Ore Monogatari – Ep 21 – Quanto tempo dura uma década?
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Tempo é uma medida bastante relativa. Pensem comigo: alguém notou que fazem mais de 5 meses que acompanhamos Ore Monogatari? Que estamos concluindo o oitavo mês do ano? Que o terceiro milênio após Cristo está em seu 15º ano? Podemos ter notado, ou não. Dito isto, o que demora mais tempo pra passar, 16 anos de uma vida simples e fácil, ou 10 anos alimentando uma paixão nunca revelada ou alimentada? Quanto tempo é necessário para que uma pessoa não suporte mais que os seus sentimentos sejam apenas platônicos, e se sinta compelida a revelá-los? Muitas pessoas não conseguem esperar tanto, mas Amami Yukika conseguiu. Dez longos anos. Mas, mesmo para ela, não está dando mais.
Suna recebe cartas de amor, declarações e chocolates no dia dos namorados há anos, mas em alguns deles há uma característica curiosa: ausência de remetente. Se fosse só isso, nada de mais, mas o problema é que sem identificação ele não pode rejeitar a garota, nem retribui-la no White Day. Se esconder por si só nem é tão incomum assim, mas isso acontece desde sempre, e além do mais sempre há uma variação do seguinte recado: “Goste de mim”. Paradoxal, afinal como ele vai gostar de alguém que nem conhece? A autora das cartas é a Amami, que se apaixonou por ele desde os 5, 6 anos de idade, quando ele a protegeu de uma bola em uma partida de queimada. Desde então, ela o vem observando ávidamente, tentando descobrir seus gostos, apenas admirando e, é claro, deixando cartas e presentes anônimos. Issaê, a maioria de nós errou a aposta. Muita gente – eu inclusive – apostou que Suna se interessaria por uma garota com uma personalidade alegre e ativa, como o Takeo (Team Saijou!), outros pensaram em alguém tímido e calmo, como a Yamato (bom, a Amami tem um pouco disso); houve quem dissesse que ele poderia ser gay, mas eu nunca vi ninguém apostando em uma stalker profissional! E das mais determinadas, porque olha, ela foi muito longe. Mas, pensando bem, eu não tenho tanta certeza assim de que ela conseguiria cumprir a sua meta da vez se não fosse a interferência de Takeo. Aliás, esta é a primeira vez que eu agradeço profundamente por ele ser tão curioso e despudorado.
Takeo notou Amami quando a descobriu seguindo os dois no caminho de volta pra casa. Após um incidente com mais uma carta de amor não assinada, ela decide contar toda a sua história a ele, tanto para enfim desabafar com alguém quanto para pedir ajuda. Entre pensar que é curioso que o grandalhão nunca ter notado a presença da garota por perto (pôxa, são 10 anos não só de perseguição, mas estudando juntos!) e ficar frustrada em ainda não saber se não foi mostrada nenhuma declaração ao loiro desde o começo do ensino médio porque as garotas cansaram, se desinteressaram ou por se sentirem intimidadas por Takeo (Amami já o conhecia desde sempre, não conta), eu me concentro no fato de que, finalmente, os papéis de Suna e Takeo se inverteram. Muito mais do que na ocasião do Natal, afinal uma coisa é arrumar um casal de amigos. Outra completamente diferente é ajudar alguém apaixonada pelo seu bestie, que nunca teve um relacionamento e nem parece se interessar por isso, a se declarar. Eu esperava vê-lo empolgado, afinal ele sempre diz que quer que apareça alguém que faça Suna feliz como Yamato o faz, mas Takeo está mais preocupado do que qualquer outra coisa. Olha só, alguém pelo visto andou amadurecendo. Aplausos. Mas eu aplaudiria mais a performance desse cupido inexperiente se ele não tivesse pedido, mais uma vez mas de forma indireta, conselhos ao próprio alvo, ou se a maior parte do trabalho não estivesse sendo realizado pela própria Amami. Sim, claro que é trabalho dela, mas se fosse pra fazer tudo sozinha não precisaria da ajuda dele.
