takt op.Destiny – ep 8 – Dentro e fora dos planos
Eu entendi errado ou nesse episódio, em que aconteceram coisas dentro e fora dos planos dos personagens, o Takt aplicou poder em si para dar umas porradas no Felix? Foi uma demonstração de impetuosidade inusitada que iniciou bem os trabalhos nesse belo episódio de takt op.Destiny.
Antes de mais nada, o Takt já estava bem mal, então a luta com a Inferno não ter durado muito fez todo sentido, o interessante dessa situação foi a Destino recuar ao primeiro sinal de incapacidade de seu Conductor, reforçando a caracterização mais complexa da personagem.
Se antes a Destino seguiria a batalha sem pensar no entorno, agora ela age por instinto, mas não o instinto de exterminar os D2s e sim proteger a vida de seu amigo. Sim, pois é isso o que o Takt está sendo para ela agora, ainda que, o que não será surpresa alguma, possa virar algo a mais.
E nisso a direção foi excelente, pois mostrou nos mínimos detalhes a preocupação da heroína com o herói. Sua tensão diante dos machucados dele, sua dedicação aos cuidados e, principalmente, o apego com a ideia de mantê-lo vivo e, na medida do possível, bem. Ela fez o que pôde.
Em uma trama menos séria, coisa que takt op.Destiny não tenta ser faz muito, ela teria ficado envergonhada simplesmente por ter a ideia de dar água na boca dele usando a própria, mas não, aqui a coisa foi tratada como deveria, uma medida de emergência, não um beijo romântico.
Mas não imagine que esse simples movimento não possa ser explorado no futuro, até pelo quanto de drama isso acresceria a situação na qual o trio de protagonistas se encontram. Já foi difícil aceitar a Destino, imagina se ela se apaixonar por ele e chegar a hora de dizer adeus, como será?
Deixando essas especulações de lado, uma coisa da qual temos certeza é de que o Felix odeia música e que isso o torna o antagonista ideal ao Takt, ideia que pode parecer sem utilidade devido ao que acontece no fim desse episódio, mas também indicar justamente o contrário.
O caso é que se a história gira em torno da música (ainda que o anime não seja musical de fato), era de se esperar pessoas com aversão a ela, e em maior medida pessoas que apreciam, como é na sociedade. É pitoresco um Conductor odiar música, mas chegar a esse ponto faz sentido.
Só ao escalar degraus na Sinfônica, que regula a situação dos D2s, que ele poderia acabar de vez com a música. Em contrapartida, suspeito que mesmo com o que acontece no final do episódio essa oposição entre ele e o herói ainda possa ser explorada, até por o Takt se manter quem é.
Inclusive, é bem interessante a forma como vemos sua conexão com a música e quem é o catalisador desse sentimento: a Cosette. Sem ela algo se perde dentro dele, ao mesmo tempo em que ao lado da Destino ele vai recuperando esse sentimento, vai percebendo a sua preponderância.
Acaba que a Cosette e a Destino desempenham uma função parecida para com o Takt, ainda que com estágios distintos de intimidade entre eles. Tanto que é por isso que era tão importante ele, e também a Anna, reconhecerem a Destino enquanto indivíduo como fizeram nesse episódio.
E falando especificamente da cena em que ele diz o nome dela, que tom bonito ela teve. Ainda tenho ressalvas com takt, mas especificamente quando se trata da Destino e do desenvolvimento dela sinto que a coisa está realmente caminhando bem, de forma surpreendente até.
E quase que por osmose o Takt melhora com isso, pois é ao lado dessa heroína cada vez mais sincera, cada vez mais gentil, que ele se dá conta de coisas que não teria capacidade de perceber sozinho, levando em consideração também a situação extrema na qual ambos se encontram.
Ouvir que alguém quer ouvir sua música era tudo de que o Takt precisava, uma motivação mais genuína até que a vingança se pensarmos que música é sua paixão, e não exatamente a família. E sabe o que é ainda mais interessante sobre isso? A heroína da música se apaixonar por ela.
Antes a Destino protegia a música ao exterminar os D2s e só isso, ela não tinha uma questão pessoal atrelada ao seu ofício como tem agora, coisa que o Takt sempre teve, tanto que pode ser um pouco por isso também que ele está sendo “consumido” cada vez mais, por esse propósito.
Quanto a isso só posso especular, como só posso especular o motivo do Lenny ter deixado os holofotes para o Takt. Talvez porque ele sabe da aversão do Felix pela música e de como os dois são diametralmente opostos? Aliás, também podemos dizer que Musicarts são como Stands, né?
Essa dinâmica não me agrada e acho que isso nunca vai mudar, ainda que eu deva admitir que a qualidade da animação em uma anime de ação nunca deva ser motivo de descontentamento. Quanto a ela não tenho ressalvas, só a forma como essa ação é explorada dentro do conceito.
E eis que chegamos ao ponto alto desse episódio, o descarte do Felix por desobedecer ordens superiores, que se deu em uma cena para lá de interessante não só por confirmar a lealdade da Inferno (a sua contraparte e a Sinfônica, não ao Felix), como por expor o verdadeiro vilão.
O Lenny questiona as ordens do Felix e nisso fica subentendido que o problema da Sinfônica não era com o manejo dos D2S que o vilão fazia e sim com a sua aproximação do Takt. Por quê? Porque o protagonista pode se provar uma pedra no sapato nos planos da organização? É, isso aí.
Essa perspectiva é bem mais interessante que um vilão caricato que se revela de vez no início da segunda metade do anime. Não que o Felix não possa voltar, talvez até melhor, mas a treta é maior que ele, assim como o Takt tem mais com o que se preocupar do que sua composição.
O herói está sendo consumido ao se transformar em Conductor e cada vez mais esse processo parece sem volta. Como ele conseguirá deter o avanço disso enquanto protege a música que tanto ama? Isso sem falar na questão da Destino e da Cosette, um dilema sem resposta certa.
Se a Cosette voltar a Destino desaparecerá? Sequer é possível que a Cosette volte? Se não, eles conseguirão lidar com isso e aceitar de vez a Destino como um indivíduo completamente novo e diferente? O Takt e a Anne deram o primeiro passo para isso, quais serão os próximos?
Até a próxima!