[sc:review nota=4]

 

 

Alguém aí além de mim notou a evolução gradativa da importância dos desafios que Souma toma para si? Primeiro eram disputas diárias contra seu pai, em seguida provas escolares corriqueiras e obrigatórias, que logo viraram shokugekis oficiais; depois, um chef formado e a aposta de sua matrícula, além da prova de estar apto a atender diferentes exigências e públicos. Mas isso aqui é um terreno completamente novo: nada de juízes, nem escola, nem notas. Nada de chefes famosos nem da aprovação de colegas de classe. Aqui é briga de rua, com regras próprias, e a recompensa é nada menos do que a sobrevivência do centro comercial onde trabalham seus amigos e conhecidos, e onde fica o seu próprio restaurante aliás. Aqui, perder terá consequências graves e duradouras. E tudo teria sido bem melhor se eu tivesse a impressão de que o garoto tem consciência de tudo isso, e não que está apenas empolgado como sempre.

Souma aproveitou uma brecha no cronograma e a dica do pai para ir ver como estava seu restaurante. Pelo aglomerado de pessoas reagindo ao simples gesto de abrir o local para arejar dá para comprovar a popularidade do Yukiriha – e de seu sous chef, alvo dos suspiros de saudade de Kurase. Conversando com as pessoas da região, o garoto descobre que o lugar perdeu bastante movimento nas últimas semanas, e que lojas tradicionais estão correndo o risco de fechar. A principal razão disso é tão atual quanto cosmopolita: a abertura de um complexo próximo à estação de trem anda roubando clientes. Quem iria ter o trabalho de ir até uma rua comercial atrás de comida quando se tem toda uma rede de lojas ali, atravessando a rua? Ainda mais quando essa rede oferece uma variedade imensamente maior de serviços e produtos, além de um kaarage (tipo de frango frito) absurdamente delicioso? É, faz sentido a crise que a área anda sofrendo, e os comerciantes não estão conseguindo nenhuma ideia boa o bastante para reerguer o lugar. É aí que Souma entra, ou alguém que ele realmente deixaria de interferir no que pudesse. Aliás, creio que o fechamento do Yukihira pouco tempo antes de tal inauguração foi um dos pontos chave para a perda de clientes, por ser um restaurante extremamente popular que não existe mais. Ninguém ali deve ter pensado nisso, mas sim, ele tem sua parcela de culpa. Então, como proceder agora? Sigam a primeira regra de uma disputa, que é conhecer o seu inimigo.

Munido de suas duas assistentes especiais Kurase e Nikumi (sim, o garoto tem mesmo o senso crítico romântico de um protagonista de shounen), Souma ignora a tensão no ar causada pelas garotas e os três vão investigar o tal prato. Como era de se esperar, ele realmente é delicioso, resultado de anos de pesquisa e um grande investimento em marketing. O lugar, chamado Mozuya, está lotado, e nada ali parece estar a favor deles. Souma poderia ter pensado em dezenas de alternativas para aumentar a circulação do centro, mas nãããão. Ele foi peitar a representante da loja de frente e acabou decidindo jogar nos mesmos termos, ou seja, produzir um kaarage que supere o deles. Posso facilmente elaborar uma lista de motivos que levam esta a ser uma péssima ideia, mas vamos ficar simplesmente com o fato de ser um garoto lutando contra uma empresa dentro do território dela. Ok, um garoto que estuda em uma prestigiada escola de culinária e foi treinado pelo pai internacionalmente famoso, mas ainda assim.

 

Amiga de infância com fofa que tem um histórico com o cara  x colega atual peituda que está sempre perto do garoto. FIGHT!

Amiga de infância com fofa que tem um histórico com o cara x colega atual peituda que está sempre perto do garoto. FIGHT!

 

Souma logo se põe a trabalhar, mas percebe que não está indo a lugar nenhum. Pudera, sua colunária ainda é muito imatura comparada a um produto que foi planejado especificamente para ser um sucesso de público. Mudar o molho, a farinha, o tempo de fritura, nada torna o seu kaarage bom que nem o da concorrência. Tive a ligueira impressão de que só aí que eu notei que o garoto realmente entendeu o que perder significava ali, mas pode ser coisa minha. As dicas de Nikumi não estavam ajudando, mas os três notaram que a rua em frente ao restaurante estava povoada por estudantes, mesmo em época de férias. Isso trouxe uma ideia a Souma, mas eu não vou contar qual é, claro. Só dou meu braço a torcer dizendo que sim, foi uma ideia muito boa. Mas só dá pra saber o quão boa era a longo prazo, mas falemos disso no próximo artigo.

Antes de encerrar, uma observação: A Elite dos Dez está se reunindo. Seu objetivo é selecionar os participantes da Eleição de Outono a tempo do começo das aulas. Isso me deixa muito preocupada, já que esse é o melhor arco do mangá até agora, mas também é o mais longo, e o anime está previsto para ter apenas 24 episódios. Das duas, uma: ou estão fazendo toda essa propaganda para no final só introduzirem a eleição, que já começa após este arco do kaarage, ou o arco será cortado sem conclusão. A segunda opção é menos frustrante, mas igualmente chata. O que salva é a quase certeza de uma continuação em breve, e até já existe material para isso, mas é preciso esperar (e torcer) para ver.

 

Tenho um mau pressentimento...

Tenho um mau pressentimento…

 

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