Mais um episódio muito bom de Youjo Senki. Fico realmente feliz que o anime tenha deixado de ser aquela coisa sem substância do primeiro episódio, só com cenas de guerra divertidas e character designer conflitante. Quero dizer, ele continua com cenas de guerra divertidas, e isso é bom, e continua com o mesmo character designer que não se tornou magicamente bom mas a essa altura já me acostumei, além dele ser bem usado no caso da protagonista (a Viktoria continua sendo apenas muito esquisita mesmo).

Mas agora Youjo Senki dá o que pensar. Não é mais legal assim? Toda a ação militar que Youjo Senki já provou ser capaz de executar muito bem continua lá, mas agora ela não é mais a única coisa acontecendo. E aparentemente o anime agora está para entrar em seu conflito final, e tudo o mais constante, ele será bem mais do que apenas boa ação. Que eu não duvido, haverá de sobra!

No artigo sobre o episódio anterior fiz a pergunta: onde está Deus? Não dei a resposta porque a pergunta foi retórica. Para todos os efeitos, Deus não está em parte alguma. Para onde quer que se olhe tudo o que se vê é morticínio, arrogância, desprezo pela vida humana, o inferno na terra. Mas ai! A culpa disso não é de Deus. Os que decidiram lutar, os que pegaram em armas, os que matam seus semelhantes, seus compatriotas, vizinhos, irmãos, são Homens. Foi o Homem que criou esse inferno para si próprio.

Não tenho dúvida que eu estaria exagerando, sendo injusto até, se afirmasse que cada homem e mulher nesse mundo trabalhou para que esse estado de calamidade se instalasse. Não é o caso. Sequer a maioria pode ser acusada desse crime, muito provavelmente. Mas isso não importa. Se foram poucos ou se foram muitos, ainda assim foram seres humanos que decidiram que, por quaisquer que sejam seus motivos mesquinhos, espalhar a morte pelo mundo era um meio aceitável. Deus deveria tê-los impedido? Talvez sim, claro, por que não? E aí eles teriam tanto livre-arbítrio quando o boneco quebra-nozes com o qual Deus já tentou Tanya. Vamos ficar um pouco religiosos aqui (na verdade não, mas acompanhe meu raciocínio por favor):

Alguns homens apenas reagem à injustiça da forma como podem

Existisse um Deus, seu reino não seria a Terra. Nessa ficam os reinos dos homens que são livres para cometer toda sorte de injustiças que quiserem e, assim, terem garantido um futuro horrível após a morte. Os bons, que porventura talvez sofram pelas ações dos maus, serão recompensados. Se falamos em Deus e em vida após a morte, falamos em vida eterna. Pensando em termos estritamente mortais viver na merda parece horrível e um Deus que permita isso parece um demônio, mas se a recompensa for uma vida eterna livre de todo o sofrimento o negócio deixa de parecer tão mal assim. Mesmo se trocar vida e morte eternas (conceito cristão) pela reencarnação (conceito oriental) a lógica se mantém: reencarnam em mundos melhores os bons, e em mundos piores os maus. O carma há de seguir a todos para garantir o ajuste fino. Ei, eu acho o negócio que religiões em geral oferecem muito bom! Apenas não acredito que exista algo além da morte, ué. Fazer o quê. Mas em Youjo Senki existe.

Agora preciso falar da Tanya. Ela mudou desde sua vida passada, não mudou? Pelo menos parece ter mudado. O ponto de inflexão teria sido o treinamento de seu próprio pelotão de feiticeiros. Flexiono os verbos nessas formas porque não tenho certeza que a Tanya tenha realmente mudado – lembra-se da conversa que ela teve em um café com um oficial mais velho? Parecia a menininha mais angelical do mundo. E no entanto visava apenas seu próprio interesse mesquinho. Talvez seja tudo apenas uma fachada ainda, vá saber! Mas a Tanya de agora parece bem mais preocupada com a vida dos outros. Sim, ela ordenou o massacre da população civil de uma cidade sublevada, incluindo velhos, mulheres e crianças, mas estava ela própria apenas seguindo ordens. Bom, pode-se argumentar que ela sempre seguiu ordens, desde que era apenas um funcionário do RH de uma empresa japonesa qualquer. E isso é verdade.

