Noventa e cinco anos, Matsuda? Já conviveu com Yakumo 7, Yakumo 8, vive agora com Yakumo 9 e está vendo o começo da carreira do potencial Yakumo 10! A longevidade nipônica é mesmo assombrosa em alguns casos.

Esse episódio tinha tudo para ser só um epílogo, mas ao invés de ser um episódio comentando e encerrando o passado, com talvez algumas referências ao presente tal como ele se tornou após os fatos ocorridos até então e por causa deles, esse final foi muito mais sobre o futuro do que qualquer outra coisa. Mostrou a reabertura do teatro, as mudanças que o rakugo já sofreu e toda a esperança renovada no futuro da arte – que não é apenas esperança agora, mas realidade. O rakugo está com seu futuro encomendado e ele parece brilhante.

Farei como Rakugo Shinjuu e começarei pelo passado: Shinnosuke é filho de Yakumo? Vi reações variadas antes de assistir o episódio, alguns acharam sensacional, outros estão revoltados e se sentem revivendo o trauma de certo mangá slice of life. Mas todos parecem acreditar que sim, Yakumo é pai do filho de Konatsu, que ele criou como sua própria filha. Afinal, Shin é filho de Yakumo? Rakugo Shinjuu, ou melhor, Konatsu, não dá uma resposta. Acho que a situação ficou suficientemente ambígua para cada um acreditar no que achar mais agradável. Eu acredito que pai e filha adotiva tiveram, sim, uma relação, da qual Shin é o fruto. Por quê? Bom, a Konatsu se recusa a negar de forma peremptória que Yakumo seja o pai do jovem, e esse é o tipo de situação em que se omitir quase sempre significa admitir. Isso dito, não penso que seja o fim do mundo; não vejo um só pingo de coelho.

Esse sorrisinho no final pra mim só confirma tudo

Konatsu diz que hoje acredita que o que sentia por Yakumo era algum tipo de sentimento romântico. O fato foi há quantos anos mesmo? Nossa memória frequentemente nos engana e tende a embelezar o passado. O que ela diz de objetivo e que pode-se aceitar sem grande dificuldade é que ter Shin foi um projeto dela, algo que ela queria fazer independente de qualquer outra coisa: ela queria manter vivo o sangue de Sukeroku, seu pai. Para isso qualquer um poderia ter sido o pai biológico da criança. E nenhum sentimento era necessário. Por que não Yakumo? Era alguém que reunia diversas boas qualidades (ainda que ela vivesse uma relação tensa com ele à época), que ela conhecia bem, que havia sido próximo a seu pai e que entendia de rakugo como ninguém. Era ou não era o pai ideal? O que provoca celeuma é o incesto.

Pai é quem cria!

E eu mesmo não gosto nada da ideia. Mas entendo que nunca houve paixão entre os dois. Como ela fez então? Bom, talvez com a ajuda da dona da casa de chá e do chefe yakuza? Ela os cita como as únicas pessoas além dela e de Yakumo que saberiam da verdade. Se for Yakumo o pai de Shin, e na falta de qualquer indício de que tenha havido qualquer tipo de paixão ou atração entre Konatsu e Yakumo, escolho acreditar no que é mais lógico: existe algo (de verdade, não no anime) que impede que haja atração sexual entre crianças que crescem juntas e entre elas e os adultos que as criaram (não apenas pais e parentes). Existem sim casos de incesto, mas a maioria se dá entre irmãos ou pais e filhos que não cresceram juntos – nesse caso, os genes semelhantes fazem com que um identifique o outro como parceiro ideal, e essas paixões podem ser arrebatadoras. O que quero dizer é que nada indica que houvesse paixão entre Yakumo e Konatsu e o que sabe-se de científico corrobora essa avaliação. Tudo o que aconteceu (ela o forçou de alguma forma? talvez ele estivesse bêbado?), se aconteceu, foi um ato deliberado da Konatsu com um fim bastante utilitário. Que não deixa de me causar alguma repulsa, confesso, mas me parece muito menos problemático.

