[sc:review nota=1]

Esse episódio de certa forma é um microcosmo do que foi a série inteira. Começa por ele ser um episódio inteiro de epílogo em uma série com 26 episódios (começou no zero), sendo que os dois primeiros foram duplos, e não foi contada tanta história assim. Sim, é aquela crítica que eu venho fazendo que já está até começando a apodrecer de tão velha: a série se arrasta. Apenas pensando no que aconteceu, recitando um resumo do episódio, ele até parece interessante, mas não foi. Há piscadelas para o fã da franquia que sabe de coisas além desse anime, mas elas não se encaixam direito e não cumprem uma função relevante. E quase todo mundo que gosta de Fate gostou desse episódio e eu vou passar por ranzinza por estar criticando ele, ou por “mal entendedor”. Isso é um pouco incômodo mas meu compromisso é ser fiel ao que penso, é assim que eu sei produzir conteúdo, sendo honesto. E também, se já cheguei desse jeito até aqui, não é só mais um episódio que vai fazer diferença.

Durante a série critiquei duramente o Shirou quando ele discutia com Archer, dizendo que não importa o quão desgraçado seja o futuro para o qual ele está caminhando, ele não pretende desviar um centímetro e acredita que ele está certo e o Archer, que já havia vivido exatamente aquilo, errado. Na hora, da forma como foi feito, ficou soando que ele era só um garoto mimado que havia perdido no argumento mas não queria admitir. Alguns episódios (e muito palavrório depois) ficou um pouco mais claro: não é que Shirou acreditasse que o futuro dele seria brilhante onde o do Archer havia sido negro apesar de serem essencialmente idênticos, mas sim que ele acreditava que ele precisava fazer aquilo. Que isso já tinha valor em si só. E agora no final, em conversa com a Rin, ele amadureceu um pouco mais e sabe que todas as chances estão contra ele, mas que mesmo que sucumba no final, mais importante que o destino é o caminho. E por estar ciente de tudo isso ele pode trabalhar para, sem desviar desse caminho, tentar chegar mais longe nele do que o Archer pôde.

Não é ruim, não é mesmo. Não o critico por ter recusado a boa oferta que recebeu da Associação dos Magos nesse episódio. Ele preferiu seguir a convicção dele e não há nada de errado com isso, uma vez que foi essa mesma convicção que o trouxe até aqui e ela não está essencialmente errada. Mas como no caso da impressão inicial da discussão dele com o Archer, a execucão fez o Shirou parecer só um idiota. Ele conversou um pouco sobre o assunto com a Rin, mas não consegui sentir nem um pouco de conflito ali. Não pareceu em momento algum que ele estivesse penando para tomar uma decisão tão difícil. Má direção talvez, personagens poucos expressivos (exceto quando é pra Rin fazer caretas super exageradas em situações cômicas), não sei, podem haver vários fatores aí, mas não funcionou como deveria.

Uma coisa certamente atrapalhou: a conversa inútil do Shirou com o Waver. Aquele adulto cabeludo de voz grossa, caso você não o conheça ou não o tenha reconhecido. Não contribuiu em nada com a história ou mesmo com esse pós-história que foi o epílogo. Sequer foi dito quem ele era. A conversa entre eles não mudou nada. O Waver só apareceu para fãs do Waver ficarem felizes. “Óia lá, o Ueivi!!!”. Eu admito: vi o Waver e foi essa a minha reação. Daí ele foi embora e aquela cena não resultou em nada … até o fim do episódio e da série. Muita coisa foi assim em Fate, essa foi apenas a última delas. De quebra, isso tomou tempo que poderia ter sido usado para, digamos, transmitir de forma mais adequada a sensação de conflito interno pela qual o Shirou estava passando. Ou ele realmente não passou por conflito nenhum, já tinha a decisão tomada desde o começo e a sugestão da existência de um conflito também foi inútil, apenas para apresentar tardiamente elementos totalmente inconsequentes para os poucos minutos que restam à série? Eu prefiro acreditar que ele teve pelo menos dificuldade para dormir por uma noite pensando nisso (até porque isso é insinuado, mas não pareceu que o Shirou estivesse particularmente preocupado).

O relacionamento da Rin e do Shirou foi o segundo ponto tematicamente mais importante do episódio, depois do conflito do protagonista, e o mais bonito de assistir. Quero dizer, a relação entre os dois é meio esquisita, o Shirou já havia declarado gostar da Rin sem nenhuma emoção no rosto e a Rin não disse nada mas seu silêncio foi mais esclarecedor que mil palavras poderiam ter sido. Ela também tende a ser mais emotiva, mas eu acho estranho que os dois não tenham avançado nem um pouco mais. Quero dizer, eu acredito que eles avançaram, mas não ficou parecendo. Quando mais novos ela era meio de lua, as vezes era mais provocante, as vezes mais púdica, o que faz sentido para uma adolescente, e pelo menos isso ficou só na adolescência mesmo.

A série como um todo foi mediana, quase boa, com alguns momentos fantásticos, várias ideias interessantes, e muita, muita ladainha e flashback e enrolação em geral. Esse episódio foi completamente dispensável para a série, acrescenta muito pouco ou nada (e se acrescenta algo, certamente é algo que poderia ter sido acrescentado antes, porque Fate está com um saldo de tempo desperdiçado tão grande que a essa altura tudo poderia ter acontecido antes), mas ele sozinho é legal. Temporada que vem tem mais Fate, o spin-off garota mágica da Illya ganha mais uma temporada (dá uma olhada no Guia da Temporada), e em algum momento (acho que ainda esse ano) começa a ser lançada a série de longas animados que adaptará a terceira e última rota da visual novel Fate/Stay Night. Foi uma viagem entediante, mas com um número razoável de coisas legais para se ver pelo caminho.

  1. cara, pra dizer que o episódio 25 foi inútil vc não sabe oque significa EPÍLOGO. esse episódio serviu pra sumarizar oque acontece com os personagens após a Holy Grail War, e cumpriu seu papel.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Obrigado pelo comentário =)

      Sim, eu sei o que significa epílogo. Mas como eu expliquei, acho que não funcionou. Epílogos não são por definição NECESSÁRIOS, mas eles podem acrescentar à história quando bem feitos. Não é só mostrar que eles foram pra Londres. Isso, sozinho, é inútil – ou se preferir, é tão útil quanto qualquer fanfic: a história acabou, isso é um detalhe colateral que não influencia em nada nela. Sim, como episódio isolado, como eu disse, foi interessante, legal até, ver os dois juntos e crescidos em Londres. Porém, como o episódio não funcionou (eu não estava curioso para saber se eles iam para Londres e que eles ficariam juntos já era um dado que eu dava por certo, o que eu realmente queria esclarecido era o que o Shirou ia fazer da vida – e esse episódio contou, mas não transmitiu direito o que isso significou para o personagem e para a série), para a série ele não acrescentou nada e portanto para a série ele foi inútil.

      Eu sei que minha linha de raciocínio está um pouco confusa, eu não ando bem nesses dias, peço desculpa e que tenha paciência para tentar me entender.

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