Esse mundo maluco de Myriad Colors Phantom World, não para de me surpreender! Sério, ainda não houve um episódio sequer em que no final eu não estivesse pensando: “Eer… o que… o que foi que eu acabei de assistir aqui?!?” Nos episódios passados, isso foi por conta do modo inesperado com que o anime conseguiu introduzir as suas cenas de comédia absurda (que considero muito divertidas, por sinal). Porém, esse episódio foi surpreendente de uma maneira diferente.

Depois de nos convencer de que esse anime seria apenas despretensiosamente estranho, colorido e engraçadinho; esse episódio chega como uma flecha certeira right in the kokoro em nossos sentimentos e nos apresenta a parte “cinza” da vida de dois de seus personagens. Da forma mais original possível, Phantom World nos fez refletir sobre um tema que tem o poder de afetar cada pessoa de uma forma diferente, dependendo do tipo de experiência que cada um possui com o assunto: família.

Qual é o verdadeiro conceito de “família” e o que significa fazer parte de uma? Será que realmente seriamos mais felizes se a nossa família se encaixasse dentro dos moldes de perfeição que temos em nossa mente? Qual foi a intenção do anime ao abordar esse assunto nesse episódio e o que está por vir?

Mai e Haruhiko levaram a Reina ao restaurante que permite comer à vontade. Seus pais sempre negaram a ela esse pedido.

Mai e Haruhiko levaram a Reina ao restaurante que permite comer à vontade. Seus pais sempre negaram a ela esse pedido.

Conviver em sociedade é um dos desafios mais complexos e problemáticos que sempre existiram. Se de vez em quando nos deparamos com problemas de convivência com colegas de trabalho, escola/faculdade ou até mesmo com desconhecidos no trânsito, com os quais o tempo de interação é mínimo (comparado ao tempo que passamos com nossa família); como poderíamos estar totalmente livres de enfrentar conflitos dentro de nossa própria casa?! Morando sozinho, talvez? Na verdade, acho que nem assim… (experimenta ficar três dias sem lavar a louça pra ver se você não começa a discutir com as paredes e passa a tentar jogar a culpa até na Tramontina por ainda não ter lançado panelas que se lavam e se guardam sozinhas. Quanta falta de consideração com os sentimentos de seus amados clientes, não é mesmo!?). A questão é: divergências sempre irão surgir, mas a forma de lidar com elas é que vão manter essas relações familiares saudáveis ou, gradativamente, transformá-las em questões insolúveis e deixar a convivência amargamente impossível. E, quando isso acontece, as consequências são bem semelhantes ao que observamos na família da Reina.

A princípio, o anime havia nos informado pouca coisa sobre a família dos personagens, como o fato de que os pais da Reina são rígidos e que os do Haruhiko, por algum motivo, são meio ausentes. Mas até aí tudo normal, afinal, a maioria dos animes não se preocupa em incluir os pais dos personagens na história. Às vezes nem se dão ao trabalho de tentar justificar o motivo de crianças ou adolescentes sempre estarem sozinhos em casa. Apenas deixam implícito que os pais não estão por ali nunca naquele momento e pronto. Então ninguém estava esperando que houvesse toda uma história sobre a família da Reina e que isso justificaria a sua personalidade e o modo como ela tem agido desde a sua primeira aparição. E foi incrível o quanto isso fez com que a sua personagem ganhasse profundidade! Ela age de maneira insegura por ter sido criada sob um discurso autoritário por parte de seus pais e, possivelmente, ter sofrido muitas represálias deles. A sua admiração pela Mai também não é algo simples: ela parece ter transferido todo o carinho e saudade que sentia da irmã para a Mai! Isso porque a senpai conseguiu faze-la voltar a se sentir parte de uma família.

Tentando dar esperanças a Reina, Haruhiko abriu o coração e contou sobre sua situação familiar que também não é nada perfeita.

Tentando dar esperanças a Reina, Haruhiko abriu o coração e contou sobre sua situação familiar que também não é nada perfeita.