Tentei resumir ao máximo mas não consegui evitar que esse tema ocupasse três parágrafos inteiros! E nem é o principal, a meu ver. No fundo é muito mais simbólico do que algo que o anime quer que seja factual. E não esqueça de como eles são todos contadores de história, o Yakumo nos ensinou que eles podem estar na verdade mentindo o tempo todo! Seja sangue do sangue de Yakumo ou não, Shin cresceu e se tornou bastante parecido com ele! Um contador de história jovem e inseguro, preocupado em ensaiar todo o tempo que puder, bastante técnico e muito melhor do que seu medo faz parecer. E fisicamente é parecido também, como não? Mas seu rakugo não se parece tanto com o de Yakumo; talvez seja um intermediário entre o Yakumo e o Sukeroku? Seria o sonho de Konatsu.

Yotaro herdou o nome de seu mestre e agora é o nono Yakumo, indicando uma longa e tradicional linhagem, irônico para alguém que mais do que ninguém antes dele abraçou as mudanças com tanto entusiasmo – e que, efetivamente, conduziu a arte para um futuro onde ela sobreviveu e recomeça a prosperar. É como a metáfora da peça Shinigami, tantas vezes recitada durante as duas temporadas de Rakugo Shinjuu e mais uma vez recitada nesse episódio final, agora executada pelo Yotaro: para continuar vivo, basta transferir a chama. A contação de histórias não nasceu com Yakumo, Yotaro ou Sukeroku, mas todos eles participaram dessa prova de revezamento ao longo das décadas para manter acesa e conduzir para o futuro o fogo do rakugo.

Ou essa é, entendo, a interpretação de Higuchi pelo menos. Yotaro diz que ele está errado. A arte tem vida própria e ela sobreviveria pelos seus próprios méritos não importa o que acontecesse. Todos eles não são senão personagens na grande história do rakugo, portanto participam dela, mas não a contam. Que o próprio Higuchi esteja empenhado em escrever a história de um mestre do rakugo pode ser considerado uma evidência da correção dessa interpretação. Eu acho que a realidade é mais complicada e a verdade envolve um pouco das duas coisas, além de outras tantas não tão fáceis de identificar, mas isso não importa. As duas visões são corroboradas em algum momento pelo anime (inclusive nesse último episódio) e são bonitas e poéticas, bem ao gosto do Higuchi. Qual preferir acreditar é escolha sua, assim como no caso da paternidade do Shin.

  1. Primeiramente, gostaria de agradecer por ter feito as análises deste anime: admito que não esperava nada de “Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu”, alías, muitos não esperavam nada de um anime cuja obra não era conhecida do público ocidental. Fiquei extremamente deslumbrada com o andamento, personagens, trama, ambientação e contexto histórico; fazia muito tempo que um anime semanal não me fascinava tanto assim, diria que desde 2015, quando “Osomatsu-san” e “Ushio to Tora” deram às caras.

    A história de uma arte como o rakugo e o fato disto influenciar os personagens, seja de forma positiva ou não, me lembra de “Major”; uma série onde as pessoas são mais “pé-no-chão” que muitos dos animes que estamos habituados a acompanhar; até por ser um josei, que é para um público feminino mais velho, chamou demais a minha atenção. Mesmo que não tendo o orçamento de animes mais bem desenhados ou cheio de efeitos de ponta, soube sim aproveitar o que tinha e teve uma animação decente, cujos ambientes sejam algo maravilhoso pra admirar; tem também a dublagem, que soube usar bem os recursos e estilos de cada personagem, até pela arte do rakugo, a voz é um ponto crucial pra funcionar. Claro que é uma ressalva a ser dita: não é um anime pra qualquer um assistir, porque não é do tipo pra se distrair e sim pra refletir, ficar por dentro da história e absorver seu conteúdo. Isto explica porque nem todos conseguiram ver a série como se deve.

