A primeira temporada de Aggretsuko na Netflix deu tão certo que o serviço de streaming decidiu não só renovar o anime, como também fazer um especial de Natal. Neste artigo falarei do segundo ano da animação, que teve como foco o casamento, mais um tema recorrente na difícil vida dos adultos.

A vida amorosa de Retsuko não é um assunto novo no anime. Enquanto na primeira temporada a protagonista chega a encontrar um pretendente, temporariamente, nos últimos episódios, aqui a temática ganha mais destaque. Isso acontece graças aos novos personagens, que têm muito o que agregar à trama, trazendo dinâmicas divertidas.

Um dos destaques é a mãe de Retsuko, que aparece logo no primeiro episódio. Ela é a típica figura materna coruja, que está preocupada demais com a filha, mesmo esta já sendo adulta. O que não falta são momentos de vergonha alheia que, com certeza, boa parte do público deve se identificar. A personagem implica com as roupas, a alimentação e, finalmente, a vida amorosa da protagonista. Com isso, ela se torna o principal gatilho para Retsuko começar a pensar se deveria levar uma vida a dois.

Quando a mãe começa a dar sermão

A partir disso, a personagem cai em várias roubadas, desde casamento arranjado – o que é interessante, pois ainda acontece no oriente, mesmo sendo visto como algo ultrapassado – até umas festas malucas onde as pessoas vão para encontrar o par ideal. O legal disso tudo é que a protagonista até conhece alguns caras legais, porém, muitas das vezes o problema é sua própria insegurança em relação ao assunto.

Outro personagem novo na série é Tadano, que começa como um aluno vagabundo da autoescola, mas conta com um plot-twist que o torna mais interessante. Ele faz com que a protagonista amadureça e tome suas próprias decisões, sendo fundamental para seu arco de desenvolvimento. Não deixa de ser uma história de autodescoberta e independência, para que no fim haja uma evolução.

Apesar de ter um foco maior na vida amorosa de Retsuko, o anime não deixa de lado temas recorrentes, como o assédio moral no trabalho. Enquanto a primeira temporada focava no chefe Ton, agora a protagonista precisa lidar com um estagiário. Anai conta com todas as inseguranças de um profissional na sua posição, mas o que o difere é a forma como lida com isso. É claro que aqui a abordagem é levada para o lado da comédia, mas também é preocupante ver que casos como esse realmente aconteçam na vida real.

Cuidado com estagiários

Visualmente, o anime repete o estilo visto na primeira temporada, inclusive o mesmo estúdio – Fanworks. Ele alia bem o contraste entre personagens fofos com um background centrado na vida adulta. A duração da temporada também é a mesma, dez episódios de 16 minutos, todos disponíveis de uma vez só, favorecendo a maratona.

Além dessa reviravolta nos últimos episódios, ainda há outros pontos que me surpreenderam enquanto assistia. Esta temporada contou com mais momentos musicais além do heavy metal, que não ficaram apenas com Retsuko. Tivemos uma canção de amor entre a protagonista e Tadano, mas o que realmente se destaca é uma batalha de rap entre Gori e Washimi. Em um momento da trama, as duas amigas de Retsuko discutem por terem opiniões divergentes sobre casamento. É então que o anime nos mostra a saia justa que é ter dois amigos brigados.

É dessa forma que Aggretsuko nos faz rir, se identificar, mas também refletir sobre temas sérios e profundos. A vida de um jovem adulto conta com diversas questões difíceis de lidar, e agora o anime conseguiu ir além do ambiente de trabalho. Uma temporada mais abrangente e que consegue nos cativar com seus personagens animais, porém humanos.

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