Às vezes me pego questionando como alguém pode casar com um parceiro ou uma parceira sem escrúpulos, mas aí eu esqueço que fica tudo em casa quando você também é uma pessoa escrota. É o caso do chefe de polícia e sua esposa, vamos falar de suas mortes agora?

Antes de mais nada, sério que o cara é chefe de polícia e mora em uma mansão na cobertura? Difícil de acreditar. Será que é herança de família de um dos dois? Enfim, não sou investigador para me importar com esses detalhes, só quero construir o perfil das “vítimas” da vez.

Elas, aliás, morreram de forma “divertida” se pensarmos que o marido, que prometeu proteger a esposa, foi quem atirou nela, e ele tomou uma espadada bem dada da Elle, que não duvido que pouparia a mulher caso ela colaborasse mais e demonstrasse algum remorso. Não foi o caso.

Mas antes de ir a fundo nas mortes e no que as sucedeu, pergunto, é sério que o casal mantinha uma foto da caça às bonecas as vistas dentro de casa? Não foi um elemento visual muito forçado para nos lembrar do que não tínhamos como esquecer, que eles tinham culpa no cartório?

Além disso, qual foi a utilidade da cena do Marlowe com o J? Nos adiantar, antevendo a exploração da relação no futuro, que eles se conheciam? Mas não podia ter sido mais interessante? Não teve nada nela. No máximo, e com muita boa vontade, me fez pensar em uma coisa.

O J tentou esconder da Elle que ela era uma replicante a fim de protegê-la? Ele é conhecido de longa data de um Blade Runner, então já deve ter cruzado caminho com replicantes. Talvez ele tenha se envolvido demais com um? Talvez não queria cometer os mesmos erros do passado?

Pode ser algo assim, diria até que deve, visto que Black Lotus está sendo razoavelmente fácil de prever. Mesmo as mortes dos personagens nesse episódio foram bem clichês, com seus tons trágicos, mas também uma situação de refém clássica, que em si pouco ou nada agregou a trama.

Acho que o único aspecto em que a conversa “agregou” foi na exposição do que o chefe de polícia e sua esposa pensavam dos replicantes. Mas aquilo era algo que qualquer pessoa sensata esperaria, não tem para onde fugir, é claro que pensariam assim ou não teriam feito o que fizeram.

Ainda mais dentro de um contexto no qual os replicantes não têm direitos civis reconhecidos, são meras mercadorias sob o ponto de vista da lei, e com sorte não da ética. Enfim, o caso é que eles foram cruéis e deveriam ser processados por isso, mas será que seriam execrados socialmente?

Mas é claro que a Elle não está nem aí para a justiça dos homens, ela está fazendo a própria “justiça”, que na verdade até agora tem sido apenas vingança sem muita reflexão, apesar de uma sugestão a isso ter sido feita no final desse episódio, quando ela escapa das garras do Marlowe.

Inclusive, diria que a luta deles “pagou o ingresso”, pois agitou mais as coisas devido a sua ótima coreografia de ação (elogio que faço todo episódio, já ficou repetitivo), mas também ao seu nível de tensão e a enrascada em que a Elle se meteria caso não fosse a heroína da história.

No fim, a Elle ter sobrevivido a queda se agarrando aos fios foi marmelada, sorte de protagonista, mas dou um desconto pela reflexão que fez sobre seus sentimentos, o que queria ver sendo mais explorado na trama até a fim de tornar o que ela está fazendo mais que uma mera vingança.

Até a próxima!

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