A garota decide que quer falar com Suna pessoalmente e bola um plano maluco com Takeo, mas quando descobre que Suna sabe exatamente quem ela é, manda tudo se ferrar e se declara. Espontanea e inesperadamente, até mesmo para ela. Depois sai correndo, claro – me lembrou eu mesma com 12 anos, hehe. Mas a reação do Suna foi o que me deixou mais empolgada: ele ficou sem jeito. De uma forma que ele não fica na frente dos outros, como se nunca tivesse recebido declarações antes e, mais ainda, ele associou a fala dela aos bilhetes anônimos na mesma hora! E ainda teve aquele “Ah…” gaguejado e fofo dele. GENTENEY! E vou começar a listar loucamente as razões pela qual isso pode, no futuro, dar certo: ele espera, paradinho, que Takeo traga uma Amami mais calma de volta; reage positivamente a ela (certamente ver a interação dos dois teve uma influência absurda); aceita conhecê-la melhor para só então dar uma resposta apropriada; troca telefone com ela, por iniciativa própria (!!!). Não surpreende que a reação dela seja perder as forças, e a de Takeo, ficar chocado. Todos ficamos. Ahhh mais melhora, já que Amami tem muita vergonha de falar com Suna então é socorrida pelo casal 20 (Yamato seeeempre metida nas confusões, hehe), então eles combinam de saírem os quatro, em dois casais. Suna topa; beleza que ele sempre topa, mas o convite veio da garota, e ele mesmo admite que não iria se não quisesse. Pode ter surtinho de fangirl? Ah, deixa pra depois de saber que ele tem guardada uma caixa cheia com as cartas e bilhetes que ela deixou pra ele em todos estes dez anos! Só os dela? Talvez não, mas o fato de ele ir relê-los só me faz pensar que ele está tentando entender melhor todo o sentimento que ela dirigiu a ele por todo esse tempo, absorvê-los não só mais como riscos em papel, mas como a dor e a alegria de uma garota real. Tudo, toda esta situação pela qual ele está passando, é algo completamente novo, faz sentido que Suna não compreenda direito e queira agir da melhor maneira possível. Se tudo isto não foi o suficiente para provar o quanto ele é atencioso (quando quer), não sei mais o que faria. Estou muito empolgada, mas também com receio. Tudo em Ore acontece rápido demais, e na próxima quarta-feira já teremos a resposta dele. Pode ser positiva, pode ser uma rejeição gentil. Não dá pra saber. Como Takeo, só posso torcer para que desta vez ele realmente tenha achado alguém que o faça feliz.
Pra encerrar, algumas pequenas coisas me deixaram meio cabreira, e todas a respeito do plot montado sobre o histórico da Amami e no fato de garotas em geral reagirem negativamente a Takeo. Ela conversou normalmente com ele porque já o conhecia, mas não tinha intimidade nenhuma. Até que ponto isso interfere no tratamento que ela reserva a ele, ou seja, o de um cara qualquer? Se fosse uma garota que não o conhecesse, será que seria assim tão desinteressada sobre ele? E o Suna, até onde essa quebra no padrão de foras está ligado ao fato de ela e Takeo se darem bem? Eu queria, de verdade, saber o quanto de seus atos têm de sua lealdade ao amigo e quantas estão ligadas, pura e simplesmente, à sua admiradora e a curiosidade dele sobre ela. O roteiro esquematizado foi bonitinho e talz, mas não trouxe respostas a muitas de minhas dúvidas. Talvez, se Amami fosse uma simples colega de turma atual, desse para entender mais sobre o relacionamento deles com as turmas e como são vistos pelos demais. Mas talvez também ela nunca tivesse se aproximado, e não estaríamos aqui conversando sobre isso. É, deixa assim mesmo, que tá bom demais.