[sc:review nota=4]

Eu já disse noutro artigo e repito nesse: a ideia original do autor é que o Nagisa fosse uma garota. Bom, para ser sincero eu não me lembro se pesquisei o suficiente para ter certeza disso, então não posso dizer com certeza, mas apenas olhe para ele. Cintura fina, peito feminino (se tivesse seios seriam daqueles bem retos, o formato do tórax dele passa essa exata impressão), pequeno, voz fina, cabelo amarrado em duas maria-chiquinhas. Muita gente confundiu ele com uma garota no começo do anime. E reza a lenda que o autor de Assassination Classroom queria fazer dele uma garota, mas a Shonen Jump não permitiu uma história com protagonista garota em suas páginas. Isso pode ser verdade bem como pode ser apenas o caso do autor querer fazê-lo andrógeno de propósito. Qualquer que seja o motivo, o resultado foi bom.

O relacionamento dele com o Karma é um pouco ambíguo também. Nem tanto no texto, mas no subtexto que o anime passa (e acredito que o mangá também). Assim, a ser verdade que o Nagisa deveria ter sido uma garota, não posso evitar pensar em uma história completamente diferente onde o relacionamento entre eles forneceria o equilíbrio emocional que o Karma precisa. Mas essa história não aconteceu, provavelmente nunca esteve em planos de acontecer, então deixo-a apenas como sugestão para os autores de fanfics. Podem usar as imagens desse episódio como referência também, onde o Nagisa se vestiu e na medida do possível e do necessário se comportou como uma garota.

E ele fez isso depois do Karma derrotar com certa facilidade (e muita astúcia) o bandido que os enfrentava no episódio anterior. Mas nenhuma força bruta com ou sem um gás anestésico estrategicamente improvisado seria suficiente para atravessar um andar inteiro cheio de adolescentes ricos se divertindo e seguranças guardando a porta do próximo andar logo depois desse salão de festas. Quero dizer, talvez até fosse, né? Mas aqueles adolescentes todos seriam vítimas colaterais e provavelmente seria uma péssima ideia lidar com eles dessa forma. Então, ao invés disso, as garotas da sala se infiltraram no local. E o Nagisa também, porque “seria muito perigoso elas irem sem um homem junto”. Normalmente eu diria que isso é só machismo, mas como foi só pretexto para fazer a piada do Nagisa travestido eu perdôo dessa vez.

Claro que o Nagisa teve até mesmo que lidar com um garoto dando em cima dele! O pobre menino rico vive pressionado pela sombra de seu pai e as expectativas de todo mundo para que seja como ele, e isso enche a cabeça do garoto de ideias perturbadas. No fundo ele não é uma má pessoa, como o Nagisa descobriria: em todos os momentos, ele só queria de alguma forma agradar a garota (ou o Nagisa), ainda que algumas de suas ideias de “agradar” sejam distorcidas. E ele desesperadamente quer atenção, mas isso não é de forma alguma um mal em si. Fracassando múltiplas vezes em agradar a “garota” que o acompanhava ele fica cada vez mais nervoso (mas não agressivo) e acaba, meio sem querer, desabafando, revelando pelo menos parcialmente as razões pelas quais é tão angustiado e está tão frustrado. Ele resume seu sentimento com a frase que serve de título a esse artigo: É difícil ser um garoto. E o Nagisa, travestido e arrastado pelas garotas contra sua vontade, só pôde concordar. Esse garoto ainda experimentaria uma pequena redenção quando salvo de um yakuza por uma das garotas da 3-E, que o nocauteia de um golpe só (elas super precisam de um garoto acompanhando). Impressionado após testemunhar isso e impressionável por força da circunstância, ele escuta de Nagisa que é um bom garoto, que deve continuar tentando agradar as garotas. Mas nada de drogas. E ele joga fora seu maço de cigarros de maconha que ele também havia usado para tentar impressionar “a” Nagisa (bom, nunca vi maconha consumida em cigarros idênticos aos do tabaco, mas acho que essa foi uma “liberdade poética” do anime).

No final o Terasaka teve oportunidade de mostrar um pouco de sua própria redenção também, ainda daquele episódio onde ele vendeu o professor para o Shiro e o “irmão” do Koro, quando sacou cacetetes de atordoamento elétrico que supostamente devem ter custado a maior parte do dinheiro que ele ganhou naquela ocasião. E a turma 3-E conseguiu armas de verdade com os guardas derrubados com esses cacetetes. Convenientemente duas, para os dois atiradores da classe, que sentem agora o peso de usarem uma arma real enquanto o professor Karasuma continua (também convenientemente) incapacitado de ajudar fisicamente. O último bandido que eles irão enfrentar já foi retratado como sendo devidamente insano, além de ser um amante de armas de fogo. Sem matar, porque o professor os proibiu disso, eles terão que mostrar agora não só o quanto já aprenderam, mas o quanto já amadureceram, porque a situação tende a ficar mais psicologicamente tensa.

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