Kiseijuu – ep 1 – Eu, eu mesmo e minha mão direita
[sc:review nota=3]
Ponto positivo principal: não tem censura. Não é vastamente gore como Terraformars por exemplo, mas tem mais que o suficiente de cenas sangrentas, pelo menos por enquanto. E zero censura. Ponto negativo principal: era para ser terror? não me sinto nem um pouco aterrorizado. A criatura é até bem engraçadinha. E me desculpe, mas não pude evitar a piada no título do artigo! Como o Leandro Hassum, eu sou fã do Jim Carrey.
Esporos caem dos céus. Deles emergem vermes que procuram um hospedeiro para devorar-lhe o cérebro, aprender a falar (isso parece importante para eles) e sair por aí devorando outras pessoas. No caso do protagonista, ele estava dormindo com fones de ouvido, então o verme falhou em entrar pela orelha, e quando foi tentar entrar pelo nariz o rapaz acordou. Ele ainda conseguiu entrar pela mão, mas Shinichi (o nome do protagonista) usou o cabo do mesmo fone de ouvido que o salvou mais cedo para improvisar um torniquete no braço e impedir que a criatura subisse para sua cabeça. De alguma forma, o parasita acabou devorando a mão (e pelo menos parte do braço, acredito) dele e acabou crescendo ali, não podendo mais migrar para o cérebro, tornando os dois, Shinichi e parasita, essencialmente, uma criatura simbionte com duas consciências independentes. Outros parasitas tiveram mais sucesso e estão parasitando e devorando pessoas pelo Japão.
O parasita não sabe de onde vem, nem tem um objetivo bem definido. Embora bastante inteligente (já balbuciava de forma coerente no primeiro dia, e na noite desse pro segundo dia leu vários livros no quarto do Shinichi e aprendeu a falar perfeitamente, além de ter adquirido um vasto conhecimento geral), nada sabe sobre si e sobre sua raça. Age basicamente sob instintos de sobrevivência, e por isso sugere ao protagonista que não se livre dele, que convivam juntos no mesmo corpo, pois isso será bom para ambos. Tendo fracassado em todos os argumentos, apela ao medo, dizendo para o Shinichi que tentar entregar o parasita para as autoridades só transformaria ele próprio, Shinichi, em cobaia de experimentos. Outros parasitas também são mostrados tentando aprender a falar, e presumo, outras coisas para conviver na sociedade humana. Não obstante, eles ainda são predadores insaciáveis e irão devorar qualquer pessoa quando estiverem com fome. Podem devorar o cérebro de outros animais também, como um cachorro que aparece no episódio, mas isso é considerado um fracasso: eles querem instintivamente devorar humanos.
Vendo a arte nos trailers eu havia achado que o protagonista seria mais velho, adulto mesmo, mas é só um colegial comum. Vamos ver que impacto isso trará para a história. Aliás, que história? Até agora está parecendo um slice-of-life “eu e minha mão falante”. Bom, pelos elementos apresentados e outros presumidos, acredito que em algum momento isso se transformará em terror survival, como qualquer história de zumbis clássica. Shinichi até já tem a quem proteger: uma amiga de infância bonitinha que está irritada com o rapaz porque o parasita pegou no peito dela. Por que o parasita fez isso? Sei lá. Vai ver, como alguém me sugeriu, ele estava ainda aprendendo a controlar a mão do Shinichi. Eu acho que pode até ser, mas diria que o motivo mesmo é muito mais ferramental para o enredo: foi uma forma fácil de criar um pequeno conflito entre os dois personagens.
Foi um episódio divertido, mas não começou a entregar nada ainda. Mantenho a esperança de assistir um bom terror japonês. Arte e animação foram competentes, e ver um pouco do que esses parasitas são capazes de fazer compensou a total ausência de enredo. Como vai ter 24 episódios (segundo o MyAnimeList) os produtores podem se dar ao luxo de um primeiro episódio mais lento.