    Saindo disto, foi um final muito otimista quando ao futuro do rakugo e o Shin ser a cara do Yakumo é pra dar umas pistas de quem seja o seu pai,mas, como isso não foi relevante, fica apenas as possibilidades; legal ver que a Konatsu tornou-se uma contadora e ver que mesmo gordinho, o Yotarou continuou sendo ele mesmo; de como está sendo o futuro de uma arte tão antiga e tradicional quanto o rakugo. Enfim, é uma série muito boa, sem pretensões que em sua trajetória trouxe uma grande história e que nós, espectadores fomos a plateia. Vale lembrar que é comum no Japão esta mistura da tradição com a modernidade e bem interessante este ponto de vista.

    De qualquer maneira, “Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu” mostra que animação japonesa pode nos levar a acompanhar uma história que trás este recurso, sem ter de apelar demais para os clichês. Isto é o que me fascina neste tipo de animação e espero que leve outras pessoas a ver que animes não são necessariamente os esteriótipos que pensam a respeito. E novamente, obrigada por ter dedicado um tempo com esta série maravilhosa.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Primeiramente, gostaria de me desculpar por demorar tanto a responder. Essas últimas semanas (quase mês, na verdade) têm sido muito corridas. Comecei anteontem a tirar o atraso dos comentários, e acho que não é hoje ainda que vou terminar.

      Quando eu soube que sairia um anime de um tal “Rakugo Shinjuu”, lá pelo final de 2015, achei inusitado e fiquei curioso. Quando vieram os trailers eu soube que eu tinha que assistir e que aquilo tinha tudo para ser muito bom. E eles não me enganaram!

      Não consigo esboçar críticas à parte técnica de Rakugo Shinjuu, em nenhuma das temporadas. Sim, não foi dos animes com maiores orçamentos e isso era visível por vezes, mas o que faltou de recursos sobrou em criatividade. A animação foi um espetáculo do começo até o fim. E na dublagem pelo menos parece que não economizaram, né? Hayashibara é da elite dessa arte (Hayashibara que também esteve em Ushio to Tora, outro anime que eu adorei, comentei aqui no blog – apenas a segunda temporada, mas antes tarde do que nunca – e que você citou, aliás!).

      E tenho que concordar: Rakugo Shinjuu não é um anime casual. Há pouco para se desfrutar aqui se não se estiver pronto para pensar muito e estar com a história inteira na cabeça o tempo inteiro.

      Sobre o final “otimista”, bom, é fácil ser otimista hoje em dia, né? O rakugo realmente passou por grandes dificuldades mas sobreviveu e vai muito bem, obrigado. Rakugo Shinjuu foi a história do Yakumo ao longo de décadas, com o Japão e suas transformações rumo à “modernidade” sempre bem presentes, às vezes quase como um personagem antagonista mesmo. Mas como costuma acontecer em algumas histórias, o antagonista não era um vilão e ele e o protagonista souberam deixar as diferenças de lado no final das contas.

      E que nada, sou eu quem agradeço! Muito obrigado pela audiência, pela visita, pelo comentário, por estar assistindo comigo esse anime incrível que foi Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu!

      Volte sempre =)

  2. Achei bem zoado lançarem essa polêmica da paternidade num episódio de conclusão. Não houve foreshadowing suficiente, e é tão arbitrário que parece fetiche da autora. MAS, ao contrário de certo mangá slice of life, o anime não gira em torno disso. Não achei que esse deslize tenha prejudicado o conjunto da obra, sobretudo da maneira sutil como foi apresentado.

