Starmyu 3 – O fim de mais uma corrida contra a tirania musical
Acho que se tem algo que essa terceira temporada de Starmyu me ensinou, é que uma mesma história pode sim ser contada várias vezes, sem que seu sucesso seja comprometido pela repetição. O que acontece no entanto, é que esse bom resultado caminha dependendo da inclusão de novos elementos que casem bem com a proposta, fazendo sentido em um conjunto geral.
Como ponto de partida, aponto como uma problemática, o fato do enredo simplesmente se desfazer de tudo o que trabalharam antes. Nas temporadas anteriores, a série lançou as questões de “talento x esforço”, “apenas os melhores merecem os holofotes”, “tradição é tudo” e a batida linha do “quero impressionar aquele que foi minha inspiração”.
Em todas elas, os problemas criados em tornos desses tópicos foram desenvolvidos de forma tal, que não ficaram brechas para que eles sequer deixassem vestígios. Nisso me surge essa terceira adaptação, trazendo de volta exatamente tudo aquilo que fora consertado, me levando a seguinte curiosidade: que função então tiveram as predecessoras?
Toda a história dessa vez gira em torno do novo conselho Kao e os obstáculos que eles representam ao grupo principal, por carregarem consigo todos os defeitos anteriores que citei. Durante o momento de glória dos rapazes, que finalmente estavam bem resolvidos, cuidando de seus sonhos e fazendo planos, surge esse pessoal do time Shiki como novos “reis”.
O melhor disso é que a ideia deles é simplesmente absurda, querendo promover uma revolução para que haja igualdade, usando meio tirânicos e contraditórios no processo – discurso bem similar e igualmente chato, ao do seu vizinho Ensemble Stars.
Durante todo o tempo existe um incômodo com o conselho, porque nem eles mesmos parecem cientes do que de fato representa essa mudança, agindo de uma forma maldosa e confusa, que simplesmente não entra em concórdia com seu discurso supostamente altruísta – se opondo a aqueles que foram treinados pelos seus senpais e apresentados como uma salvação a tudo que veio acontecendo até aqui.
Entre os “Kaoseiros”, Chiaki, Kasugano e Irinatsu são mais equilibrados e sensatos, no entanto os líderes Fuyusawa e Shiki são exatamente os problemáticos e controversos. No final esses dois últimos acabam sendo os responsáveis por arrastar o anime para lama, com suas crises pessoais infantis sem propósito, tentando simular o que aconteceu entre Otori e Tsubasa no passado que são visivelmente superiores e mais maduros – fora as preocupações arcaicas que caberiam melhor nos diretores velhos da escola, do que com jovens idols supostamente revolucionários.
Os protagonistas por sua vez, permanecem simpáticos e unidos como já conhecemos, providenciando novamente uma solução aos problemas da liderança, que os afeta diretamente. Para não apontar somente os problemas, gosto da forma como o anime tenta elevar mais a importância de outros que não o grupo do Yuuta – embora aquela rivalidade saudável esquisita entre eles não me convença, de tão rasa que acabou sendo.
Rui e seus companheiros tem uma função maior, são mais trabalhados e inclusive posso dizer que o loiro inclusive divide parte do protagonismo com o outro colega – o que dá um ar melhor por não se concentrar somente em um lado nas três oportunidades. A personalidade do garoto é bem mais comedida e racional, sendo interessante ver como ele se articula com a energia e impulsividade de Yuuta ao buscar respostas para os desafios que enfrentam juntos mesmo que separados.
A animação continou como um fator que sustenta a obra, já que ela não se vale do CG nas apresentações – embora seja simples no design -, como sempre fez para se valorizar. A parte musical também foi levemente melhor do que nas antecessoras, não deixando assim a peteca cair, junto com o saldo total da série.
Não sei dizer se as aventuras desse pessoal acaba por aqui, mas essa saga deixou um gosto meio amargo na boca de quem acompanhou toda a trilogia. Felizmente apesar de fraca, ela tem um bom encerramento e não prejudica o conjunto Starmyu, valendo a pena assistir pelo prazer de ver a coroação do esforço de todos os protagonistas no final.
Agradeço a quem leu até o fim e nos vemos no próximo artigo!