Mais imagens:
Lidiane
~Sim, eu leio bem rápido.~
Vamos às considerações: primeiramente, eu não tinha parado pra pensar nos parasitas usando a reprodução humana como forma de reprodução própria. Será que era apenas um teste, ou interesse no nosso acasalamento como disse o Migi? (Ainda estou rindo dele tentando causar uma ereção no Shinichi.) Se for o primeiro caso, estamos bem fodidos.
Sobre a mudança do protagonista, ela já é evidente apenas do episódio passado pra cá. Creio que ele vá se tornar cada vez mais frio e terá menos dó de matar, digamos. Não duvido que antes da metade da temporada ele já esteja matando humanos por conta própria. Ah, e acho muito improvável que o Migi tenha sido empático a ele, se o parasita começar a se tornar emotivo eu ficarei bastante frustrada.
Por último: eu sempre me coloco no lugar do protagonista em animes com conflitos. Como fiz em Tokyo Ghoul, faço em Kiseijuu. No lugar do Shinichi, acho que estaria me sentindo bem menos culpada com as mortes e teria menos gana em “salvar a humanidade”, digamos. Migi está certo, eles estão só se alimentando. Buscar fundo psicológico nisso é um desperdício completo de tempo, apenas se prepare para tentar sobreviver e pronto. Aliás, se ele fosse tão preocupado quanto tenta parecer, teria se entregue às autoridades e revelado a existência dos parasitas. Shinichi é apenas mais um humano egoísta. E ponto.
(E uma salva de palmas à ameaça de Migi em cegar e mutilar seu simbionte. Foi belo.)
Acho que era isso. Espero pela semana que vem. =3
Fábio Mexicano Godoy
Também acho que não houve empatia do Migi, mas a cena foi produzida propositalmente para deixar essa dúvida. Mas imagina que legal seria se o Migi fosse um parasita tsundere? =D
Lidiane
Wow, eu também não tinha me ligado em usar os parasitas como uma metáfora para o amadurecimento. Acho que é porque eu acho meio chato esse tipo de linguagem, mas é mais provável que eu seja só desligada mesmo. By the way, depois de assistir esse episódio eu fiquei sem ter a menor ideia de para onde a história se encaminhará a partir de agora. O Shinichi não vai poder manter a posição de “estudante moralmente correto” para sempre, e, se o fizer, ficará vulnerável. Migi precisa aprender a trabalhar em equipe, mas isso é irrelevante, já que ele é inteligente e aprende rápido. Bem, semana que vem teremos alguma resposta.
PS:Por mais que seja um humano comum, tenho uma dó desse bebê…será que a parasita vai desenvolver algum tipo de afeição para com ele?
Fábio Mexicano Godoy
Primeira coisa: o sistema de comentários do Disqus tá uma bagunça, os comentários do post anterior vieram para esse e no sistema está aparecendo que todos estão vinculados ao primeiro post, mas lá não aparece =/ Vou ter que consertar isso urgente.
Fábio Mexicano Godoy
Eu também não tinha pensado nisso de forma metafórica. Eu acho que sou ruim para isso, ou não estudei literatura (cinema, artes, sei lá) o suficiente para perceber rapidamente metáforas comuns usadas em alguns contextos de ficção. Por exemplo: lençóis brancos no alto de prédios no Japão estão sempre associados à morte. Tente se lembrar de animes onde viu isso e vai ver como é verdade. E essa é uma das razões de eu adorar o Moe Sucks, o cara é muito perceptivo. Acho que com esse enfoque a história ficou muito mais interessante do que um simples survival ou qualquer outro subgênero de terror. E sim, o Migi também vai ter que mudar, é que nesse texto já estou tratando o par Shinichi/Migi como um ser só. Na prática os dois mudarão para poderem se entender e conviver da melhor forma possível juntos. Mais ou menos como temos que resolver as contradições entre nossas visões de mundo e ideologias adolescentes e a realidade da vida adulta. Sobre o bebê eu não pensei muito ainda, mas talvez ele tenha um papel importante. Ou talvez, como são ainda nove meses até ele nascer, é possível que a história sequer dure tanto tempo assim.