    • A paternidade do Shin, sempre foi algo delicado no anime. Por momentos pensou-se que o Shin, poderia ser filho de qualquer um, já que a Konatsu, queria preservar a linhagem de Sukerou. Já nesta segunda temporada houve dois momentos em que se desconfiou de quem poderia ser o pai do Shin, um naquele episódio onde o Yakumo está muito confidente com o chefe Yakuza e o outro, quando o Yotaro pensa ter descobrido o pai biológico do Shin (neste caso o chefe Yakuza). E não achei descabido nem zoado a polémica da paternidade do Shin neste último episódio, a dúvida da mesma sempre pairou no anime. Mas é inegável que a versão do Shin adulta tem muitos traços do Yakumo e alguns do Sukerou, a Konatsu durante a conversa com o Higuchi, mesmo de forma subentendida, que ela teve uma paixão pelo Yakumo, aquelas paixões que todos tem na adolescência, não era impossível que ela tivesse tido uma noite de amor com o seu pai adoptivo ( e não pode ser considerado incesto, já que ambos não possuiam laços de sangue). A dívida que o Yakumo tinha com o chefe Yakuza devia ser esta, este ficava na ficha de pai biológico do Shin, para salvar a pele do Yakumo. E só quatro pessoas é que sabiam deste segredo, a Konatsu, o Yakumo, o chefe Yakuza e a sua amante Oei e estes últimos 3 levaram o segredo para o túmulo.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Concordo. Não acredito que tenha interferido no conjunto, embora possa ter chocado um pouco no momento, durante o episódio final, quando tudo o que mais queríamos era relaxar e curtir um belo epílogo. Polêmica desnecessária, provavelmente fetiche mesmo, mas como sustento no texto, acredito que não prejudicou em nada, nem mesmo o próprio episódio, se penso com mais calma sobre a coisa toda.

      E obrigado pela visita e pelo comentário =)

      Infelizmente não há nenhum anime eminentemente “adulto” na nova temporada, mas espero que dê uma espiada por aqui pelo menos 😉

