Os episódios anteriores construíram uma tensão absurdamente alta para esse embate final: a própria vida de todo mundo estava em jogo. E mesmo se uns ou outros sobrevivessem, não conseguiriam mais do que apenas sobreviver. Parece um final bastante amargo para todo o povo do Koutetsujou que está desde o primeiro episódio buscando um refúgio seguro. E mesmo assim o anime conseguiu terminar com um clima positivo. Nem parece que eles ainda estão perdidos em um mundo horrível, com suprimentos escassos e sem saber se encontrarão abrigo ou auxílio em qualquer lugar. A essa altura eles mal sabem se existe alguém por aí que os possa abrigar ou auxiliar.

Teria sido muito mais adequado Kabaneri terminar de forma trágica. Combinaria muito bem com o que foi construído nesse arco. E por mais que eu esteja acostumado a mocinhos milagrosamente se safarem, sobreviverem e salvarem a todos os bons ao seu redor (e eventualmente alguns maus também) simplesmente porque se esforçam bastante, não foi o que aconteceu aqui. O Ikoma se esforçou, o Kurusu se esforçou, todo mundo se esforçou, até a Mumei se esforçou, mas eles jamais teriam o final feliz que tiveram se três pessoas não os tivessem ajudado de forma consciente e deliberada: o cientista que o Kurusu tinha feito de refém (não lembro o nome dele), o Uryuu, e o próprio Biba.

E o pior é que, com exceção talvez do Uryuu, nenhum deles fez sentido. Acho que esse é o preço a se pagar quando se tem vilões subdesenvolvidos, não é?

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O mais notável desse arco final de Kabaneri é como ele abraçou definitivamente a forma em detrimento do conteúdo. Não que o conteúdo seja ruim, nada disso. É apenas o mínimo necessário, é apenas ok, e acaba sendo bastante previsível. Mas a forma! Ah, a forma. Uma trilha sonora incrível, efeitos de som, enquadramentos, expressões faciais, o tempo em que tudo acontece. Está tudo milimetricamente calculado para maximizar os efeitos dramáticos da história, de modo que sequer a alternância entre cenários parece afetar o andamento do episódio ou mudar o clima do ponto em que o cenário anterior parou. E deixando o espectador mais arrebatado pelo anime menos atento para eventuais furos no enredo – e para algumas cenas com animação de pior qualidade.

Além disso e conectado a isso Kabaneri está usando e abusando da simbologia visual. Vou citar alguns exemplos nesse artigo, e creio que o principal do episódio seja esse que citei no título.

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Episódio forte e visualmente impactante. Eu gostei dele. Gostei bastante até. Mas Kabaneri é um anime curto e em um anime curto de ação espera-se algo novo todo em todo episódio – ou em todo arco. Eu já entendi ao assistir o episódio anterior que o Biba não vale os restos alimentares não digeridos que evacua. Ele é mal, ele é cruel, ele é inteligente, ele tem um plano maligno e um exército de fanáticos. Naturalmente nossos protagonistas do Koutetsujou não iriam deixar isso barato, iriam?

Não sou injusto, tem coisa nova nesse episódio sim, só não é tanto quanto se espera nem é nada realmente imprevisível. E certamente o conflito do episódio deve ter sido necessário para estabelecer algum nível de animosidade na relação entre os Libertadores e o Koutetsujou que apenas sequestrá-los e usá-los de reféns para chantagear a Ayame a colaborar com o Biba não seria suficiente. Mas não consigo me livrar da sensação de que esse episódio foi só uma continuação do anterior sem no entanto formar um arco de verdade com ele.

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Alguém me disse que o Biba é louco. Mas não acho que o Biba seja louco, antes fosse, daria para aproveitar um de seus arroubos de insanidade para frustrá-lo. O Biba é apenas cruel, vil, e, principalmente, inteligente. Muito inteligente. Capaz de preparar rapidamente planos complexos com várias fases e atores que, no entanto, se encaixam perfeitamente como os blocos das Grandes Pirâmides. E é tanta inteligência direcionada a motivos tão vis, mesquinhos. Biba é capaz de sacrificar sem remorso até aqueles que estão ao seu lado.

