentando os ajudar nesse momento sombrio.

Mas não, dá a impressão de ser mais a caneta do roteirista e apenas ela. Contudo, isso é só um detalhe, tipo de coisa que em ficção só deve ser exaltada quando prejudica aquilo que é realmente importante na obra ou quando ocorrer em demasia. E de fato, eu destaco esse tipo de defeito apenas para ressaltar que não são grande coisa.

Esse episódio inteiro fez em certo sentido uso deles. A captura dos escolhidos, a separação entre eles e seus digimons, o monólogo explicativo do Algomon e o próprio ritmo do episódio são grandes exemplos. Ainda que sem dúvidas essa lista pareça se classificar na ideia de “ocorrer em demasia”. Agora, se é ou não você pode decidir por si mesmo.

Pegue uma régua ou uma trena e saia medindo quantos metros esses defeitos totalizam. O ponto é que eles têm um motivo para existirem e esse motivo funciona. Seja as importantes revelações do Algomon sobre a história ou até a escolha do ritmo do episódio que está mais ligado com a produção do anime do que com o seu conteúdo.

Mas é inegável que mesmo uma ideia feita apenas para nos enrolar pode ser bastante agradável se bem executada. Nesse caso diria que ao menos foi bastante funcional. Inclusive a cena de ação do final, até ela funcionou.

E digo isso porque ela é bem ruim em dois sentidos. No fato do vilão ser apenas uma marionete sem graça, como também nas cenas propriamente ditas. E aqui é que entra o grande problema da sequência: a animação. Ela estava terrível, ao ponto de ser quase um desastre.

Digo isso porque toda a cena é grandiosa, tanto o que ocorre nela, os vários digimons envolvidos e até o fato do anime estar em seu ápice narrativo. Então temos algo de muito grandioso contrastando com uma animação tão ruim que diminui e muito o valor e o impacto da sequência final.

Porém, ainda assim ela funcionou. A cena de fato não foi ruim, o que é muito impressionante. Por incrível que pareça essa cena que tinha tudo para ser horrível funciona. E o que a salva é a trilha-sonora maravilhosa do anime e tão somente ela.

O anime antigo já tinha uma trilha incrível e o reboot não fez feio. A trilha é tão boa que mesmo com a animação fazendo todos os esforços para acabar com a cena graças a sua trilha ela ainda consegue ter uma força dramática considerável.

E além disso tem o fato de que esse episódio não é o penúltimo episódio! Se o fosse daí sim seria um grande problema. Mas como não é ele se mostra até como algo positivo tendo em vista as limitações do estúdio. Ver um episódio ignorado nos dá a esperança de que o foco total ficou nos dois últimos. Gostei de saber que teremos um episódio a mais, coisa que de fato a história merece.

Sim, o episódio presente foi bastante limitado em vários sentidos, mas pelo menos o anime se livrou de várias explicações e diálogos que poderiam tomar muito tempo de tela. Agora os esforços podem se concentrar em fazer o melhor fim para esse anime, porque é exatamente isso que ele merece.

De verdade, espero que essa aventura possa ter um fim tão bom quanto foi a própria jornada. Até mais.

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