Não obstante, a Tanya que demitia funcionários, a Tanya que tentou matar um cadete seu, a Tanya que enviou dois subordinados para a morte, a Tanya que sorria enquanto massacrava o inimigo, era sem dúvida uma Tanya diferente da que estou vendo agora. Aquela Tanya jamais contrariaria uma ordem de um superior ou diria ou faria de propósito algo que ela sabe que o irritaria ou no mínimo o deixaria desconfortável. Ela queria o favor daqueles acima dela para seu próprio bem, e enxergava todas as pessoas apenas como ferramentas. A Tanya de agora é cínica e sarcástica na presença de seus superiores, possui uma língua venenosa e nenhum medo de usá-la mesmo sabendo que não ganhará nada com isso exceto, talvez, olhares tortos e repreensões. E ela não parece mais ser indiferente aos seus subordinados. Não parece enxergá-los como objetos descartáveis.

Tanya fica visivelmente consternada ao perceber que sua tese que permite o massacre de civis sem romper tratados internacionais de guerra será executada na prática – e por ela mesma

Mesmo assim, Tanya levou à cabo a ordem de massacrar a população civil de uma cidade sublevada, incluindo velhos, mulheres e crianças. E pior: o fundamento teórico que permitiu esse crime contra a humanidade foi escrito por ela própria, quando ainda não tinha seu pelotão. Antes, portanto, de sua aparente mudança. Ela só seguiu ordens. Ela sempre seguiu ordens. Ela pagou uma vez por seguir ordens e agora não é coincidência nenhuma que Sioux tenha despertado exatamente após ela seguir mais ordens infames. E ele acordou para dar termo à Ira de Deus.

