Tsuki to Laika to Nosferatu – ep 10 – Áster
Onde ir em um encontro de dois cosmonautas? Ver um filme sobre a viagem à lua. Meio óbvio, né, mas vendo as reações da Irina ao cinema penso que foi a melhor saída possível para que os dois pombinhos, ou melhor dizendo, amigos, pudessem se divertir juntos.
E não teve só isso, teve piquenique também, eles só fizeram programa de casalzinho. Aliás, eles formam um bom casal? Eu acho que sim, e mesmo que o anime acabe com os dois não ficando juntos nesse sentido, não é nada anormal pensar neles como um casal e vou dizer o porquê.
Antes de mais nada, 50% do que é preciso para me cativar em uma personagem o anime faz com excelência no caso da Irina, que são as caras e bocas dela, o contraste entre o que diz e o que expressa, o que humaniza (ou vampiriza?) uma personagem muito, mas muito afável.
Os outros 50% é roteiro, e ele é ótimo. Outro acerto da produção é o clima das cenas intimistas, criado com ajuda da trilha sonora, do cenário e dos diálogos entre os personagens. Tudo nesse encontro dos dois teve cara de encontro de casal. Inclusive, a vontade de “sugar” e ser “sugado”.
Eu sei, colocando dessa forma fica estranho, mas foi exatamente isso o que aconteceu. Eu acredito em uma possibilidade de desenvolvimento romântico entre os dois por tudo que foi mostrado até agora e que justifica a intimidade que demonstram ao desejar o “ato do sangue”.
Não é exatamente a mesma coisa, mas a gente pode relacionar chupar o sangue com o beijo. Sendo assim, o Lev queria ser beijado, queria ser consumido, pela Irina, enquanto sem trocar palavras ela entendeu e queria beijá-lo, queria consumi-lo, tomá-lo para si pelo tanto que gosta dele.
Essa foi a melhor cena do episódio por toda sua simbologia, mas também pelo atestado de querer bem que ela significa. Veja que eu não estou querendo cravar aqui que é romântico, mas se você pensar que é, esse talvez tenha sido o momento que mais respalda essa ideia.
Infelizmente, tivemos direito a ônibus metido e uma despedida amarga, que não jogou fura tudo que aconteceu até ali, mas com certeza minou os ânimos da audiência. Nem preciso comentar que só acabou ali e daquela forma pela gentileza da Irina em se preocupar com o Lev, né?
É claro que ele poderia ter insistido, mas também tem aquilo, vai saber qual seria a reação do Mikhail e como isso poderia ter atrapalhado o Lev em seu objetivo, o qual, aliás, foi definido para ele após um suspense razoavelmente bobo, ainda que justificável pela importância do feito.
Para o próprio Lev ele não vai ser o primeiro cosmonauta a conquistar o espaço, mas que orgulho tanto ele, quanto a Irina não vão sentir se ele for o segundo? Por “coincidência” tem a cena dos seguranças fortões, que só faziam mesmo seu trabalho, e uma “proximidade” fajuta dos dois.
Isso acontece com uma desculpa válida, a da “propaganda” em torno dos futuros heróis da pátria, mas me faz lembrar de outros detalhes do anime que não me parecem muito sólidos. Como a Irina passeava livremente tanto em Laika44, quanto em Sangrad, sendo quem é?
Isso não parece incoerente dada a importância que os próprios militares dão a ela? Irina essa que é tratada de forma um tanto estranha, diria eu conveniente, pois pode haver uma saída ao seu descarte iminente. Ela só é útil até que um humano faça o mesmo que ela fez.
E não é deliciosamente cruel, ainda que invariavelmente previsível, que seja justamente o Lev o humano responsável por seu “descarte”? Agora, se a secretária resolver aproveitá-la de outra forma, isso vai se perder um pouco, como, aliás, parece ter se perdido a “vingança” da heroína.
Não que ela não demonstre mais descontentamento com os métodos do exército, ela fez isso esse episódio, é só que a resistência poderia ser maior. Ao mesmo tempo, também entendo sua viagem ao espaço como uma vitória consolidada em cima da ignorância e arrogância humana.
Além disso, não podemos deixar de dar crédito ao Lev, o cara que quer ir ao espaço, mas não consegue sequer meter um caô na hora em que perguntam porque ele deveria ser o escolhido, o que, aliás, não teve justificativa exata. Escolheram ele por ter feito o que ele fez com a Irina?
Porque, convenhamos, o Mikhail é; tanto em personalidade, quanto em fisionomia; muito mais a cara do típico herói russo. Em todo caso, o importante é que o anime escreveu certo por linhas tortas e o Lev será Áster para a Irina, sempre orando pelo bem daquela cujos passos quer seguir.
Até a próxima!
P.S.: Foi por essas conveniências e simplismos do roteiro que não dei uma nota maior ao episódio. A primeira parte foi sensacional, exceto pelo finalzinho, já a segunda propôs uma situação interessante, mas previsível, e trouxe com ela problemas. Vamos ver como o anime vai resolvê-los.