Os nossos heróis do Koutetsujou, todos os habitantes inocentes de uma cidade-estação, até mesmo a Mumei, todos são apenas peças em seu jogo muito particular de, tudo indica, vingança. E um homem assim conseguiu conquistar uma legião de seguidores fanáticos. Um verdadeiro messias, mas um messias da morte.

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Esse foi rápido: O Biba é um vilão. Sério, esse episódio fez um grande trabalho para não deixar sobrar nenhuma característica redentora nele. Já desconfiava-se que ele não fosse um herói desde o episódio anterior, com tanto mistério e conflito ao redor dele e aquela entrada militar-opressiva na cidade – ainda que a população o idolatre. Ficou para esse episódio revelar se há ou não algo de heroico nele. Talvez ele não fosse um herói, mas um personagem cheio de contradições que pode ser heroico às vezes mas não sempre – um anti-herói. Ou pelo menos um anti-vilão: um antagonista sim, mas com comportamento e moral ambígua. O Biba não tem nada disso. Do começo ao fim, dos dedos dos pés às pontas de seus longos cabelos, ele é um vilão. Um vilão astuto que se passa por herói, mas um vilão.

Acaba sendo um pouco chato quando se considera que ele foi a grande novidade desse novo arco de Kabaneri e que é certamente o próximo antagonista que os heróis terão de derrotar. Muitos esperavam mais dele – e eu estou entre esses. Mesmo assim, ou melhor, exatamente por ele ser assim, vejo a oportunidade perfeita para o meu passatempo preferido em Kabaneri: falar sobre a Mumei. Não estou só procurando pretexto não, calma, não feche o artigo ainda! O que quero dizer é: você não acha que a Mumei seria muito diferente se tivesse crescido com um herói ou pelo menos com alguém de moral ambígua?

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Não estou tentando fazer metáfora nenhuma ou dizer algo sobre a personagem de forma oblíqua: a Mumei realmente tem 12 anos. De verdade. E não foi o episódio que revelou isso, na verdade nenhum episódio revelou isso, a história é mais complicada. A equipe criativa do anime definiu que a Mumei teria 12 anos e talvez em algum momento isso seja revelado no anime, mas para todos os efeitos essa é uma informação pública – que eu não encontrei em nenhuma notícia sobre o anime antes ou depois de sua estreia. Não em idioma que eu saiba ler, pelo menos (um vasto conjunto que inclui o português e o inglês, e de vez em quando o espanhol porque pra ler notícia dá pra me virar). Ela parece ter pelo menos 15 anos, não parece?

E é de propósito. Há uma entrevista do character designer de Kabaneri, anterior à estreia do anime, onde ele diz que queria desenhar ela com idade aparente entre 15 e 17 anos, apesar de o roteiro dizer que ela tem 12. Essa entrevista também não está disponível em nenhum idioma que eu entenda, por isso não consegui descobrir mais detalhes. Talvez isso apareça mais tarde no anime, talvez o processo pelo qual ela foi tornada em kabaneri tenha sei lá, acelerado a maturação, vai saber? Pode ser até um elemento importante do enredo, mas pode muito bem não aparecer nunca. No entanto, os demais personagens do anime dão a entender que sabem da idade real da Mumei (ou da faixa etária aproximada, pelo menos), o que significa que ou sua aparência não tem nada a ver com sua idade mesmo e só é assim para vender mercadorias, ou que ela revelou isso em algum momento fora da tela. E essa introdução já está muito longa, não é?

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Tenho uma interpretação para esse episódio que é altamente controversa. Com todos que conversei, em toda parte que comentei, foi mais fácil encontrar quem discorde do que quem concorde comigo. Quando algo assim acontece é fácil suspeitar de si mesmo, não é? Mas vou sustentar minha posição mesmo assim. Não porque eu sou teimoso, mas porque eu acho que mesmo as alternativas à minha interpretação levam ao mesmo resultado. Na verdade não apenas acho: já vi por aí interpretações diferentes que, no entanto, chegaram a uma conclusão parecida. Exporei minha posição, portanto, e listarei também algumas alternativas.