O enviado de Deus

  1. Este episódio foi muito bom, sem dúvida alguma, o dilema moral que ele mostrou foi muito bom. Eu não esperava melhoria em Youjo quando vi até ao episódio 4, mas este episódio 8 e o episódio 7 mostraram que eu estava errado, no meu julgamento negativo. Mas ainda assim, Youjo está a seguir um rumo de um Shuumatzu no Izetta 2.0 da vida, desde já pelas alterações em termos de história face ao mangá, além de um certo personagem ainda estar vivo, enquanto na novel e do mangá ele já tinha morrido. Youjo Senki está a seguir um rumo muito semelhante a Izetta. Izettacomeçou muito bem e tal, mas perto do final o anime desandou e muito negativamente, mas este estava destinado a ser assim, já que era um anime original. Mas Youjo fez até agora o percurso inverso, começou mais lento e tal e agora na recta final é que está a mostrar para o que veio. E é este mostrar que se pode provar, o calcanhar de Aquiles do anime. Pelo que li e vi nos cantos da internet, este episódio foi quase todo filler e o reaparecimento do coronel Sioux no final, pode fazer bem e mal ao anime ao mesmo tempo. Pelo que li, a morte do Coronel Sioux é que iria desenvolver bem a história, a sua filha quando descobriu a verdade jurou vingar o seu pai e ela acabaria por ser o inimigo mais perigoso para a Tanya. Mas a mim estes pequenos detalhes não me fazem diferença, desde que a história e o desenvolvimento dos personagens fiquem bons, para mim está tudo bem. E agora quer ver o Coronel Sioux com os poderes de Deus dar trabalho para a Tanya.
    Agora falando mesmo do episódio 8, este tocou num dilema moral que é o genocídio de pessoas inocentes. Durante muito tempo o genocídio de pessoas, quando se atacava uma cidade, era bastante normal, Gengis Kan, fez muito isso, tal como os Cristãos em geral faziam, quando atacavam Jerusalém e outras cidades pertencentes aos sarracenos. Mas para o período ou períodos que o anime usa como inspiração tal acto era um crime de guerra hediondo, deixando os países responsáveis mal vistos para o resto do Mundo. O expoente máximo que se tem, de genocídios em grande escala, foram os alemães durante a Segunda Guerra Mundial e de execuções sumárias de milhões de judeus, ciganos, homossexuais e outras pessoas que eles achavam ser de raça inferior também. De que me lembre, nas duas grandes Guerras Mundiais, houveram duas grandes batalhas sangrentas em cidades, que ficaram famosas. A primeira foi quando os Alemães na longa batalha de Verdun, na primeira Guerra Mundial decidem lançar um ataque à cidadela de Verdun, onde estes começaram uns bons dias de ataques de artilharia contra as muralhas da cidadela (só que aqui o intuito, era apenas enfraquecer a moral das tropas francesas que estavam lá estacionadas e não para matar, como aconteceu neste episódio de Youjo). Mas como na Primeira Guerra ainda havia uma réstia de honra em ambos os lados, a cidadela de Verdun não tinha civis lá dentro, os Alemães deixaram a cidade ser evacuada antes da chuva de projecteis de artilharia e assim respeitando as leis de guerra daquela altura. Já a outra batalha famosa numa cidade, foi a invasão de Estalinegrado pelo sexto exército alemão, onde além de estes não respeitarem as Leis de Guerra daquela altura, mataram dois milhões de soldados e civis russos. Mas voltando ao episódio, a Tanya está a mudar gradualmente, ela mesmo sendo fria e calculista, ela ainda sabe a diferença entre o que está certo e o que está errado. A prova disso, já tinha sido dada, quando a Tanya debocha das tácticas daquele general do Norte, ao afirmar que ele enviava os seus homens para a morte certa, não ganhando nada com isso e deixando o general fulo, coisa que a Tanya não costuma fazer. A Tanya desde o início do anime, só cumpria as suas ordens, para subir de posto e eventualmente ganhar a vida na retaguarda que ela sempre sonhou. Mas as várias batalhas que ela já participou, o batalhão que ela criou e treinou, acho que mexeu no interior dela. E neste episódio, a prova mor da mudança, foi quando o general responsável pela área afectada pelos ataques e ocupação dos partisans, lhe disse que ela tinha que encabeçar um genocídio de todas as pessoas daquela cidade ocupada. A cara de transtorno que ela fez, ao perceber que aquela situação foi culpa, da tese que ela fez, de como atacar uma cidade, sem ter que quebrar as leis de Guerra Internacionais, demonstrou uma Tanya, que o público não está acostumado a ver. E ela ainda começou a fazer uma especulação de forma sarcástica de como seria o ataque, para o general que lhe transmitiu as ordens dos superiores. Ela aqui, podia ter sido chamada a atenção,pelo general responsável daquela área, mas como ele sabia que aquilo era errado, fez ouvidos moucos para aquilo que a Major Tanya disse.
