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Sete minutos foi o tempo total de batalha em tela, somando dois minutos no começo do episódio com cinco no final. Em um episódio chamado “Uma batalha épica” eu certamente teria ficado mais feliz com um pouco mais dessa tal de “batalha”. E se ela tivesse sido épica então, melhor ainda! Mas foi basicamente o Loiro (hoje eu conto o nome dele, daqui a pouco) flutuando parado no ar arremessando armas perfurantes contra o Berserker, que se debatia inutilmente tentando se defender e defender a Illya. A maior parte do episódio foi dedicada a contar a história da meia-homúnculo. Dá até preguiça falar de um episódio assim, mas vou me esforçar.

Primeiro, considerando que a primeira série anime de Fate estreou há praticamente dez anos, que há poucos anos teve outro anime da série que fez muito sucesso (Fate/Zero), que já passa da metade dessa encarnação do Stay Night e que a série tem toneladas de fãs, nem todos discretos com spoilers, acho que posso falar pelo menos o nome do Loiro malvado desse episódio: Gilgamesh. Sim, o rei sumério de Uruk. Curiosidade: o real Gilgamesh provavelmente teve pouco ou nada a ver com a Babilônia. Em particular, o famoso Portão da Babilônia só seria construído cerca de dois mil anos após sua morte. Mas isso é só fun fact, ok?

Então tá bom, voltando à história, Gilgamesh epicamente batalhou contra Hércules (o Berserker) nesse episódio. Não apareceu muito disso, como já disse, mas tudo bem, o que importa é desenvolver personagens! E a Illya ficou super desenvolvida. Mal sei por onde começar. Bom, que ela era meia-homúnculo e meia-humana já havia sido revelado, e que o pai humano dela era o Kiritsugu, pai adotivo do Shirou, também, então vou começar daí. Criada pela família Einzbern em um castelo gelado no meio do nada no … país onde moram os Einzberns (se eles intencionalmente não têm nome japonês, óbvio que não moram no Japão, embora possuam um castelo estilo medieval europeu lá também), ela teve uma infância triste. Sua mãe virou ou deveria ter virado o Graal ou ter servido para invocá-lo ou algo nesse sentido, mas seu pai, Kiritsugu, traiu o movimento homúnculo, véi. E nunca retornou para a filha. Ou ela foi forçada a crescer acreditando nisso, e devo dizer que até onde pude ver funcionou. Quero dizer, assumindo que a família Einzbern realmente cria homúnculos às dúzias para invocar o Cálice Sagrado, o Kiritsugu estava trabalhando com eles para isso e por qualquer motivo se arrependeu no final, quais as chances deles deixarem ele voltar tranquilo pela porta da frente sorrindo e coçando a cabeça enquanto fala “Foi mal, mas o barato do cálice deu ruim, hehe… onde tá minha mocinha linda? Estou com saudades dela e também preciso contar sobre sua mãe”?? Dou de barato que ele nunca tentou, mas por que deveria? Seria inútil, ele sabia disso.

Illya era uma criança, lógico que nunca perdoaria o pai tão fácil assim, mas tenho certeza que nunca sequer teve a chance. Em uma coisa ela esteve certa durante toda sua vida: ela foi criada como uma ferramenta. Pois veja você que a pesquisa dos Einzberns é justamente criar homúnculos para servirem de alguma forma na cerimônia de invocação do Graal. Supostamente isso já deu certo uma vez, há mil anos atrás. A invocação, digo, porque não deixam claro se havia homúnculos envolvidos nessa invocação ancestral. O fato é que desde então os Einzberns tentam criar homúnculos magicamente poderosos e sensuais (até onde pude ver eles tem fetiche por criar mulheres… talvez seja um requisito do Cálice, vai saber), e a Illya é o pináculo da pesquisa deles. Segundo outras homúnculos dizem à Illya, se mesmo a garotinha fracassar, eles irão cancelar o projeto. Terão levado apenas mil anos para tirar essa ideia fixa da cabeça, mas antes tarde do que nunca! E o que a Illya tem de diferente das demais mesmo, até onde pude entender? Ela é meia-humana. Precisaram de mil anos para ter uma ideia tão simples assim? Tá bom, não vou discutir.

Abandonada pelo pai, tratada como ferramenta, operada diariamente durante boa parte da infância (para colocar os tais circuitos mágicos, talvez? Fazem questão de dizer que 70% do corpo dela é composto por eles), não é de se estranhar que ela tenha se tornado fria e cruel. Quando o Berserker foi invocado ela ainda via todos como ferramentas, inclusive a si mesma e ao seu servo grego. Tudo o que ela precisou para amolecer seu coraçãozinho de meia-homúnculo foi quase ser devorada por uma matilha de lobos no meio de uma nevasca. Como parte de seu treinamento ela foi abandonada no meio do nada e deveria conseguir retornar sozinha para o castelo (sério que ela não pensou em fugir? Ok, talvez eles pudessem caçá-la, mas mesmo assim…). Quando os lobos estavam começando a pensar em como repartir aquela carne albina entre eles, contudo, eis que Hércules surge e a salva. Ah, curiosidade bem aleatória: japoneses falam Héracles, não Hércules. No oriente os nomes predominantes são os gregos, enquanto no ocidente, por razões óbvias, os nomes latinos são mais comuns. Então se você prestar atenção enquanto os dubladores estão falando “Hércules” não é que eles estejam falando muito errado. Bom, eles estão falando muito errado, mas o que estão falando é Héracles, não Hércules. Fica algo como Heracuresu, com o último “u” quase inaudível (não pronunciado em alguns casos).

Voltando: como Hércules a salvou, Illya concluiu que ele a estava protegendo por livre e espontânea vontade, algo como um amor incondicional, quase paterno, aquele tipo de carinho que ela ansiou durante toda sua vida. E foi montado como se fosse isso mesmo, mas considerando o que já sabemos sobre servos, ele poderia muito bem estar apenas protegendo o próprio rabo afinal se ficasse sem mestre eventualmente desapareceria. Mas não foi o caso, ele é um bárbaro enfurecido de bom coração mesmo. E é isso. Agora Illya e Hércules tinham uma relação amorosa como se fossem uma família de verdade, embora ele, como um Berserker, não pudesse fazer mais do que protegê-la.

E no final o Gilgamesh matou ele depois matou ela depois matou ele mais um pouco.

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