  3. Com este artigo, se acaba a minha jornada neste anime, como foi bom acompanhar a segunda temporada de Shouwa e os teus artigos sobre ela. Como tudo na vida tem inicio, meio e fim, Shouwa, não poderia ser diferente, mas ainda assim, faz pouco tempo que acabou e já deixou uma saudade imensa. Passando para o episódio, Matsuda-san, é um personagem de se respeitar. Ele viveu 95 Primaveras, coisa não tão rara na sociedade japonesa, mas ainda assim é de louvar. Ele viu e acompanhou o percurso de 3 gerações de Yakumos, quiçá 4, se ele viver mais um pouco, para ver o Shin herdar o título de Yakumo. Ele até deve ter tido, uma experiência de quase morte, só para acompanhar o seu mestre aos portões do céu, ele era tão leal, que até este feito ele conseguiu. O Matsuda-san, é como se fosse um registo vivo, do percurso de três gerações de rakugokas, ele não pode ser um contador de histórias no estilo artístico, mas é um contador de histórias de vida, é impressionante a memória e lucidez dele aos 95 anos de idade.
    Passando à parte polémica, que tanto escreveste no artigo (e diga-se de passagem, eu gostei bastante), eu estou de acordo. Mesmo tocando em um tema sério e que gera repulsa na opinião pública, Shouwa soube trabalhá-lo de forma subtil. Tema que poderia ter arruinado uma segunda temporada épica de Shouwa, mas como Shouwa gira em torno de contadores de histórias, nunca se sabe se tal polémica seria verdade ou não. E mesmo que fosse, mesmo dando a sensação de repulsa, a Konatsu herdou o sentido de pragmatismo da sua mãe Miyo. Ela já fazia um bom, tempo que queria ter um filho, para manter a linhagem de Sukerou. Ela pouco se importava com sentimentos, como tu bem referiste, Fábio, ela poderia gerar um filho com qualquer homem, e neste caso o Yakumo reunia muitas qualidades. Seria bom que não fosse verdade, mas se for, também não faz diferença. Depois de ler mais atentamente este artigo, eu percebi que estava equivocado na minha resposta ao Vinicius. Mesmo a Konatsu tendo uma paixão pelo Yakumo, tal coisa não seria possível nos dois lados. O Yakumo era um homem sério, na minha opinião ele nunca teve interesse na Konatsu em termos românticos, afinal a Konatsu era como uma filha para ele. Se os dois dormiram juntos e dai a gravidez da Konatsu, ela deve ter feito algo a ele. Talvez atiçar o sentido de culpa no Yakumo, a tal ponto de ele concordar em ser o pai do filho dela. Numa altura em que ainda não se tinha as técnicas de bebés proveta nem fertilização in vitro, só havia o método tradicional de alcançar tal feito. A imagem que colocaste da Konatsu no artigo é perfeita para confirmar a verdade, aquele riso dela, só confirmou a verdade. Mas como ela é a única pessoa viva que sabe a verdade, nunca se saberá a paternidade do Shin (se o chefe Yakuza e a sua amante Oei fossem vivos, quem sabe se descobrisse a verdade). Mas ainda assim , tal verdade já não é tão importante, o importante é que a Konatsu é feliz, tem uma família feliz e acima de tudo parece feliz com o seu marido Yotaro (pelos vistos ela não se importa que ele tenha uns quilos a mais).
    Quanto ao Shin, ele em termos de aparência e atitudes, parece mesmo com o Yakumo, mas também tem algumas características do Sukerou, como o cabelo, por exemplo. A forma como ele se dedica ao seu treinamento, a sua exigência em termos técnicos, são quase um espelho do velho Yakumo. Mas é na apresentação, que se nota, que ele é um híbrido, meio termo, ele na sua apresentação demonstrou diversas características do Yakumo e do Sukerou. Será que a Konatsu conseguiu aquilo que tanto desejava, eu acho que sim, ela deve estar orgulhosa do seu filho.
    Passando ao Yotaro, ele continua igual, só que mais velho. Agora ele usa o nome e brasão da nona geração de Yakumos e parece bem orgulhoso com isso. Ele perdeu o medo de mostrar a sua tatuagem, nem o título de Yakumo o faz acanhar de ser alegre, como tu bem disseste no artigo, nunca tinha havido um Yakumo tão aberto a mudanças e revoluções no Rakugo. Ele desde o inicio, que ele foi um pai para o Shin. Mesmo que este não partilha-se do seu sangue, Yotaro sempre o viu como o seu filho, coisa que demonstra como Yotaro tem um coração grande. Como tu bem escreveste, pai é quem cria. Como foi bonito ver pai e filho a conversarem antes da apresentação. O Yotaro a acalmar a ansiedade do seu filho Shin, foi uma cena bonita e a parte do leque do Sukerou também. A sua apresentação de Shinigami, foi boa, mas esteve longe da qualidade do Shinigami do seu mestre. Mas ainda assim, gostei da forma como ele a apresentou, ele finalmente ficou a saber o porquê daquela peça ser tão importante para o seu mestre. Ele e o Higuchi revolucionaram o Rakugo, a Konatsu e a permissão de integrantes estrangeiros entrarem para o Rakugo é a prova disso.
    Antes que me esqueça, a filha da Konatsu e do Yotaro, Koyuki é bem engraçada e decidida. Ela não quer seguir as pisadas dos seus pais e irmão, mas ainda assim gosta de ouvir Rakugo e ajudar na preparação das apresentações. Konatsu e Yotaro, devem estar orgulhos dos seus dois filhos.
    O Higuchi, nem em velho descansa. A curiosidade dele, nunca dorme, ele está sempre a pôr o nariz onde não é chamado, mas é isto que torna este personagem tão enigmático. Ele acabou por escrever peças de rakugo para mulheres, afinal ele atendeu o pedido de Yotaro. Graças a isso a Konatsu conseguiu alcançar o seu sonho. Até o Mangetsu teve a sua aparição num corpo mais velho. Nem em velho ele deixa de embirrar com o Yotaro, é sempre existir rivalidades, mas rivalidades sem maldade como é o caso do Mangetsu e do Yotaro.
    Como foi bom, ver tantos mestres de Rakugo no palco, deu-me uma sensação de alegria nesta parte. Shouwa vai deixar saudades, mas deixou a sua marca no mundo dos animes.
    Como sempre mais um excelente artigo de, Shouwa Fábio. Foi uma honra e um gosto acompanhar os teus artigos deste anime.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Rakugo Shinjuu é exatamente um anime sobre começo, meio e fim! No caso, o começo, meio e fim da vida e carreira do Yakumo, bem como de outras histórias de sua vida em que ele esteve metido. E no final das contas, uma história sobre como mesmo depois do fim as coisas continuam vivas de algum modo: o rakugo sobrevive, contrariando os maiores medos de seus artistas, e o próprio Yakumo permanece vivo em Konatsu, Yotaro, Shinnosuke (nesse talvez em mais de uma forma…), e claro, no próprio rakugo!