Ser parte de uma família não é apenas morar junto de pessoas que possuem laços sanguíneos. É preciso que haja diálogo, confiança, apoio emocional e centenas de outras atitudes dentro do lar para que o indivíduo seja capaz de se sentir parte daquela instituição familiar. A Reina obviamente não estava mais recebendo isso de seus pais de forma satisfatória e a pessoa em que ela se apoiava, a sua irmã, não estava mais ali para lhe dar apoio. Os Phantons “perceberam” essa vulnerabilidade e aproveitaram para hipnotizá-la e levá-la ao mundo dos Phantons, onde ela corria o risco de ficar presa para sempre e desaparecer do mundo real. Eu realmente não sei o que os Phantons ganhariam com isso, mas para qualquer um que estivesse na mesma situação que ela, seria muito tentador continuar vivendo naquele mundo perfeito por livre e espontânea vontade. Se você tem idade suficiente para conseguir comparar o mundo real com um mundo imaginário sem confundir os dois, então você provavelmente já passou por alguma fase em que ficou imaginando o quanto sua vida seria mais feliz se pudesse viver em outro lugar, outra época, outro país, ou até mesmo dentro de um livro, anime ou filme (Eu já quis viver no Digimundo, não por estar infeliz na minha casa, mas simplesmente por achar que o mundo poderia ser muito mais legal se fosse daquele jeito). Enfim, por muito pouco os Phantons falharam em ser responsáveis pelo real desaparecimento de uma pessoa! O anime está começando a nos mostrar, com exemplos práticos, que os Phantons podem causar problemas muito mais sérios do que testar as habilidades das pessoas com artes marciais, ou desafiá-las na dança da cordinha.

Mas afinal, qual a verdadeira importância desse episódio no contexto geral do anime? Para mim foi como um aviso de: “atenção, agora essa história está começando de verdade!” Não só pela forma como foram construindo os pequenos detalhes da personalidade da Reina para chegar ao efeito desejado nesse episódio, mas também por esse tipo desenvolvimento nos fazer prestar atenção em outros detalhes que ainda estão esperando uma resolução! Como por exemplo:

  • Qual é o mistério que está relacionado àquele dispositivo que eles encontraram nos fundos da Alayashiki (empresa responsável pelas pesquisas que acabaram criando o vírus)? Com que propósitos essa empresa estava trabalhando em uma pesquisa tão bizarra que acabou criando um vírus capaz de causar tudo isso?
  • A professora deles uma vez citou uma “Agência para Controle de Phantons”; de que tipo de missões essa agência cuida já que, até agora, vimos apenas os colegiais cuidando de vários tipos de problemas com Phantons?
  • Há a possibilidade dos Phantons estarem sendo utilizados como um tipo de “arma” por alguém? Já imaginou se houvesse alguém que fosse capaz de controlar, dar ordens e usá-los para algum propósito ambicioso? Quão perigoso isso seria?!? A Koito parece ter muita experiência e conhecimento sobre o assunto e deixou bem claro que existem vários tipos de Phantons, então talvez um tipo específico de Phantom possa realmente ser utilizado para propósitos malignos.

De qualquer forma, a Koito demonstrou interesse em se aproximar do grupo da Mai e já está ali os observando bem de perto. Não tão perto a ponto de fazê-los ter a impressão errada de que eles podem contar com ela, e não tão longe a ponto de deixá-los esquecer que gostariam de ter alguém com a experiência/poder dela em seu grupo (Ela até foi educada! Pediu licença antes de sair da sala e deixá-los se virando com seus problemas sozinhos. Isso já é uma evolução muito maior do que eu esperava… LOL).

O que podemos esperar dos próximos episódios é que a Koito se aproxime cada vez mais, e que a garotinha de cabelo cinza que está sempre perseguindo a Mai e companhia (quase como uma “fã”), seja devidamente apresentada. Dessa forma, o grupo estaria completo e quem sabe o anime nos mostre um objetivo mais concreto ou entre de vez em um arco? Bom, vamos aguardar. Minhas expectativas estão cada vez mais altas!

Obrigada por ter lido até aqui. Até o próximo episódio!

  1. Fábio "Mexicano" Godoy

    O curioso é como pelo segundo episódio consecutivo os phantons que estavam causando problema (e no caso desse episódio, que baita problema!) não eram maliciosos. Nesse episódio não consigo deixar de acreditar que aqueles coelhinhos estavam bem intencionados.

    E sobre famílias de anime inexistentes, divertido você citar isso agora porque falei a mesma coisa no último artigo de Haruchika =D

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