    Agora falando da cidade ocupada pelos partisans, Fábio aqui vou precisar dos teus conhecimentos de geografia. Esta tal cidade, que o anime chamou de Arene, pareceu-me muito ser a região da Alsácia e da Lorena, onde na Primeira Guerra Mundial estava ocupada pela Alemanha. E mesmo a França tendo recuperado esta região no Tratado de Versalhes, ela acabou por perdê-la outra vez, para a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Eu digo que possa ser esta região, já que tanto na Primeira Guerra Mundial e na Segunda, a Alsácia e a Lorena, tinham habitantes de nacionalidade francesa e alemã. E não gostei da forma como o anime chamou à guarnição alemã naquela cidade, o anime referiu-se a esta guarnição de Kempeitai, para aquilo que eu saiba, o Kempeitai era um órgão de polícia do exército japonês na Segunda Guerra Mundial, mas tolero tal lapso do anime neste episódio. Eu já acho ridículo por natureza, os nomes que o anime dá ao países e cidades, mas neste episódio eles superaram-se, ao chamarem os partisans de parchesanos ou coisa do género, por momentos perdi o meu respeito e consideração pelo anime. Não bastando isso, a cena do confronto entre os partisans contra as forças de guarnição Imperiais, tiveram uma mistura de épocas completamente diferentes. Os soldados imperiais usavam fardamento, armas e capacetes da fase final da Segunda Guerra Mundial e os partisans usavam as mesmas roupas que os partisans franceses na segunda Guerra Mundial usavam. Mas depois os soldados de artilharia Imperiais já estavam a usar, o fardamento e os capacetes de couro com um espigão, como os soldados alemães da primeira Guerra Mundial usavam. Este tipo de pormenor incomoda-me um pouco, mas tenho que admitir que as batalhas e desenvolvimento em geral está engraçado.
    Agora, passando ao personagem, que a meu ver foi o protagonista deste episódio o Segundo Tenente Warren Grantz. Foi ele que de certa forma transmitiu ou ao longo do episódio, a opinião de um soldado e pessoa com bom senso e valores morais. Ele já tinha visto os horrores da Guerra no início do episódio. Mas só que ai eram apenas soldados a lutarem pelos seus países e não tinha lá no meio civis inocentes no meio. Eu percebi o choque, que ele teve, quando ele viu e ouviu a Tanya receber a ordem de iluminar os magos pertencentes à República. Aquilo que o deixou em choque, foi o facto de mesmo eles directamente não matarem os rebeldes e os civis iriam acabar por morrer, pelos ataques de artilharia. A própria Tanya mesmo sendo fria e calculista, não estava de acordo com aquela situação mas ela sabia se eles não eliminassem os civis e os rebeldes daquela cidade, eventualmente muitas das crianças e homens que estavam lá no meio iam crescer com ódio do Império e disparar contra eles um dia. Aquilo que o Warren, falou para a Tanya, podia ser considerado traição, ele naquele momento cavou a sua própria sepultura. Eu fiquei na dúvida se a Tanya matou o Warren, por este não ter seguido as suas ordens, ou se o Warren deixou o seu sentimento de indignação de lado e matou os magos Republicanos. E não se tenham dúvidas, aquele ataque de artilharia à cidade a Arene, foi uma autêntica violação das Leis de Guerra. O próprio comandante do batalhão de magos Republicanos, ficou em choque por tal insanidade e barbárie, mostrando que aquilo era uma insanidade levada ao extremo e um autêntico crime de Guerra para a altura. Depois da ending nova, esta já com uma animação diferente, descobrimos que o Sioux sobreviveu por milagre. Espera por milagre não, ele teve uma ajuda, da existência X, que quer que ele mate o Diabo que ela própria criou, como tu bem disseste, o Sioux vai ser o enviado de Deus, que trará e dará trabalho à Tanya no futuro.
    Antes que me esqueça, a cena de batalha do início do episódio esteve muito boa. Ver os soldados da República, com os uniformes azuis e vermelhos e os típcos capacetes de aço Adrian e os soldados imperiais com os típicos capacetes e uniformes alemães foi muito bom. Já para não falar das cargas das trincheiras, os soldados alemães a dispararem uma metralhadora pesada (que mais parecia uma Vickers (inglesa) do que uma metralahdora pesada MG 08 alemã) nas trincheiras. Juntando a isso tudo os ataques de artilharia entre as posições de cada exército só melhoraram a cena. Só faltou ali, o uso de gás e lança chamas, para dar mais veracidade à cena (para dar aquele ar das batalhas da Primeira Guerra Mundial).
    Como sempre mais um excelente artigo, de Youjo Fábio. E peço desculpa pelo texto enorme, mas o melhor episódio de Youjo até agora merece ser bem comentado.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Eu não tenho problema nenhum com adaptações que divergem do original. Eu tenho problema é com histórias ruins, sejam elas originais ou adaptadas, fiéis ou não. Sem um final próprio para o anime qual seria a saída para Youjo Senki, dado que o material original ainda está em publicação? Terminar sem terminar? Isso não costuma ser um bom final. Talvez tivesse um ponto da história original onde o anime pudesse acabar com alguma segurança mesmo sendo ainda um final aberto, mas talvez não tivesse. De todo modo, não me importo com um final original, desde que seja bom. Isso impede continuações? Não impede e exemplos disso não faltam – na temporada atual temos Blue Exorcist, que está ignorando o final da primeira temporada, anos atrás, que foi original para o anime, só para citar um exemplo. Problema? Problema nenhum! Agora, se fosse super fiel e terminasse mal aí eu nem ia querer assistir uma segunda temporada para começo de conversa. De todo modo, a ser como você diz, me parece que estão criando uma história nova que contudo continua compatível com os fatos como ocorreram no original – só está mudando o momento exato em que o Sioux vai morrer, mas tudo o que é desencadeado depois pode continuar igual. Problema? Nenhum problema!