      O Matsuda viver para ver o Shinnosuke herdar o título de Yakumo seria uma façanha mesmo para padrões japoneses, hein? O Yotaro está apenas começando sua velhice, não deve ter nem 60 anos ainda, hehe. A não ser que aconteça-lhe um acidente, mas não seremos nós a torcer por isso, né?

      Eu devo dizer que pessoalmente preferia Rakugo Shinjuu sem a polêmica da paternidade, mas não acho que tenha atrapalhado nada. Se tivesse surgido antes, se tivesse se insinuado mais, aí sim, acredito que teria sido uma mácula terrível. Não há desculpa boa o suficiente que justifique um relacionamento entre pai adotivo e filha, na minha opinião. Da forma como foi feita, mesmo eu tendo certeza que sim, aconteceu, foi tão sutil que é quase apenas uma metáfora. Dá para aceitar que seja assim.

      E aí chegamos ao Shin: foi Yotaro quem salvou objetivamente o rakugo, mas é Shin quem representa a renovação. Renovação que vem de uma casa tradicional, com um artista que herda dos dois gênios que conhecemos ao longo do anime – e talvez herde literalmente, se Yakumo for mesmo seu pai, não é? Não é à toa que ele se recusa a interpretar peças novas enquanto ainda não tiver seu próprio estilo, enquanto sua fundação não for sólida o suficiente. Renovação, mudança, modernidade, mas sem desrespeitar ou se descuidar das tradições e de tudo aquilo que importa e que foi construído culturalmente ao longo de várias gerações.

      Eu gostei bastante da personalidade da Koyuki e achei-a uma personagem muito bonita e fofa, me doeu um pouco não ter encontrado espaço no artigo para falar sobre ela. Coloquei várias imagens dela para compensar, hehe.

      Enfim, a nossa história com Rakugo Shinjuu chegou ao fim, mas isso não significa que tudo deva acabar! Espero continuar contando com você nessa nova temporada!

      Muito obrigado pela visita, pelo comentário e por assistir junto comigo esse anime tão incrível! =)

      • Na temporada de Abril, não sei bem, se vou comentar e ver muitos animes, a maioria dos animes desta temporada que entrou, não me dizem nada. Mas se bem, que tenho fé, na tua opinião e recomendações, até agora não me arrependi de ver um anime, que recomendaste.
        E bem, eu é que agradeço, por teres feito artigos tão bons de Shouwa, foi tão bom ler os artigos deste anime todos os Domingos. Shouwa vai deixar saudades, sem dúvida alguma.

      • Fábio "Mexicano" Godoy

        No geral estou achando a temporada de abril no mesmo nível da de janeiro – o que já quer dizer muita coisa, já que janeiro é tradicionalmente a temporada mais fraca do ano; ser equivalente ao pior não é tão bom assim, afinal. Mas sim, estão bastante diferentes.

        Se você vai ver poucos ou muitos animes eu não tenho certeza, mas posso apostar que iremos cobrir todos os animes que você assistir com o nosso crescimento nessa temporada =)

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