Didn’t I Say to Make My Abilities Average in the Next Life?! – O isekai da garota mediana que não é nada mediana
“Didn’t I Say to Make My Abilities Average in the Next Life?!” ou “Watashi, Nouryoku wa Heikinchi de tte Itta yo ne!” conta a história de quatro garotas: Mile (a protagonista), Reina e Mavis. Espera… não eram quatro? Ah, é mesmo, tem a Pauline também. Mas tudo bem, ninguém liga pra ela mesmo. Vamos comentar agora esse anime com dois títulos, um longo, e o outro pior.
Watashi (chamarei assim) é um anime de fantasia com comédia, aliás, bastante comédia. Ele até tem diversas cenas de ação, mas o foco é a comédia mesmo. Tanto que o clima é completamente descontraído e alegre, com quase nenhuma cena tensa, mesmo quando a cena deveria ser tensa. Aliás, esse é mais um anime isekai.
A personagem morre e vai parar em um… ah, isso é exatamente a mesma coisa de centenas de outros animes que você pode já ter visto. Mas aí que vem a tirada desse. Adele (ou Mile, para os íntimos) escolheu ter habilidades medianas, e seu desejo foi concedido, ela se tornou alguém na média. É, na média de um dragão. Dragões são as criaturas mais poderosas daquele mundo, e ela tem metade do poder de um. A comédia já começa aí.
O anime é adaptação de light novel, e também tem mangá pra quem não tem saco pra ficar lendo novel (eu, eu, eu!), e seu estúdio é nada mais nada menos que a Project No. 9. Se nunca ouviu falar desse estúdio, saiba que eu também não. Um dos seus grandes animes foi Choyoyu (isekai com adolescente presidente), que inclusive lançou e terminou na mesma temporada de Watashi. É, o estúdio não é lá grande coisa. Mas a animação até que está legal, inclusive as cores coloridas combinaram bastante com o clima que a obra quer passar.
Ao meu ver esse anime tem três pontos principais. Digo que são os principais pois eles vivem indo e vindo na obra. O primeiro deles é a piada em cima do desejo da Mile querer estar sempre na média e não querer chamar atenção. Tudo que ela faz chama atenção e tudo que ela faz está muito longe da média. E isso sempre sem a sua intenção. Aliás, o primeiro erro foi quando ela quis entrar no mundo na média, e entrou como a média de um dragão. Tudo começou aí.
O segundo ponto é o seu poder exagerado. Esse ponto é usado como comédia repetidas vezes, além, é claro, de proporcionar diversas cenas de ação. É, a Mile é forte, é muito forte. No último episódio ela enfrenta três dragões ao mesmo tempo. É mole? A menina não tá de brincadeira.
E por fim, o terceiro ponto. A equipe, o grupo; o Voto Carmesim. Claro que há várias tramas individuais, mas mesmo essas são resolvidas com a intervenção da equipe toda. E em vários episódios a Mile é deixada de lado como foco principal, pois o grupo é o grande protagonista desse anime.
Perceba como esses três pontos já aparecem no primeiro episódio. Não somente isso, como são os pontos que dão graça àquele episódio. Esses pontos são repetidos o anime inteiro, o foco no grupo ainda é mais fácil de aceitar, mas as duas piadas repetidas poderiam cansar. Não cansa. Mile surpreende todo mundo com o seu poder e continua tendo graça, assim como sempre que ela se ferra por estar longe de ser mediana.
Ainda que a química do grupo seja algo importantíssimo nesse anime, os personagens confesso que são bem superficiais. Carisma zero. Não, não estou contando a Mile aqui. Eu gosto dela, acho ela uma personagem bem engraçada, funciona muito bem, ainda que tenha certa superficialidade. Mas as outras três são o problema.
Todas elas funcionam muito bem na comédia, mas não são personagens tão carismáticas. Não é raro as pessoas que conseguem dizer de cabeça o nome de todas as personagens de Konosuba, por exemplo. Lembra quais são? Aqua, Darkness e Megumin. Era até mais fácil eu esquecer o Kazuma. Não é preciso uma construção de personalidade ou coisa que o valha, carisma é algo por si só. E elas não tem, e a Pauline ainda consegue ser a pior.
Uma das coisas que mais gostei em Watashi é como os primeiros episódios são agradáveis e rápidos. Aqui não é perdido tempo algum. Claro, tem a repetição da vilã que logo seria esquecida completamente. Mas, todo o arco delas formando o grupo, lutando e se graduando foi bastante agradável.
Depois disso a história se torna um tanto quanto inconsistente. Ela ainda tem vários episódios que são do meu agrado. Em geral nem são episódios, mas cenas mesmo. Tipo, aquela em que a Mile finge ser uma deusa, aquela é de rachar. Nesse mesmo episódio, a cena das histórias de cada uma é muito legal também. Ou quando a Mile fica dando nome para o Wyvern no episódio nove. São essas as cenas que salvam o anime.
Mas o anime também perde muito tempo com episódios completamente inúteis. Para mim, esse anime se superou com o episódio de praia. Mas aquele episódio do aniversário da Mile também foi o fim da picada.
Enquanto escrevo estas palavras Watashi está com um score de exatamente 7.00 no MAL, o que de acordo com o site seria um anime bom. Esta nota me surpreendeu, esperava por algo mais baixo.
Se você quer ver algo só para se divertir, sem nenhum outro tipo de pretensão, vale a pena dar uma chance para Watashi. Tirando, talvez, os três primeiros episódios não acho que seja tão agradável de maratonar. Aliás, talvez esse seja mais um daqueles animes que você acompanha na temporada, episódio a episódio, semana a semana, mas que talvez não seja assim tão agradável de ver tudo de uma vez. Talvez justamente pela proposta descompromissada, mas ainda é um anime agradável e que no fim conseguiu alcançar um saldo positivo.