[sc:review nota=4]

 

 

Esse episódio de Kuroko no Basket me trouxe muitos questionamentos: Como um time tão sem sincronia conseguiu ir tão longe? Existem mesmo dois Akashis? Kuroko é um garoto solitário e amedrontado? O que se passava no coração de Aomine, de Origawa, de Midorima? E, ao mesmo tempo, tive muitas constatações: eles não eram um bom time. Não eram amigos um do outro. Akashi nunca se abriu para ninguém. Todos se davam bem com a Momoi (sim, isso importa). E é preciso pouco, muito pouco, para mudar definitivamente a personalidade de uma pessoa.

No começo do segundo ano, bem na época em que Kise se junta ao time, o atual capitão Nijimura está com problemas pessoais e resolve passar o cargo para Akashi, na época já vice-capitão. A decisão choca a todos, desde o professor responsável e o técnico até os jogadores. Mesmo que o ruivo não esteja muito satisfeito, a decisão se mostra acertada. Sua primeira decisão como capitão é tirar o cargo de titular do problemático Haizaki, e promover Kise ao seu lugar. Mais do que isso: além de rebaixar o ex-capitão a reserva, ele mexe seus pauzinhos até que o primeiro saia completamente do time. Ele diz isso com uma frieza digna do Akashi que conheceríamos no colegial. Midorima se questiona como uma mesma pessoa pode apresentar um lado amável e gentil, ao mesmo tempo em que é tão cruel e desinteressado. Já eu não tenho as mesmas dúvidas que ele: pra mim, Akashi sempre foi uma pessoa assim, e seu lado supostamente legal é uma máscara que ele usa para seduzir todos ao seu redor. O que ainda não descobri é se ele só mostra sua verdadeira face a Midorima pelo fato de os dois serem próximos, ou se é justamente por ser próximo ao capitão que ele tenta se convencer de que ele não pode ser tão mau assim. Talvez eu esteja enganada. Talvez Akashi seja mesmo gentil lá no fundo, talvez tenha tido problemas familiares (família rica e tradicional, seria provável), mas eu não acredito muito nisso não. Pra mim, existe apenas um Akashi. E ele é um cara mau.

 

Só você pra confiar nele, Midorima...

Só você pra confiar nele, Midorima…

 

Se o primeiro ano foi de preparação para o nascimento da Geração dos Milagres, o segundo foi a infância conturbada. Midorima e Murasakibara estavam sempre se estranhando. Aliás, Murasakibara se estranhava com praticamente qualquer um, até eu me irrito com aquela indiferença dele. Kise e Aomine idem, mas no geral eles tentam se comportar. Essa também é a época em que Momoi se apaixona por Kuroko, e ele se torna um observador nato das pessoas. Interessante como usar o minsdirection o tornou bastante empático, a ponto de ser o primeiro a notar a mudança que tomava conta de Aomine. Ser o melhor jogador tirou o seu prazer em jogar, e a ausência de um rival à sua altura o deixou cada vez mais amargo e menos amigável. Ao seu modo, Kuroko tentou ajudá-lo, mas não foi muito eficaz, infelizmente. Akashi também notou, e cobrou empolgação de seu time. Vai sonhando.

 

Como cães vira-latas.

Como cães vira-latas.

 

O campeonato avança, e Aomine piora. As coisas tendiam a melhorar no começo de um campeonato, quando ele encontra um velho amigo e Kuroko revê, enfim, seu mentor e companheiro. Seu nome é Ogiwara Shigehiro, e ele é um garoto alegre que realmente gosta dele. Mas a tragédia chega em seguida: os times dos dois amigos se enfrentam em quadra. É um verdadeiro massacre. Mesmo antes do fim do jogo (Kuroko nem chegou a participar) o placar está 150 a 81 para a Teiko. Ogiwara começa a desistir, e Aomine está completamente frustrado. O fim do jogo não traz felicidade a ninguém, já que Kuroko recebe uma ligação de seu amigo derrotado, completamente frustrado e sem pudores de chorar a derrota, ao mesmo tempo em que sua luz está mais apagada do que nunca. Daí é só ladeira abaixo, já que em breve Origawa largará o basquete permanentemente e Aomine, convencido de que não existem adversários à sua altura, se afunda cada vez mais em um poço de solidão e egoísmo. E Kuroko perde seus dois pilares de uma única vez. Colocando as coisas em perspectiva pela primeira vez, eu enfim consigo compreender quase que completamente o bendito protagonista dessa saga. Tetsuya perdeu dois amigos preciosos em um curto período de tempo, de uma forma que estava fora de seu controle e o tornou assustado e emocionalmente dependente. Lembram como ele se comportava com o Kagami no começo da série? Ele reconhecia em sua nova luz o mesmo padrão que viu não só no Aomine, mas em quase todos os membros de seu time, e tentou de todas as formas impedir que ele também se perdesse. Kuroko não suportaria perder um amigo mais uma vez. Ainda bem que não foi necessário. Só torço para que, no final das contas, Ogiwara volte para torcer pelo seu amigo, com um sorriso verdadeiro em seu rosto.

 

Nunca esqueça o seu sorriso, Kuroko.

Nunca esqueça o seu sorriso, Kuroko.

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