Quando Spy x Family virou Hunter x Hunter? As cenas do Loid percebendo que havia um teste dentro do teste me lembraram muito o anime, mas claro que isso não foi o mais importante no episódio dessa semana e sim o que a entrevista apontou sobre os Forger.

Diferente dos outros episódios em que sempre surgiam personagens caricatos e/ou situações um tanto quanto absurdas, aqui até teve exagero na sequência dos animais fujões, mas os personagens caricatos acabaram funcionando melhor, principalmente o inspetor viciado em elegância.

Foi bem engraçado ver em vários momentos a expectativa ruim dele sendo quebrada, muito porque isso funciona dado o que conhecemos dos personagens e do que eles podem fazer, mas também porque trouxe a dinâmica da escola de maneira mais divertida (finalmente).

Inclusive, a sacada do teste do menino, problema que foi resolvido com uma nova muda de roupas, denotou muito da importância da missão e do nível de preparação do Loid para ela. O que pega é que as coisas não dependiam só dele para dar certo, para o bem e para o mal.

Mas, por exemplo, a Yor respondeu bem da forma dela, que foi atacar os pontos de pressão do boi e pará-lo, e o mesmo vale para a Anya, que em sua inocência demonstrou doçura ao afagar o animal. Mesmo sem querer as qualidades dos personagens trouxeram essa “elegância” à tona.

Porém, o mais importante, e até um pouco inesperado, certamente foi uma frase forte do Loid que fazia todo sentido dentro do contexto. “O teste é minha última preocupação no momento!” Para ele falar isso então sua preocupação com a condição da Anya era real.

E o melhor disso é que eles, Loid e Yor, passaram o episódio todo dizendo a si mesmos que o foco era em seus objetivos pessoais, mas agiam de maneira a não transparecer exatamente isso ao colocar o bem-estar uns dos outros, principalmente da Anya, em primeiro lugar.

Na verdade, talvez tenha sido essa naturalidade inusitada que mais tenha atraído o inspetor, pois ela é genuinamente bela, assim como me pareceu genuinamente um gesto de preocupação essa frase que o Loid solta, que corresponde aos seus valores, mesmo que não a missão.

Obviamente nós precisávamos ver isso em primeira mão, ver essa preocupação toda sendo posta a prova, e nada melhor que fazer isso em meio a entrevista, a qual pode até ter contado com figuras caricatas do lado de quem analisava, mas isso sem acessar o absurdo.

Digo, não é estranho haver entre os três um parente de alguém, alguém mais centrado e um outro mais peculiar; ainda mais quando os perfis diferentes se complementam, mesmo que não concordem em tudo. Nisso Spy x Family foi até realista, se pensarmos bem.

Enfim, é claro que o Loid faria seu dever de casa e que isso facilitaria as coisa, mas não quando o babaca entre os três resolve atracar gratuitamente, aí a coisa penderia para o emocional em um cenário no qual há preocupação entre os integrantes da família. E havia.

Ver o Loid, que conhece a Yor há dias, se incomodando com as críticas a ela me lembrou uma experiência pessoal, como eu me incomodava (e ainda me incomodo, admito) quando alguém fala, por exemplo, mal do meu pai. E isso mesmo se eu souber que estão falando a verdade.

Por que isso acontece? Eu não sei, mas penso que tenha a ver com isso que a gente costuma chamar de família. é como se nós pudéssemos até nós criticar entre nós e nos magoar, mas não admitíssemos uma agressão a “um dos nossos”. Talvez esse seja um sinal de amor.

Amar é levar para o pessoal, e ainda que eu tenha achado maravilhosa a cena do Loid quebrando a mesa de raiva pelo que o sacana faz com a Anya, não nego que me surpreendi (e positivamente) por em tão pouco tempo o envolvimento entre as partes já estar tão grande.

E não é algo só do Loid, mas da Yor também, afinal, ela também demonstrou hostilidade as palavras desferidas contra a filha. Filha essa que errou várias vezes a pronúncia das palavras (o que foi muito fofo, por sinal), mas falou perfeitamente quando teve que avaliar os pais.

Isso significa o quê? Que os sentimentos da Anya são verdadeiros e não teria como ser diferente. Não sei o trauma que a fez chorar ao ouvir sobre a mãe biológica, mas sei que essa família “artificial” e o caminho para fechar essa ferida. E ela vai passar, sem mistérios quanto a isso.

Por fim, o inspetor até entrega uma reflexão pertinente sobre ensino e dá o socão que o Loid desviou, mas é inegável que o Twilight está mudando cada vez mais, ele está aprendendo a lidar com o imponderável e a se apoiar na única coisa que sempre estará lá para ele: sua família.

Spy x Family segue ótimo e esse episódio foi especificamente bom pelo quanto mais coloriu essa família muito unida e também muito ouriçada.

Até a próxima!

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