      Curiosamente eu li anteontem mesmo um artigo sobre história que falava sobre o respeito aos prisioneiros de guerra na Europa durante a Idade Média (https://www.warhistoryonline.com/medieval/happened-prisoners-war-medieval-england.html). Esse site não é o mais preciso do mundo então não leve o que ele diz à ferro e fogo, mas o princípio geral parece fazer sentido: se você fosse considerado bárbaro ou traidor, meu amigo, você estava lascado. Isso parece cobrir todos os exemplos que você deu de massacres de civis nas eras pré-contemporâneas. Se não caísse nessas duas categorias talvez ainda acabasse se dando mal, mas no mais das vezes tinha boas chances de sair ileso.

      A necessidade de desumanizar o inimigo para ser capaz de cometer atrocidades parece universal no tempo e no espaço, não é? Mesmo nas guerras mais sangrentas do século 20 esses princípios se sustentaram de alguma forma ou de outra. Quando infringidos, ou quando se convence a opinião pública de que foram infringidos, pode aguardar o ultraje certeiro.

      Mas esse é um nível de humanidade que nível de humanidade que não esperaríamos na Tanya do começo de anime! Tanto que o plano para legitimar o genocídio foi dela mesma. O anime não nos mostrou isso à toa. Mas agora, em que pese ela ter executado as ordens que recebeu, em momento algum ela pareceu feliz, satisfeita, ou sequer indiferente. Tanya parecia incomodada, pesarosa. Como se tivesse carregado sobre seus ombros o peso de todos os crimes que sua unidade cometeu. E provavelmente foi assim mesmo que ela se sentiu e essa é uma mudança notável na personagem!

      De algum modo, independente do que pensemos dela, parece que a Existência X está conseguindo fazer com que Tanya se torne uma pessoa melhor, não é? Hehe.

      Obrigado pela visita e pelo mega-comentário!!

      A propósito, sobre a cidade de Arene, depois de pesquisar pra caramba aqui acredito que ela não tenha uma equivalente no mundo real. Definitivamente no norte da França, com aquela arquitetura e tudo mais, e o mapa da região (apareceu no anime) lembra Estrasburgo, na Alsácia. O nome Arene, por outro lado, me faz pensar em Ardenas, região entre a França e a Bélgica que foi palco de várias batalhas durante as duas guerras. Na Bélgica, inclusive, foi onde provavelmente os alemães cometeram o primeiro crime de guerra na Primeira Guerra: o Estupro da Bélgica (https://en.wikipedia.org/wiki/Rape_of_Belgium). A mais famosa rebelião em uma cidade ocupada foi a Revolta de Varsóvia, na Segunda Guerra (https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Varsóvia). O modus operandi – lançar panfletos alertando a população para evacuar e atacar em seguida – é mesmo do Massacre de Nanquim (https://en.wikipedia.org/wiki/Nanking_Massacre), cometido pelos japoneses durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa (conflito que se tornaria parte da Segunda Guerra Mundial). Por fim, a fonte com as crianças dançando ciranda vista no anime é semelhante a uma que existia (e foi reconstruída) em Volgogrado/Stalingrado (https://en.wikipedia.org/wiki/Barmaley_Fountain). Em resumo: é uma grande mistura de referências =)