E de que estou falando afinal? Bom, não escrevi esse título no sentido metafórico. Eu realmente acredito que a Mumei matou a própria mãe nesse episódio. Além disso vou comentar sobre outras coisas desse episódio, então não feche a página agora ainda, mesmo se discordar de mim que a Mumei tenha matado sua mãe, poderá concordar noutras coisas, não é?

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No último artigo de Joker Game comentaram sobre como trens são legais. Eu também acho trens legais. Eu acompanho um fórum sobre infraestrutura só para saber mais sobre trens (alguns anos atrás eu era um usuário voraz do referido fórum, daí quando meu nome surgiu entre os candidatos a moderador eu pensei que talvez estivesse perdendo tempo demais por lá e fui diminuindo a minha participação até que passei a ser apenas um leitor). Trens são legais de verdade e Kabaneri é um anime em que o cenário é um trem.

Por isso, e porque Kabaneri avança sua história devagar, um elemento de enredo por vez em episódios cheios de ação, o que torna a tarefa de caçar assunto para escrever sobre o anime um pouco ingrata, vou passar a publicar pequenas curiosidades sobre trens na introdução dos artigos dos episódios de Kabaneri. Sei que quem gosta de trens vai adorar! Quem não gostar pode pular o resto desse parágrafo. Começo com uma máquina de montagem de pontes chinesa. Faz tempo que os chineses deixaram de ser apenas produtores de coisas vagabundas e produtos piratas, hoje eles são um verdadeiro polo tecnológico mundial. As ferrovias de alta-velocidade avançaram depressa na China nos últimos anos, e só não avançaram mais por causa de um grave acidente causado não por serem chineses, mas por serem corruptos (bom, isso também tem a ver com ser chinês, mas aí não é por causa da falta de qualidade e sim pela negligência na construção). Parte do mérito pela velocidade da construção de ferrovias tem sim a ver com o fato da China ser uma ditadura com leis trabalhistas e ambientais ridículas, mas parte tem a ver com o avanço tecnológico do gigante asiático, do qual essa incrível máquina de construção de viadutos é um dos resultados: assista o vídeo.

Trens são incríveis. Em Kabaneri a população deve sua vida em grande parte aos trens, muito especialmente o povo do Koutetsujou, que perdeu seu lar. Mas trens têm suas desvantagens também. A maior delas tem a ver com seu próprio projeto e natureza: precisam de trilhos. Nesse episódio os trilhos estava interrompidos e o Koutetsujou não podia passar através de outra cidade tomada pelos kabanes. Entre os poucos sobreviventes da cidade, um velho conhecido da Mumei com uma mensagem sinistra: cumpra a sua missão enquanto você ainda é humana.

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E não tentaram edulcorar a transformação do Ikoma não, ele ia mesmo morder a princesa se o Kurusu não tivesse chegado! Pior: parece que muita gente não percebeu que a mulher que a Mumei matou havia se transformado em um kabane, e ficaram furiosos com ela também! No meio dessa situação de fundo do poço em termos de confiança dos humanos para com os kabaneris o Koutetsujou teve que partir às pressas porque com o anoitecer vieram também os kabanes descendo das montanhas.

Com a princesa Ayame desacreditada, Ikoma e Mumei trancados no último vagão sem poder fazer nada e o desconforto e medo geral dentro do trem, o povo do Koutetsujou passaria por sua maior provação desde o começo do anime!

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Enquanto eu pensava para escrever o artigo de Twin Star Exorcists anteontem e já tinha traçada na minha cabeça mais ou menos que a linha geral seria comparar o casal de protagonistas, Rokudo e Benio, em algum momento percebi que há semelhantes semelhanças entre Ikoma e Mumei. Mas que ainda assim eles são fundamentalmente diferentes, e não é porque não são noivos.

Além disso existem as questões específicas sobre o cenário de Kabaneri que me intrigam, e a alguns incomodam. Notavelmente o comportamento e a natureza dos kabanes (e kabaneris). Você está no time dos intrigados ou dos incomodados?

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