E com um pouco de atraso, está aqui o artigo sobre o décimo terceiro e último episódio de Tales of Zestiria the X segunda temporada e do anime inteiro. É só um pouco de atraso mesmo, pois eis que a Ufotable houve por bem atrasar em um mês o lançamento do derradeiro final da saga de Sorey e companhia. E com um mês a mais, eles produziram um episódio abaixo da média do mês anterior. Ou de qualquer outro mês. Um episódio que não fez justiça à Tales of Zestiria – e olha que nem achei o anime muito bom. Avalio-o como apenas “bom” (segundo critério do MyAnimeList – nota 7 significa good, bom).
Sinto uma preguiça danada, mas não tem jeito, tem? Vamos terminar com isso logo.
Infelizmente a batalha entre Sorey e o Lorde da Calamidade não irá demorar um mês por ser épica. Bom, provavelmente será algo épico, ou pelo menos todas as circunstâncias que se encerrarão nela poderão sem dúvida ser consideradas um épico, mas o luta dos dois em si deve durar apenas alguns minutos.
O que vai demorar um mês é para sair o último episódio. Obrigado pela graça concedida, Ufotable!
Está um frio danado aqui em São Paulo essa semana. Também pudera: o outono está começando, e com ele os dias começam a ficar mais curtos e os ventos polares deslocam os ventos tropicais. Aqui é o hemisfério austral, então meus ventos polares são naturalmente ventos do sul (não exatamente, por conta de outras questões geográficas, mas é do sul que eles vêm originalmente). No hemisfério boreal, gelado é o vento norte. E não é surpresa nenhuma que a ficção produzida por autores do hemisfério norte também associe o frio ao norte, mesmo quando a história se passa em um mundo completamente diferente, como é o caso de Zestiria.
Mas o avanço dos heróis em sua jornada em direção ao norte não foi a única coisa que gelou a alma nesse episódio.
Ou: Tales of Zestiria the X 2, episódio 10: Sacrifícios. O sacrifício (o auto-sacrifício) me parece um dos temas centrais de Zestiria, sendo o Pastor, seu protagonista, alguém que precisa ser completamente altruísta e purificar o mundo e todas as coisas absorvendo dentro de si toda a Malevolência. Esse é o único meio de vencer. O Pastor precisa se sacrificar para salvar o mundo. A coisa chega mesmo a ganhar contornos religiosos e não deve ser à toa que seu título é Pastor.
Mas ele não é o único a se sacrificar. Também se sacrificam suas escudeiras, que precisam de boa vontade aceitar o dever de proteger o Pastor até a morte – e o destino de morrer junto com ele. Sua forma suprema, a armamentização, é um risco de vida para elas e para os serafins com os quais se fundem. E não são apenas os personagens centrais que aceitam se sacrificar.
Muitos viajaram acompanhando-os até as Terras do Norte bem sabendo o destino terrível que se lhes poderia estar à espreita. Até os vilões se sacrificam!
Quase não aconteceu nada nesse episódio, nem em termos de ação nem em desenvolvimento da história (não é como se já não fosse conhecido quem seria o vilão final), mas eu nunca vou me cansar desse clichê de formação de uma aliança ampla e heterogênea para enfrentar um grande mal. Especialmente em cenários de fantasia isso é sempre emocionante. Assim, o nome do artigo é o nome da aliança forjada entre homens e elfos na guerra contra Sauron, conforme contada em O Senhor dos Anéis. Não me refiro a aliança que protagoniza a história, responsável por destruir o Um Anel, mas à aliança da guerra anterior contra Sauron, aquela onde, após um longo cerco e um número assombroso de mortos e feridos, os exércitos os povos livres finalmente triunfaram mas Isildur sucumbiu à tentação do Anel e se recusou a destruí-lo.
Em Zestiria não são os homens de Gondor e Arnor e os elfos de Valfenda, Lothlorien e a Floresta Verde (e outros reinos menores), mas sim os homens de Hyland e Rolance, os assassinos dos Ossos ao Vento, vários serafins e um grupo de normins que se reúnem para enfrentar o Lorde da Calamidade. O timing foi muito bom, conseguiu me empolgar a cada novo aliado que se apresentava.
A ação do episódio foi bem divertida, animação impecável, principalmente do dragão, ainda que efetivamente não tenha tido tanto combate assim – o velho truque dos super close-ups em momentos cruciais para economizar animação é útil mesmo usando 3D CGI, afinal de contas. Por isso o episódio mereceu uma boa avaliação.
