Dessa vez não tivemos luta, mas vimos o desenvolvimento de algo bem pertinente a trama, que diz respeito ao protagonista, Shin, e por tabela o resto do mundo, afinal, Shin é a lâmina que está perdendo seu fio e precisa reencontrá-lo a fim de salvar a humanidade de seus fantasmas.

Entre todos os amigos do Shin, o Riden é o único que vejo sendo capaz de colocá-lo contra a parede e tecer críticas tão fortes como as que ele teceu nesse episódio. Merecidas? Sim. Mas a gente tem que ver o lado do Shin também e é o que eu vou tentar fazer ao longo deste artigo.

Por que o Shin está se colocando constantemente em perigo como se quisesse morrer? Aliás, como se quisesse não, ele quer. Porque ele perdeu as esperanças de não chegar ao fim de sua jornada sozinho. E qual foi o gatilho que deflagrou isso nele? A separação da Lena? É, é por aí sim.

Tudo bem que, como os outros bem apontaram, o comportamento suicida dele vem de antes da notícia da queda de San Magnolia, mas se nós pensarmos que aquele altura a perspectiva para o país já era a vitória da Legion, é de se entender que ele achasse que acabaria ficando sozinho.

E não é nem por ser a Lena exatamente, é mais por perder novamente alguém que lutou ao seu lado. De certa forma suas ações são uma prova do quanto ele se importa com seus amigos, além de que não podemos esquecer, o Shin é um filho “indesejado”, ele viveu sob esse estigma.

Se misturadas as duas coisas, e o ciclo infindável de batalhas pelas quais ele passou, a equação se fecha, o que ficou claro na conversa dele com a Frederica no final desse episódio. Mas antes de chegar nela, alguns detalhes, ainda que de menor relevância, merecem a minha atenção.

A quebra cômica veio praticamente após a cena de tensão entre os dois amigos, mas nesse caso em específico não acho que foi abrupta, pelo contrário, foi bastante adequada visto como não abandonou questões delicadas, apenas nos ofertou perspectivas mais amenas sobre elas.

Como sempre, a Frederica se meteu na conversa e proveu uma análise precisa da Kurena, em um momento no qual ela mesma se solta um pouco mais e é sincera sobre seus sentimentos, misturando coisas que parecem distantes, mas na verdade, e dada a situação do grupo, não são.

Eles estão em território inimigo, em uma operação de vida ou morte com péssimas perspectivas, então não é incomum que se agarrem a coisas que queiram fazer antes de um palpável fim fatídico ou construam novos objetivos, como o de ver o mar, para se agarrar a vida que ainda têm.

E sabe o que foi o mais legal nesse trecho e em todo esse episódio, como, mesmo sem batalhas, a trama se equilibrou bem entre momentos mais movimentados e momentos de deleite, onde se pôde observar paisagens, a amplitude do cenário em detalhes e até a passagem do tempo.

Por esse aspecto elogio a direção, pois souber disfarçar os problemas de produção que têm forçado sucessivos adiamentos de episódios, sendo o último o mais difícil de engolir deles. Os episódios 22 e 23, que finalizam a temporada, só sairão em março, como a Crunchyroll noticiou aqui.

Mesmo nos episódios anteriores não vi grandes deméritos técnicos, o que é digno de elogio por um lado e reclamação por outro, afinal, a produção do anime foi uma bagunça tremenda, e mesmo que esse episódio já fosse para ser calmo, ele foi meticulosamente ainda mais assim.

Enfim, deixando isso de lado, não acho que esses problemas de produção atrapalharam exatamente no roteiro, que continua muito bem nesse segundo cour, mas é fato que o primeiro beirou o irretocável com seu final que se fechava em si. Expandir uma trama sempre é um desafio.

E ao mesmo tempo em que o roteiro acerta ao apostar em plots paralelos, nas semelhanças entre a situação da Frederica e do Shin, eu fico pensando se essa abordagem já não está meio repetitiva. Vamos ver como vai acabar essa temporada, se essa questão será superada ou não.

Eu acho que tudo depende de uma personagem e de um elemento, da Lena e da sobrevivência de San Magnolia, principalmente dos Eighty-Six que lá lutavam. Shin precisa se sentir conectado a algo maior que ele, do qual faça parte, para deixar de ser um lobo solitário, um herói trágico.

Isso deve acontecer, mas só veremos em março. Em todo caso, isso não tem nada a ver com a qualidade desse episódio, que foi excelente pelo desenvolvimento da questão do Shin. Ele quer morrer, não lhe anima mais nem seu objetivo emprestado, só a Lena pode salvar o nosso herói.

Até a próxima!

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