Coletar os pedacinhos das estátuas de pedra reparou a última mácula do Tsukasa na trama e meio que permitiu que ele fosse perdoado de vez, o que eu acho um desserviço tremando a história, mas, por outro lado, talvez não seja tão ilógico esse tipo de raciocínio seguindo a ideia da cura periférica já explicada pelo Senku anteriormente.

Contudo, a própria cura periférica é um baita de um artifício de roteiro descarado, convenhamos. Enfim, o importante é que apesar disso, Dr. Stone conseguiu entregar um último episódio convincente. Foi o último episódio de seu prólogo, visto que até para salvar o Tsukasa a aventura devia continuar e seria um desperdício tremendo não ir a fundo nos mistérios desse mundo.

É hora de nos despedirmos por um tempo de Senku e sua turma, pois do doctor stone (com o qual tomamos banho) nunca nos despediremos.

Esse episódio teve tanto cara de final de novela que até o imprestável do Yo voltou, mas, convenhamos, se a mescla entre o Reino da Ciência e o Império Tsukasa é um microcosmo do que era a sociedade mil e tantos anos antes, não é estranho que existam sanguessugas por perto, gente da qual não dá nem para sentir raiva.

E meu problema com o Yo nem é tanto por ele ser um imprestável e sim por seu uso na trama ter sido bem tosquinho. Em todo caso, falando em pessoas medíocres, são só elas que se apoiam em milagres ou esse é um conceito que a ciência comporta? De forma lúdica até que é plausível falar em milagre, mas a ciência é no máximo o milagre que o humano pode alcançar com as próprias mãos.

É claro que Dr. Stone é um anime, então a coisa é mais lúdica, só que ainda assim há um limite, que é o da ciência. Ou havia, mas acho que ele ainda vai valer para a maioria dos casos, sendo o do Tsukasa um deles, tanto é que seu salvamento na verdade foi adiado, apesar de todo o clima de velório que se criou em torno dele.

Todo mundo ficar triste pelo Tsukasa fazia sentido? Não sei, só sei que deram uma exagerada ali. Mas isso nem é assim tão relevante, desse episódio prefiro destacar o que o Senku faz na segunda metade e a conclusão da primeira fase da narrativa, uma ideia que foi bem trabalhada nos mais de 30 episódios do anime até aqui.

A ideia de petrificar o Tsukasa só faz sentido porque o caso dele já não está mais nas mãos da ciência como o Senku a conhece, se estivesse ele iria atrás da estátua de um grande cirurgião ou algo assim, então não vejo problema em o ex-vilão não ter morrido até pelo que isso acrescenta, dá um senso de urgência, aos planos originais do herói.

Além disso, seria meio sacana a irmã ter acabado de ser “revivida” e ele morrer em seguida. Mesmo que ache um vacilo “perdoar” os assassinatos que ele cometeu, quero o Tsukasa de volta ao primeiro plano da história quando for possível, acho que ele ainda pode acrescentar a trama, ainda que não tenha achado o papo que bateu com o Senku dos mais interessantes.

Porém, foi um belo momento e uma ótima forma de descascar esse pepino que era o congelamento dele. Aliás, a ideia de congelá-lo foi das mais engenhosas e coerentes que o Senku poderia ter tido, ainda que a criogenia não seja uma coisa tão simples quanto o anime faz parecer. Mesmo que a obra estique um prazo para o descongelamento do Tsukasa, uma hora ele terá que ser reanimado, isso é fato.

E é aí que entra a missão de descobrir a origem da despetrificação e com essas informações em mãos não só petrificar o Tsukasa para curá-lo, como também entender o mistério por trás desse mundo de pedra, a origem do problema. Nessa jornada novas pessoas devem ser revividas, novos nativos devem aparecer e quem sabe descobrir esse segredo não ajude na reconstrução do mundo?

Nada voltará a ser como era antes, isso é óbvio, mas o Senku quer fazer o máximo para que o conhecimento não se perca e todos possam ser salvos, tendo direitos iguais as maravilhas do mundo. Okay, essa última parte sou eu que estou acrescentando e para isso acontecer só na ficção mesmo, mas o fato é que ele almeja isso, um mundo melhor, apesar de ser o mundo antigo, que ele acha que obterá usando a ciência.

Por fim, o Tsukasa “morre”, sua irmãzinha, Mirai, promete retribuir todo o cuidado que ele teve com ela (em uma cena singela que quase partiu meu coração) e um novo objetivo é traçado; atravessar o oceano de navio e explorá-lo em benefício da ciência, expandindo uma aventura que já não era pouca coisa, mas com essas novas ambições pode ser mais. Aliás, quem sabe um dia eles não vão parar no espaço?

Sei que a conversa do Senku e do Tsukasa era mais para passar o tempo, mas vai que não era uma brincadeirinha sobre o futuro de Dr. Stone? Será? Só o que sei é que o Senku pode não ser a melhor pessoa para a empreitada, mas ele iria, e que se por ventura isso acontecer no mangá, são altas as chances de vermos no anime, afinal, ele já foi renovado para uma terceira temporada e tem rendido uma grana boa aos produtores.

Dr. Stone é um sucesso merecido. Tem seus defeitos e é bem menos sério do que poderia ser, mas cientificamente falando dá para gostar.

Até a próxima!

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