Mas teria sido maior se o enredo tivesse sido mais empolgante. Tudo aconteceu rápido, tudo foi resolvido muito fácil. Não foi?
Esse episódio é o que acontece quando o ritmo da história é ruim e percebem que não vai dar tempo de encerrar de forma satisfatória se continuarem assim? Dão um jeito de inserir todos os personagens em um só arco?
Não que seja ruim. Gostei bastante do clima desse episódio e nenhuma aparição soou forçada. Inútil talvez, mas não forçada. Tudo teve uma razão de ser e cumpriu um propósito, ajudando a compor um episódio verossímil. Mas ainda é o sétimo episódio então esse próximo arco não deve ser o final. E nem pode, o Sorey ainda tem muito o que aprender e fazer ainda. Sigo duvidando que tudo será resolvido no anime.
Mas esse episódio foi legal e o arco que ele iniciou tem tudo para ser também, então até aqui estou ok e vou deixar para reclamar só quando a hora chegar – e sigo na torcida para que essa hora nunca chegue.
A telepatia à distância entre Sorey e Alisha finalmente começou a funcionar! Já não era sem tempo. Quero dizer, desde que eles começaram essa coisa de Pastor e Escudeira não haviam evoluído mais nada em sua relação. Oh, mas tenho certeza que foi ciúme espiritual, já que a magia magicamente passou a operar logo depois do Sorey tornar também a Rose sua escudeira, começando um harém espiritual sob pretexto de combater a malevolência no mundo. Olha que vou começar a usar essa nas baladas! Já me imagino chegando na garota e dizendo “ei, que tal fazermos um pacto para combater a malevolência…?”. Agh, ok, é horrível. Só com o Sorey pra funcionar mesmo.
Mas nada disso importa porque só estou a fazer pirraça com a cena final do episódio, que é apenas gancho para o próximo. Nesse episódio descobrimos os mistérios da Igreja de Roland!
Ah, essa sensação de déjà vu que temos depois de assistir muitos animes… e olha que nem sou dos que viu mais! Não que seja surpreendente que uma história derivada de um game esteja repleta de elementos já bastante conhecidos. Com base em minha percepção, tendo a acreditar que a mídia game é uma das que mais reusa, se apropria e reaproveita elementos já bastante comuns no imaginário coletivo de elementos narrativos. Talvez tenha a ver com o fato de que as produtoras precisam atender não só o público que busca uma história, mas também aquele que só quer superar os desafios propostos e vencer? Bom, isso é especulação para outra hora e outro lugar. E provavelmente para outra pessoa também, afinal eu não poderia estar mais longe de ser um especialista em games.
Tudo em Zestiria é retirado de algum lugar e adaptado em maior ou menor grau. Serafins, corrupção, um salvador, todos os arquétipos de personagens, os vilões, as situações, os desafios. Todas as histórias no fundo são assim? Talvez. Outra discussão para outro momento. Mas sendo ou não de fato apenas um grande quebra-cabeças com peças de tabuleiros diversos, o fato é que a sensação de que Zestiria é assim é maior do que o seu anime médio. O que de forma alguma é prejudicial enquanto ele estiver entregando uma boa história, divertida e tecnicamente bem produzida.
Porém, se Zestiria é mesmo uma colcha de retalhos tão grande, o que foi preciso para me chamar a atenção de tal forma que eu decidisse escrever um artigo apenas sobre isso? Bem…
Sério que o cara se chama Konan? Konan tipo Conan, o Cimério? Aquele raquítico covarde? Mas bom, não dá para dizer que não há relação alguma. Mas não é entre Conan e Konan, é entre Conan e Rose: ambos são anti-heróis, agem segundo um código moral próprio, segundo uma noção particular de justiça. São assassinos, violentos e carismáticos. Mas enquanto Conan é uma montanha de músculos Rose é apenas uma garotinha bonitinha. Ela jamais seria interpretada por Arnold Schwarzenegger no cinema, então precisa esconder seu rosto e viver uma vida dupla.
E caiu a máscara (literalmente inclusive, a própria Rose a jogou no chão) de uma assassina Robin Hood, matando os maus e poderosos para proteger os bons e fracos. Ela quer mesmo é se vingar. Será que seu pai adotivo aprovaria isso?