[sc:review nota=4]

 

 

 

Creio que já falei isso antes, mas uma das coisas que me faz gostar de Shokugeki no Souma é que, mesmo que esteja num mundo completamente desconhecido, Souma foi naturalmente treinado para enfrentá-lo. Mais até do que os riquinhos que povoam a escola. Mesmo que ele não fizesse ideia disso. Mesmo que ele ame cozinhar, e não o faça apenas por fama e lucro como os outros. Ele tem todos os mecanismos e oportunidades dados pelo seu pai, e as está aproveitando intensamente. Pode ser até conveniente demais, mas funciona, e eu não é tão forçado como costumam ser a maioria dos shounens. Seria muito pior se ele tivesse uma habilidade nata jamais descoberta que se desenvolve progressivamente e ainda assim fosse melhor do que a dos outros. Mas falando em shounens, existe uma pequena lista de elementos essenciais para que eles funcionem. Já temos o protagonista dedicado e talentoso, os meios para que alcance o seu sonho, o caminho que ele precisa seguir, a antagonista que atrapalhará seu caminho, o ecchi. O que mais estava faltando? Ah, um aliado é claro! E alguém que ele precise proteger! Por conveniência, ele consegue as duas coisas de uma única vez, na forma da já experiente Tadokoro Megumi.

Antes de apresentá-la, eu tipo, preciso descrever a cerimônia de abertura. Seria como qualquer outra, não fossem por dois discursos que inflamaram o ânimo dos alunos. O primeiro deles é o do diretor, que também é o avô de Erina. Ele incentiva (ou seria amedronta?) seus alunos prevendo que apenas 1% deles será capaz de se graduar, e que os outros 99% serão apenas os seus degraus de subida. Me lembra o sistema utilizado em Assassination Classroom, só que mais sutil e menos reprovável. Aliás, curti a grade curricular do lugar, economia, saúde pública e introdução à agricultura? Aprovado pelo MEC. Já o segundo discurso é proferido pelo único aprovado para ingresso externo no colegial. Quem? Souma, claro. E, como se não fosse pouco entrar no lugar já com uma inimiga declarada, ele diz na frente de todo mundo que será o número um dali. Resultado: ele se torna a pessoa mais odiada do lugar, claro. Nada inteligente, eu diria. Mas sendo o bobo alegre que é, Souma não está nem aí, ou não nota a gravidade do que fez, ou as duas coisas.

Sobre sua nova aliada: Megumi-chan já está na escola de culinária desde o ginasial, mas suas notas estão baixas, e se isso não mudar ela será expulsa. Claro que isso a está estressando, ela deixou a família para trás a fim de estudar e não quer voltar para casa como uma derrotada. Ao presenciar o discurso, ela decide prontamente ficar longe do garoto problema, mas já na primeira aula (culinária francesa) acaba sendo forçada a formar uma dupla com ele. Dá pra entender o desespero dela: corda no pescoço, formando dupla com a pessoa mais odiada do lugar e que, além de ser o único novato, não entender bulhufas de comida francesa, e o professor é um carrasco que julga seus alunos apenas com a nota máxima ou mínima. Não a julgo por estar mentalmente empacotando suas coisas. E o ruivo? Como sempre, nem aí. Não me admira ser detestado, já que aparentemente não se importa nem um pouco com algo que representa a carreira inteira de quase todos os que estão ali. Se Megumi tivesse metade da personalidade de Erina, já teria gritado com ele.

 

Uma ocasional companheira em meio ao caos

Uma ocasional companheira em meio ao caos

 

Mas quem diria, ser um bobo alegre tem suas vantagens! O primeiro prato que eles precisam preparar é complexo e cronometrado, e a garota está uma pilha de nervos. Ele consegue diminuir parte da tensão dela, e o prato começa a ficar pronto sem problemas. Isto é, com exceção da pilha de sal colocada de propósito dentro da panela de carne. Megumi entra em pânico, eles não têm tempo para cozinhar outra carne, mas Souma está de boa. Agindo como um verdadeiro expert, ele logo comanda a garota  começam a refazer o prato, inclusive finalizando-o antes do time sabotador. O professor, que sabia o que havia acontecido, pergunta como ele se desdobrou para cozinhar a carne de forma que ficasse macia em tempo. A resposta: mel. Souma usou mel para que a protease presente no alimento quebrasse as proteínas da carne, amaciando-a. Esse truque é velho conhecido de pessoas que gostam de cozinhar, inclusive eu conhecia as versões do abacaxi, do azeite e do limão, mas como abacaxis são extremamente caros no Japão o garoto testou outras alternativas mais baratas. Isso por si só já demonstra a experiência dele com os ingredientes, mas há mais um detalhe que não foi dito: adicionar mel na carne pode causar desequilíbrio no sabor, então é necessário reorganizar os demais temperos a fim de se obter o resultado desejado. Ou seja, adicionar mel e depois neutralizá-lo, e não, não é algo simples. Mas ele o fez. E foi capaz de fazer o carrancudo professor sorrir, e dar-lhes uma nota máxima pelo preparo. Ah, os sabotadores? Queimaram o molho e tiraram nota E. Carma, amigos, é isso aí. Eu poderia perder um tempinho me perguntando se os alunos que apenas estudaram na escola técnica conhecem esses truques diários para consertar ou melhorar pratos, ou se não teria sido mais simples que eles consertassem o excesso de sal da panela ao invés de refazer tudo do zero, mas não deve ser nada de muito importante.

 

Fanservice da semana, anotado.

Fanservice da semana, anotado.

 

Só uma última coisa que não foi comentada antes: após o discurso de Souma, Erina diz que ele não tem a menor chance de sobreviver ali, já que a maioria dos estudantes vêm aprendendo culinária de ponta nos últimos três anos. Já Souma responde que pegou numa faca pela primeira vez quando tinha três anos de idade, e que pratica incessantemente há doze anos. Então, quem ali está realmente mais preparado para um colegial dos infernos? Creio que a resposta é óbvia. Fica difícil não torcer por ele assim.

 

  E nem é necessário ressaltar a fúria de Erina quando ela descobre o sucesso do novato atrevido, né? Não, creio que não...

E nem é necessário ressaltar a fúria de Erina quando ela descobre o sucesso do novato atrevido, né? Não, creio que não…

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