  2. Antes de começar a minha resposta, obrigado pela pequena aula de história e os links. Na Idade Média, as coisas eram complicadas para os prisioneiros de guerra, principalmente se eles não seguissem a religião católica. Se por exemplo tu fosses, um civil de origem árabe, podias ter a certeza que a tua sentença era a morte. Isto na Europa, na Ásia era ainda bem pior. O famoso líder de um dos maiores Impérios do Mundo, Gengis Kan, a cada cidade que conquistava/pilhava os soldados sob o comando dele cometiam todo o tipo de barbaridade aos civis. Quando Gengis Kan dava a ordem de conquista de uma cidade, todas as pessoas dessa cidade já tinham como destino certo a morte. O medo das pessoas era tanto, que quando as tropas de Gengis Kan eram avistadas pelos civis das cidades, que as mulheres se atiravam das muralhas (por motivos óbvios, preferiam morrer do que ser um brinquedo nas mãos dos soldados Mongóis), e os homens em geral, tanto soldados morriam de medo da cavalaria do Império Mongol. O Gengis Kan, só era esperto numa coisa, ele não matava os engenheiros, médicos das cidades que conquistava. Ele usava o conhecimento dessa gente para fortalecer o seu império.
    Eu quando vi o nome de Arene e o mapa, o meu pensamento foi logo a região da Alsácia e da Lorena. Também me passou pela cabeça que aquela cidade do anime, pudesse ser a cidade fortaleza de Verdun (mas não era). Nem me tinha lembrado da região de Ardenas, o grande calcanhar de Aquiles da Bélgica e da França em ambas as guerras Mundiais. A Bélgica e a zona das Ardenas foram o grande ponto fraco da Europa. O pensamento dos belgas e dos franceses, é que os alemães nunca conseguiriam trespassar a floresta das Ardenas, tanto na Primeira Guerra Mundial como na Segunda Guerra Mundial (e aqui tal trespasse podia ter sido evitado, caso a Bélgica tivesse permitido a extensão da Linha Maginot na zona das Ardenas). E acredito que os Alemães tivessem cometido muitos crimes de Guerra na Primeira Guerra Mundial, afinal eles sempre tiveram inveja das riquezas dos outros países que os rodeavam. Essa do Massacre de Nanquim, não me tinha passado pela cabeça, mas o modus operandi de lançar panfletos a avisar de um ataque eminente foi mesmo uma referência a um acto vergonhoso e sem honra encabeçado pelos japoneses. Eu geralmente não costumo defender os chineses, mas aquilo que os japoneses fizeram lá e na Coreia foi uma autêntica amostra da barbárie que o homem é capaz de fazer.
    Obrigado por dizeres de onde era aquela fonte com as crianças, eu sabia que já a tinha visto em algum lado.
    Antes que me esqueça, para quem pense que os alemães eram maus, com os prisioneiros de guerra, os russos sob o regime de Estaline ainda faziam pior. Até hoje não me esqueço de um documentário que vi sobre a Segunda Guerra Mundial, onde quando a Segunda Guerra Mundial estava na fase final, o Estaline teve a grande ideia de organizar um desfile com prisioneiros de guerra alemães, na praça principal de Moscovo. Mas tal desfile teve um pequeno detalhe, antes do desfile, Estaline ordenou que todos os prisioneiros que fossem participar nesse mesmo desfile tinham que comer uma sopa cheia de laxante. Agora imagina a cena, ver dezenas de milhar de soldados alemães a desfilarem e a cagarem-se todos. Só uma mente perversa como a de Estaline para envergonhar os alemães (como se eles já não tivessem passado vergonha com o seu líder Hitler).

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Os mongóis assimilaram muitos reinos e cidades diplomaticamente – demandavam que lhes pagassem tributos, isso era aceito e todos ficavam “felizes”. Quem se negava estava muito mal mesmo. Fora que dependia de qual exército mongol você estivesse enfrentando – a Horda Dourada, que varreu as planícies russas e foi a que chegou à Europa, era particularmente cruel.

