Kuroko no Basket 3 – Ep 22 – Os não-limites da zona
[sc:review nota=4]
Este episódio foi muito, muito bom. Talvez o melhor deste jogo final até agora, tanto pela pressão esmagadora do início do quarto final quanto pela fúria que emanava de cada um dos dez garotos em quadra. Mas, ao mesmo tempo, foi um dos episódios que menos me agradou. Parte do motivo veio do Kagami e daquele papinho tão ex machina sobre a segunda zone, mas o principal fator foi, como sempre, ele. O capitão da Rakuzan. O babaca dos babacas, o rei do egocentrismo, Akashi Seijuro. Quando um líder abandona completamente os seus seguidores e começa a lutar sozinho, por considerá-los um bando de incapazes e ignorando completamente os seus sentimentos, eu não posso sentir nada além de desprezo. E, claro, um pequeno lado meu lembra de como os três tratavam Mayuzumi do mesmo jeito poucos minutos atrás e pensa baixinho: “Bem feito, pensaram que eram especiais? Pois bem, não são.”.
Prestes a iniciar os dez minutos que definirão não só o vencedor da Winter Cup como talvez o fim de uma era, os dois times tomam suas precauções. De um lado, Hyuga está decidido a voltar ao jogo e deter os três arremessos de Reo. Do outro, Akashi dá instruções a todos os seus jogadores, menos a Mayuzumi. Ele sabe que permanecerá sendo apenas uma isca, e nem adianta se irritar com isso. Os espectadores se dividem quanto ao resultado, afinal Seirin está 20 pontos atrás dos atuais campeões, e talvez 10 minutos não sejam o bastante pra superar tamanha diferença, mas o fogo deles tornou a acender durante o terceiro tempo de uma força que não se apagará antes do apito final. Não importa o que aconteça. Mas para isso, é preciso que os cinco jogadores façam direitinho a sua parte.
Primeiro, o capitão Hyuga. Após analisar o embate entre Reo e Koganei do banco, ele sabe como funcionam o Céu, a Terra e o Vazio, e como antecipá-los. Acontece que o centro de gravidade do arremessador se desloca de forma ligeiramente diferente dependendo de suas intenções, e isso não é algo que dê pra disfarçar com falsos arremessos. Ainda assim é preciso muita técnica para avaliar qual será o próximo arremesso a tempo de detê-lo, e o capitão já provou há muito que não é um jogador qualquer. O maior problema era com o Vazio, já que por algum motivo o defensor era incapaz de saltar junto com Reo para tentar deter a bola. Mistério esclarecido: o segredo era o agachamento muito baixo seguido de uma ligeira pausa antes do salto. Confuso e atrasado, o defensor não conseguia retomar o salto ao mesmo tempo do moreno e acabava desequilibrado. Hyuga descobriu esse truque, para a fúria e descontrole do invencível Mabuchi, diminuindo a diferença entre os dois placares. Pelo visto, as quatro faltas não o estão afetando como o rival esperava.
Um dos grandes problemas da Seirin é Teppei. Sua lesão no joelho não pode mais ser ignorada, mas forçar a sua saída seria inútil. Esta é a última temporada dele, só o que ele conseguirá suportar, e tirá-lo justamente no finalzinho é cruel. Além do mais, Riko não conseguiria. Teppei iria choramingar feito uma criança até que ela o recolocasse em quadra, mesmo que isso o aleijasse. O discernimento de Hyuga é acertado, ele conhece bem sua técnica e seu melhor amigo, então decide incentivá-lo até o fim… Do jeito dele. Se Teppei cair, será de uma vez, mas também será como um herói. Mas vai lá dizer isso ao Nebuya, que tá dando chiliquinho feito uma criança. Agora, quem é que vai lá acalmá-lo? Kotarou. Só pra cês verem como tava ruim o negócio.
A diferença cai cada vez mais, mas Akashi se mantém calado. Mesmo quando Kagami chega quase aos limites da zona, o capitão se mantém em silêncio, deixando seus subalternos desconfiados. É aí que a coisa vira bagunça, e a zone tradicional ganha novas características. Primeiro: ela não é infinita, pelo contrário, há uma segunda porta que gera uma zona ainda mais bestial, mas que nem Aomine conseguiu romper. Segundo: é possível entrar na zona usando simples concentração, mas não é qualquer um que é capaz de tal proeza. Mas desde quando o grandessíssimo convencido Seijuro é qualquer um? Ele já testou abrir as portas à força antes, e conseguiu. É um trunfo que ele guardou para, usando suas próprias palavras, seus jogadores o tiverem decepcionado e ele os tiver abandonado. Akashi se tornou capaz de enfrentar a Seirin inteira completamente sozinho, obviamente guardando a posse de bola. Ele é único, onipotente e imparável. Ou quase. Todos contam com Kagami para que detenha seu rival, e é um confronto direto tão sem saída que o time inteiro já se conformou e colocou tudo nas costas de seu ás, o que é uma grande prova de confiança ao mesmo tempo em que é meio patético, mas compreensível. A segunda porta da zona, que eles nem sabem ainda que existe, é sua única salvação. Cúmulo da apelação, do protagonismo e o maior ex machina da história de Kuroko no Basket? Sem sombra de dúvidas. Mas neste ponto, se eles quiserem tirar o Shaquille O’neal do suvaco e colocá-lo em jogo usando a camisa preta, eu deixo. Tudo pra derrotar Akashi, porque se a Rakuzan vencer, será estúpido, brochante e em vão, apesar de lógico.