[sc:review nota=3]

Esse episódio foi basicamente uma continuação direta do anterior, com as consequências previsíveis consequentemente e previsivelmente acontecendo. Um único artigo provavelmente teria sido o bastante para descrever ambos episódios, mas eu não teria como saber disso semana passada, não é? E não posso ficar sem escrever nada agora. O cerco a Ecbatana imposto pelos lusitanianos foi extremamente bem sucedido, e embora o anime não dê uma boa noção de tempo, a impressão é que a poderosa cidade caiu em poucos dias. Fruto, sem dúvida, não só de um exército mais poderoso e de moral elevada em relação ao inimigo, mas de uma estratégia inteligente que combinou várias ações de cerco. Que de todo modo talvez não tivesse dado resultado tão rápido se os parsianos fossem um pouco mais inteligentes. Foi um episódio mais ou menos interessante para quem se interessa por assuntos militares, mas como a queda da capital já era um dado mesmo antes de acontecer, a história em si passa a impressão de não ter se movido nada no sexto episódio.

O que não é bem verdade: ela se moveu sim, mas muito pouco e muito lentamente. Depois de concluir que o cerco a Ecbatana era poderoso demais e que não havia nada que poderiam fazer, Narsus desiste completamente de ir em socorro à cidade e segura o príncipe e a todos dentro da caverna onde se abrigaram episódio passado. O plano é pacientemente aguardar o retorno de Karlan, e então capturá-lo e interrogá-lo. E isso conclui a participação deles nesse episódio. No outro núcleo, após a queda de Ecbatana duas pessoas que a abertura do anime garante que se unirão a Arslan escapam da cidade separadas e com objetivos diferentes: Gieve é um canalha que só quer fugir dessa confusão toda (e pegar mulheres), enquanto uma mulher misteriosa e ainda não identificada (não vão me dizer que ela é a rainha, vão?) parece ter um objetivo muito mais leal à Pars em mente, embora não fique claro exatamente qual seja ainda. Deve estar indo buscar ajuda de alguém, enfim.

Na Batalha de Atropatene os lusitanianos já haviam demonstrado o quanto são engenhosos. Há alguém muito inteligente planejando as táticas e estratégias deles (será o Silvermask?). No Cerco de Ecbatana não foi diferente. Além de possuírem um exército numeroso e bem equipado com armas de cerco como torres e trabucos, empregaram ainda: guerra psicológica ao mostrarem as cabeças cortadas de vários generais (e no episódio anterior fracassaram ao tentar torturar um general na frente da muralha), guerra de propaganda ao prometerem liberdade e incitarem os escravos a se levantar contra os parsianos, e infiltração quando liderados por Karlan, ex-general parsiano que conhecia as passagens secretas da cidade e por Silvermask entraram com numerosos soldados antes mesmo de conseguirem abrir os portões. E não só empregaram diversas táticas, como o fizeram de forma especialmente astuta. Por exemplo, executaram um feroz ataque contra as muralhas como distração à invasão que começada através da infiltração. Apenas um milagre salvaria Ecbatana.

Mas nem milagres podem salvar quem não faz direito sequer sua mínima obrigação. As forças de defesa estavam na prática sem uma liderança: os generais defendiam a muralha mais ou menos juntos mas sem que um tivesse autoridade sobre o outro, resultando em ações caóticas descoordenadas. Não houve consenso sobre como enfrentar a ameaça que os escravos representavam, e eles acabaram sendo meramente aprisionados, o que se provou um erro quando as forças lusitanianas infiltradas os libertaram. Um general defendia o tratamento duro contra os escravos, outro defendia concessões, e a rainha, a maior autoridade, decidiu não fazer nada. Foi pedido a ela que fizesse um pronunciamento à cidade e particularmente aos escravos, prometendo melhorias em suas condições caso colaborassem na defesa, mas ela se negou sob a alegação de que isso feriria os fundamentos da sociedade parsiana. Me perdoe, sua majestade, mas acredito que as dezenas de milhares de lusitanianos querendo queimar Ecbatana são uma ameaça muito maior à sociedade parsiana. E de mais a mais, não é como se ela fosse obrigada a manter sua palavra para com os escravos. Eu não sou um defensor da mentira tanto quanto não sou defensor da escravidão, mas a considero um mal muito menor, então acho que é apenas coerente que você não se obrigue a ser leal com quem você escraviza. Por outro lado, o general que queria lidar com os escravos de forma violenta pode não ter contado com a minha aprovação, mas ele tinha alguma razão também. Se os escravos não são confiáveis (e não são) e se não se está disposto a fazer nenhuma concessão a eles (e não se está), matá-los teria sido a solução óbvia. Ou isso também iria afetar os fundamentos da sociedade parsiana? Por favor, né.

Mas de longe a pior falha parsiana foi ter deixado os túneis subterrâneos completamente desguarnecidos. Mesmo que não tivessem ouvido rumores da traição de um general parsiano não é como se equipes boas e obstinadas de exploradores nunca fossem encontrar os túneis e caminhos através deles até a cidade. Era apenas questão de tempo. Ter um pequeno número de soldados patrulhando os túneis era simplesmente senso comum. Mesmo assim, eles estavam vazios como se nem existissem. Isso só faria sentido se eles não pudessem ser abertos por fora, o que não era o caso. As muralhas grossas, bem construídas e relativamente bem guarnecidas de Ecbatana não precisaram ser derrubadas e nenhum portão precisou ser arrombado para que a cidade caísse. O que é muito pior, porque significa que agora os lusitanianos possuem uma poderosa fortaleza em território parsiano. Arslan eventualmente irá virar o jogo, isso é inevitável dada a natureza da história, mas ele vai ter uma dificuldade imensa para fazê-lo. Para começar, precisa encontrar pessoas inteligentes em seu reino que o ajudem, e apesar de estarem no meio de uma grande rota comercial esse produto está em falta.

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