Juro que pensava que o Lugh daria um jeito de salvar a Dia de um pedido de assassinato real, mas não, a verdade é que o pedido de assassinato era um pedido de socorro e que, sinceramente, isso fez muito mais sentido do que qualquer outra justificativa que poderiam ter arranjado.

Antes de mais nada, se a mãe do Lugh é uma Viekone e a Dia é prima dele, então ela é prima ou tia em algum grau da heroína, portanto, mesmo que não fizesse parte da família principal, é difícil de imaginar que ela não tenha laços estreitos pela genética, evidente nos cabelos.

Sendo assim, o que o pai traz as claras faz ainda mais sentido. O Barão costurou uma situação para que ele pudesse se casar com sua amada, e ele, a fim de mantê-la segura e tê-la ao seu lado, agiu por motivações pessoais e não políticas pela primeira e única vez enquanto profissional.

É disso que o Lugh falava quando dizia não queria ser apenas uma ferramenta, pois, no fim das contas, os Tuatha Dé ainda são ferramentas da nobreza, mas quando convém não, eles podem tanto pensar e agir por razões pessoais, pondo em risco o próprio reino, quanto recusar serviços.

O segundo ainda não vimos, mas não duvido que aconteceria. E agora falando das justificativas do Lugh para salvar a Dia, elas eram mais do que óbvias. Acho engraçado ele não refletir sobre essa paixão que diz sentir por ela, mas, honestamente, não acho que seja crucial para aceitá-la.

Deu para entender muito bem que ela não a mataria mesmo se a ordem fosse realmente essa, afinal, indo até a nação vizinha para forjar a morte dela ou matá-la, o risco de expor o seu reino é praticamente o mesmo. Inclusive, se ele falhasse e descobrissem seria um tiro no pé daqueles.

Mas a gente sabe que isso não vai acontecer e que conceitualmente o anime deve encerrar de maneira razoavelmente consistente, com um arco de personagem que se não tiver cativado por uma escrita rebuscada, pelo menos manteve a coerência necessária a fim de passar sua mensagem.

O mesmo ocorre no trecho desse episódio focado na Tarte, que, ainda que não tenha me cativado por suas palavras ou pela roupagem feita pela direção, certamente teve seu brilho. Enquanto a garota fala que é só uma ferramenta do seu senhor, por outro lado ela expressa individualidade.

E é por isso que achei o choro ótimo, ainda que a cena não seja igual em todas as versões, porque, por mais que a gente tenha praticamente a certeza de que o Lugh vai dar amor para todas, a Tarte não sabe disso, para ela aquela despedida foi o enterro do seu amor pelo protagonista.

Ao mesmo tempo em que não posso negar a seriedade de sua reflexão, e o quanto ela é justificável entendendo a situação da personagem no momento em que ela foi inserida na trama e o objetivo que definiu para si. Acho triste ela se aceitar como ferramenta, mas ela não é só isso, né.

Se fosse não teria chorado, mas enterrado seus próprios desejos. Isso não aconteceu, não deve e não vai acontecer; mas claro, não por causa dela e sim pela Maha que está costurando há tempos o harém. Que vai mesmo rolar? Seria um tiro no pé não concretizar o harém alguma hora.

Então sim, tanto ela quanto o Lugh, a própria Maha (que quer reerguer o nome da família enquanto ajuda seu “irmão”) e a Dia (que não aceitou seu destino como moeda de troca) podem ser consideradas ferramentas com vontade própria. Ferramentas só até o ponto em que incomoda.

Isso não significa que a Tarte vai mudar com o Lugh quando ele voltar, mas que externar o incômodo dá a medida de como a ideia conceitual do anime é essa, não apenas aceitar um processo de domínio, mas criticá-lo e/ou apresentar alternativas a ele em algum nível.

Não à toa creio no sucesso do Lugh quanto a deter o herói, mas não exatamente matá-lo, visto que talvez não seja necessário e possa ser a única forma de reforçar essa ideia da ferramenta pensar e achar uma saída que também contemple seus interesses e não só os de quem dá as ordens.

Enfim, falando agora do trecho da deusa de todo episódio, dessa vez nem digo que ele foi útil, mas com certeza foi menos bobinho que os outros, apesar de ter apenas reforçado o óbvio. Quem reencarnou 14 anos antes e está levando a sério matar o herói? Só um, o Lugh.

E isso pode ter parecido jogado no meio do problema com a Dia, mas nem foi se lembrarmos da informação que a Maha recebe no final e do que ela deve indicar sobre o herói. Infelizmente, não vai dar tempo de explorar isso, no máximo será o cliffhanger para uma eventual sequência.

Quanto a estrutura narrativa, com a “party” finalmente reunida o que resta a trama é isso mesmo, focar no assassinato do herói, então vendo a tranquilidade com a qual a questão da Dia deve ser resolvida era até esperado que houvesse uma deixa para isso já nesse episódio.

Pois mesmo que aconteça uma reviravolta, a gente sabe que será contornada, o que não é um problema visto que é quase uma lei universal da ficção, tirando as tragédias. Sendo assim, tudo vai acabar em pizza como todo isekai, mas a gente sempre quer algo assim, o problema é como.

E creio que esse anime fez um trabalho um pouco melhor do que tem acontecido com a maioria dos isekais que se empilham toda temporada. Ainda tenho minhas ressalvas com ele, mas no geral foi um pouco melhor que a média, até porque realmente se preocuparam em fazer sentido.

Não o tempo todo, não em tudo, mas no que realmente importava que era a intenção por trás da reencarnação do protagonista em outro mundo, seu recomeço. Recomeçar para fazer igual não dá, então o certo é buscar evoluir em algum aspecto e foi isso que o Lugh fez.

Por fim, o episódio foi bom principalmente pela forma como a coisa foi colocada pelo pai e como o que era o assassinato da heroína virou algo muito mais plausível, que não foi lançado na trama só para causar. O resto foi o Lugh mitando ou a Tarte sendo fofa, nada novo sob o sol.

Com quem o Lugh vai batalhar no próximo episódio? Ou o título na prévia foi só um bait como, de certa forma, foi o desse? Veremos!

Até a próxima!

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