[sc:review nota=4]

O protagonista desse episódio é o fantasma Fuurouta (essa é romanização do nome dele; tem  a alternativa com mácron também – F?r?ta, mas como não usamos mácron em português acho que confunde mais do que ajuda). O episódio foi em muita coisa parecido com o primeiro, só que com o fantasma camarada no lugar da Kikko. Passado e presente se alternando, a história de como ele entrou para o Escritório de Super-Humanos e uma história dramática sobre o que acontece depois. Foi divertido e estou cada vez mais interessado nesse anime, continue lendo para saber o que eu achei.

Ao contrário do que eu havia suposto, o anime continua alternando entre passado e presente, e agora suponho que ele irá continuar fazendo isso pelo menos até contar o que aconteceu com cada um dos membros do Escritório de Super-Humanos ou até algum evento de inflexão no meio da série. De um jeito ou de outro, continuarei chamando de passado e presente porque embora contada de forma nã0-linear, a história ainda é linear e o seu final estará na consequência da segunda linha temporal, que por isso eu chamo de presente do anime. Agora sim, o Fuurouta.

O protagonista brincalhão do episódio é um fantasma, e em Concrete Revolutio fantasmas não são espíritos de pessoas mortas. Na verdade, ninguém sabe o que eles são ou de onde eles veem, e parece que nem eles mesmos sabem. Não entendi muito bem se eles nunca envelhecem ou se envelhecem desgraçadamente devagar, mas estou mais propenso a acreditar que eles simplesmente não envelhecem mesmo. São eternamente crianças, brincam com crianças, pregam peças em todo mundo, e bom, no geral tem uma forma de pensar infantil. O episódio se esforça para mostrar que isso pode ser tanto bom quanto ruim. Como aliás todo o resto: Concrete Revolutio é uma espécie de fábula cuja lição é a de que não existe moral senão a moral cinzenta, sem absolutos.

Como o raciocínio infantil pode ser ruim? Esse é o primeiro plano do episódio, sua história principal. Fuurouta foi capturado pelo Escritório de Super-Humanos porque andava se comportando muito mal (ele gosta de pregar peças, lembre disso), mas achou super divertido a ideia de existir uma organização como aquela que, segundo ele entendeu, serviria para atuar junto aos super-heróis e ajudá-los (sabe como crianças gostam de super-heróis, né) e queria participar (como uma criança que quer entrar para um clube ou uma brincadeira). Não havia ninguém lá disposto a admiti-lo, mas fortuitamente ele tinha informações sobre um caso mais grave que ocorria ao mesmo momento.

Homens-inseto Tártaros formaram uma névoa em torno do parlamento japonês e ninguém sabia o que estava acontecendo lá dentro. Exceto o Fuurouta. Mais cedo ele havia libertado um besouro grande e bonito de um vendedor de insetos (você já deve ter visto em outros animes como crianças japonesas gostam de capturar insetos; esse cara estava ganhando dinheiro vendendo insetos para que elas não tivessem esse trabalho) que mais tarde Fuurouta descobriu ser uma garota. Logo depois dele ter liberado-a surgiu a névoa, e ali ela lhe disse que eles eram os homens-inseto tártaros, e como uma criança hiperativa que o Fuurouta é (e presumo, todos os fantasmas também são) ele não perguntou mais nada nem ficou para escutar o que mais ela teria a dizer. Ela ainda o encontraria mais tarde, agora sim sob a forma de uma bonita menina, aparentando mais ou menos a mesma idade que ele, e mais uma vez ele não deu ouvidos a ela porque já estava com a cabeça ocupada com outras coisas.

Campe era o nome da menina, e ela era a rainha dos homens-inseto tártaros, que estavam cobrando (ou se vingando) das autoridades que cumprissem a promessa ancestral que os homens-inseto tinham com o governo japonês, segundo a qual eles poderiam viver livremente nas florestas – que o governo atual, infelizmente, estava vendendo. Fuurouta era o único que sabia a natureza da nuvem, e com base em sua informação o Escritório de Super-Humanos desenvolveu uma contra-medida: reviveram um vírus fóssil que já havia uma vez causado a extinção dos homens-inseto há centenas de milhões de anos atrás. O plano de Jirou, o protagonista, era tentar primeiro conversar. Mas crianças hiperativas que estão com vontade de mostrar serviço e ser elogiadas e que enxergam o mundo em preto e branco não têm tempo para isso: Fuurouta correu para dentro da nuvem, pela terceira vez ignorou o que Campe tinha para dizer, e na frente da menina matou todo o seu povo.

Anos mais tarde ela ressurge, agora adulta, para se vingar de Fuurouta e ele não entende o que está acontecendo. Até que ele finalmente a ouviu. Ele finalmente entendeu e sem sequer poder pedir desculpas apenas caiu em desespero, e teria permitido que Campe o matasse ali mesmo se Jirou não tivesse interferido. De alguma forma, as palavras de Jirou fizeram Campe não matar Fuurouta, mas ela nunca poderia perdoá-lo. Vivo, mas ainda desesperado, Fuurouta desabou a chorar nos braços de Jirou enquanto se perguntava porque, porque o mundo não é simples como ele havia pensado, porque não haviam apenas heróis e vilões.

Essa recapitulação do episódio ficou mais longa do que eu esperava, mas espero ter escrito de forma a deixar bem claro o conflito todo do episódio e o que causou esse conflito em primeiro lugar. Isso é importante, porque foi exatamente por esse mesmo motivo que Jirou votou pela admissão do Fuurouta no Escritório de Super-Humanos em primeiro lugar: o fantasma, com sua mente inocente e infantil, acreditava que o trabalho deles era defender os super-humanos bons (os heróis) e combater os maus (os vilões). Jirou achou importante ter alguém como Fuurouta por perto, algo como a lembrá-lo a pureza, o ideal, o norte a ser perseguido. E isso é bonito e tudo mais, mas ao invés de admitir mais um membro bastaria escrever essa frase em letras garrafais dentro da sede, por exemplo. Ou criar uma marca, um símbolo, que represente esse ideal (símbolos são poderosos). É verdade que palavras e símbolos podem acabar distorcidos com o tempo, e que ter uma pessoa de moral inabalável é mais eficiente, mas ainda não acho isso motivo suficiente. Mas isso é só um comentário, eu goste do episódio e não achei esse voto do Jirou ruim – um pouco conveniente demais, mas ainda é verossímil. É que em um anime que fala sobre valores, acho importante deixar bem claro de onde vem o que eles estão falando – e aí, com a mensagem desnuda, podemos escolher por conta própria se concordamos ou não.

Agora vou especular um pouco sobre o enredo. Me chama a atenção na animação de encerramento (adorei ela, aliás) o momento em que aparecem todos os membros do Escritório de Super-Humanos no passado e no presente. É notável que o Daishi (o velho) aparece no passado e desaparece no presente. Seguindo o movimento da animação ele poderia estar só oculto pela parede do edifício, mas você acredita que seja mesmo o caso? Eu aposto que o evento que fez o Jirou abandonar o Escritório tem a ver com isso. E não deixe de anotar todos os personagens secundários que estão aparecendo nesses episódios de construção da história: é possível que eles voltem nos arcos finais.

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