Nesse episódio o desfecho do arco Rakuyou se aproxima a largos passos, a briga entre irmãos chega a seu clímax e Gintoki bota sua cara a tapa para mais um discurso motivacional da temporada. Tudo parece no ritmo para esse episódio de Gintama que, como sempre, sobrevive a base de comédia graduada, com ação e seriedade.

Nesse episódio temos um tema até que bem interessante, A identidade de cada indivÍduo. Como entusiasta do pensamento de que o ser humano é radicalmente livre em meio a seus limites extremos, acho que a identidade de cada pessoa é algo bem interessante de ser avaliado. Muitas vezes nos escondemos por trás de facetas e buscamos uma compreensão e vivência de mundo que teoricamente não possuímos de verdade, mentimos para nós mesmos para buscar nossas formas ideais de pessoas e vivências  e nos moldarmos a partir delas.

Em meio a sua formação, cada indivíduo tem acesso a experiências e exemplos diferenciados que o fazem crescer como humano e ser vivente do meio social, palavras soltas como “certo” e “errado” são, muitas vezes, dotadas de um sentido subjetivo que varia muito de pessoa pra pessoa e do seu contexto de vivência de mundo. Eu, como graduando em direito, muitas vezes me deparo com situações difíceis nas quais, devido a omissão da lei, a interpretação dada a certos casos pode variar radicalmente.

Para ilustrar esse quadro, vou comentar um exemplo que ocorreu outro dia mesmo comigo. As leis quanto a independência do maior de 16 e menor de 18 são extremamente situacionais e dependem de uma série de fatores muito mais subjetivos do que objetivos de fato. Certa jovem de 16 anos exercendo seus direitos de liberdade de escolha, fugiu de casa com o namorado de 20 e poucos anos sem o consentimento dos pais. Enquanto o abrigo de menores fugitivos é considerado crime de “indução de fuga” (sim, o Housen é um criminoso, quem diria né…), nesse caso concreto o fato deles terem um relacionamento foi levado em conta e permitiu a fuga do casal.

Dessa forma, o que para os pais da garota era um absurdo, tornou-se correto aos olhos da lei. Isso não é só porque a lei muitas vezes é (bastante inclusive) falha, mas porque verdades absolutas não são uma forma razoável de ver o mundo. Quando encontramos uma identidade própria também encontramos respostas próprias para nossas questões críticas. A resposta que Kamui encontrou no episódio passado e em seu flashback não é menos válida que a resposta que Gin encontrou para como resolver os problemas dos irmãos, a diferença é que como isso é um shounen devemos deixar os mocinhos serem felizes e aproveitarem suas vitórias.

Enquanto Gin sempre lutou com uma sombra de si mesmo procurando preencher seu vazio com as relações e laços que encontrava pela frente, Kamui foi se afastando mais e mais das pessoas, lutando uma batalha eternamente sozinho. Eu, como um grande ativista das resenhas e criações de laços, acho ótimo que a moral shounen seja tão voltada para a formação de amizades poderosas, mas não deixo de entender que algumas pessoas simplesmente não gostem de dividir seus fardos com outros.

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