      Que as Ardenas tenham ficado desprotegidas na Primeira Guerra é compreensível, a Bélgica era neutra e isso era garantido pelo Tratado de Londres, mas os alemães o ignoraram de todo modo. Mas na Segunda Guerra eles não tiveram desculpa nenhuma para não tomar medidas defensivas enquanto a Alemanha Nazista crescia à olhos vistos em poderio bélico.

      E eu já havia lido sobre essa dos prisioneiros de guerra alemães no final da Segunda Guerra. Stálin era um ser repugnante, só mesmo alguém ainda mais repugnante do que ele para justificar a aliança do Ocidente com a União Soviética.

      • O Lenin bem tinha avisado o povo russo e o Mundo de como o Estaline era um perigo eminente. Talvez se Lenin não tivesse morrido tão cedo, o povo russo não teria sofrido como sofreu. O Estaline não era humano, ele era uma forma de vida inferior, ainda à quem diga que Hitler foi o Diabo na terra, nunca deve ter ouvido falar, da versão cruel de um campo de concentração, que eram os campos de trabalho forçado na Sibéria. E os grandes culpados dessa situação,também foram os países do Ocidente, ao serem complacentes com as purgas, perseguições políticas que o Estaline mandava fazer no seu país. Eu considero que o Estaline ainda foi pior que o Hitler e o Mao Tsé Tung juntos. Aquilo que o Estaline fez ao seu próprio povo, além dos milhões de soldados que ele enviou para a morte certa, além do tratamento dos prisioneiros de guerra que ele dava, era bem pior que aquilo que os alemães faziam com os prisioneiros de guerra deles. Maldita a hora, em que o Lenin decidiu encabeçar a revolta bolchevique contra o Czar Nicolau II, nessa altura Estaline não piava tão alto, como ele fez quando usurpou o lugar do Lenin. O Trotsky, devia ter limpo o sebo do Estaline quando teve oportunidade, o Lenin bem avisou dos tempos negros que viriam para a Rússia caso o Estaline subisse ao poder.

      • Fábio "Mexicano" Godoy

        E olha que Lenin estava bem longe de ser um santo também, hein? Acho que nada de bom viria dele – ou de Trotsky. Menos pior sim, mas bom? Enfim.

        Enquanto Stálin esfaimava o próprio povo Hitler bombardeava Londres e tinha a França na palma da mão. Infelizmente não é difícil entender as razões dos aliados ocidentais na época. Ainda que as atrocidades nazistas só tenham sido plenamente compreendidas (conhecidas elas já eram, foram muitos os países e pessoas que se dedicaram a dedicaram a salvar judeus, inclusive curiosamente um japonês) após a guerra, elas não pesaram e nunca teriam pesado na decisão por pior que fossem.

        Agora, entre Stálin e Zedong eu realmente fico em dúvida hein? É uma disputa entre titãs da desumanidade.

      • A meu ver a Revolução Bolchevique teve razão, mas com o tempo foi ficando corrompida, pelos interesses pessoais dos seus dirigentes. E se formos a ver bem, o grande culpado disso tudo, foi a Alemanha, que financiou com dez milhões de marcos e armas a Revolução Bolchevique, tudo para que Lenin retira-se a Rússia do conflito que era a Primeira Guerra Mundial.
        Nem me fales do Mao Tsé Tung, ele matou dezenas de milhões de chineses à fome, a política mais estúpida dele, foi quando ele exigiu que os agricultores matassem os pássaros, para protegerem as colheitas. Mas tal política teve o efeito reverso, já que as colheitas eram prejudicadas pelas larvas e insectos em geral, coisas que os pássaros matavam. Já para não falar se não fossem as escaramuças entre ele e o Chiang Kai-Shek, eles poderiam ter defendido a China dos ataques chineses, se eles em vez de brigarem entre si, e tivessem organizado um exército competente, muitas das barbaridades que os japoneses cometeram lá, poderiam ter sido evitadas.

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