Bom dia!

O melhor é que o anime acabou! Mentira. Quero dizer, isso é uma coisa boa também, mas não é só isso. Fiquei positivamente impressionado por esses dois episódios finais. Foi tudo clichê, eu sei, mas é disso que se constroem histórias desse tipo. Não tem como fugir. E se o anime não tivesse feito tudo errado até agora teria muita gente chorando após o final e ansiosa por uma possível segunda temporada. Seria o novo Another – potencial que eu sabia que Ousama Game tinha desde o começo por já ter lido o mangá.

O ponto alto do anime foram as expressões e a dublagem da Natsuko

E no final a vilã finalmente endoidece de vez e sem cerimônia sai matando seus colegas de classe. Faz bastante sentido, e eu queria ter visto mais pessoas se matando antes disso. É o tipo de reação esperada nessas histórias de sobrevivência contra o sobrenatural, principalmente quando a entidade joga uns contra os outros. Antes de prosseguir, pense aí em outros animes ou filmes ou qualquer tipo de mídia que tenha esse formato: adolescentes ou jovens tentando escapar da morte provocada por uma entidade sobrenatural que eles não compreendem e contra a qual não podem lutar. Another, Ring (O Chamado), Premonição. Tudo o que você possa apontar como “forçado” nesse final de Ousama Game é na verdade apenas padrão do gênero. Incomoda aqui, e não em outros (se te incomoda nos demais também então não deveria ter assistido Ousama Game de todo modo, hehe), porque todo o desenvolvimento foi prejudicado.

Ninguém gosta do Nobuaki. Eu li o mangá, que o desenvolve muito melhor, e não gosto do Nobuaki. A antagonista não é menos odiável – e ela quer ser odiada. A quase totalidade dos demais personagens são apenas nomes, nunca ficamos sabendo nada sobre eles. É legal ver os desconhecidos morrerem nesse tipo de horror, mas quando todos são desconhecidos isso logo começa a parecer vazio e sem sentido. Ninguém com quem você se importe é ameaçado, porque você não se importa com ninguém. No final o anime conseguiu (mais ou menos): a Riona. Garota bonita, bem intencionada, com força de vontade e personalidade forte, mas fisicamente fraca. Ela rouba rápido o holofote do Nobuaki. As ameaças e mortes que se seguem passam a ter mais peso – é a pergunta silenciosa no fundo da mente: será que a Riona sobrevive a essa Natsuko assassina e ao próprio Jogo do Rei?

E as próprias mortes são melhores também. E vêm aos montes. Com direito até a uma moto-serra, carregada de combustível, dando sopa em um lugar deserto para a vilã sem escrúpulos usar. Cenas gráficas terríveis se seguem – e a própria Natsuko acaba vítima da moto-serra. Pelas mãos da Riona! Raras cenas nesse anime foram tão satisfatórias. Como boa vilã circunstancial (abaixo do real vilão, o intangível Rei sobrenatural), porém, é lógico que mesmo com a coluna destruída por uma moto-serra a Natsuko se levantou mais uma vez para matar o Nobuaki e encher a Riona de desespero – com todos mortos, ela ainda poderia escolher sobreviver, mesmo sabendo que jamais escaparia da maldição do Jogo do Rei. Ela escolheu a única saída possível: a morte.

Esse é outro tema comum nessas histórias: a inevitabilidade. Em Another, se você está na classe errada você está abandonado à própria sorte. Talvez sobreviva, talvez morra, não há nada que você possa fazer para alterar suas chances. Em Ring (O Chamado) é até fácil escapar, mas implica condenar outra pessoa. A maldição continua para sempre – e pode retornar a você um dia. Em Premonição a única saída é “enganar a morte”, mas isso não é exatamente fácil de fazer. Em Ousama Game, uma vez que você entra no jogo, você nunca mais sai. Se for o último sobrevivente, o Rei irá te usar para iniciar outro jogo, em outro lugar, com outras pessoas. Talvez isolar-se resolva? Hehe.

Ameaçar de morte toda a humanidade é um pouco grandiloquente, mas funciona para pressionar adolescentes já traumatizados. É impossível sair do jogo. Se sobreviver, vai apenas ter que enfrentar outro jogo eventualmente, e mais pessoas vão morrer – e dessa vez, você vai saber que a culpa foi sua. Nobuaki e Natsuko não são psicologicamente quebrados sem motivos. Sem escapatória, a única escolha que alguém realmente livre pode tomar é morrer. Riona está nessa pela primeira vez, parece uma escolha óbvia para ela. Nobuaki, com todos os seus defeitos, realmente se importa com os outros e sente cada morte, então ele está disposto a aceitar esse infortúnio também. Mas a Natsuko não quer saber dessa merda. Ela já sobreviveu uma vez, viu todo mundo que ama morrer, e está à beira de sobreviver uma segunda vez. Está disposta a repetir isso quantas vezes conseguir. Ela não se importa com a humanidade porque já perdeu a sua própria humanidade.

No final, a Riona já pirou também e acha necrofilia belo e justo

Se Ousama Game tivesse sido inteiro nesse nível. Se não fossem os flashbacks absolutamente terríveis e que nada acrescentaram. Se não fossem as mortes sem graça (muitas delas fora da tela) e a animação fraca. Se tivéssemos sido levados a nos importar com mais personagens. Se tudo isso, poderia ter sido um anime de horror trash decente. Ia ter gente doida aí falando como é genial e blá blá blá. Talvez surgissem memes envolvendo celular, como os há envolvendo guarda-chuvas e já houve envolvendo fitas VHS, vídeos ou “sete dias”. Ia ter gente levando a sério aquele “To Be Continued” no final – não o leve a sério, foi só para dizer que o Jogo nunca vai parar, que é invencível, enfim, reforçar a inevitabilidade da qual já falei; adicionalmente, que eu saiba, não há mais história para adaptar, se for para haver uma segunda temporada precisaria ser inteiramente original.

Ao invés de tudo isso, Ousama Game escolheu o caminho que escolheu. É menos do que medíocre. Errar tanto e consistentemente com uma fórmula tão fácil é quase um feito mais difícil do que fazer tudo certo e contar uma história divertida. Pelo menos me diverti de verdade com esses dois últimos episódios.

  1. bem vi o ultimo episódio e para ser franco…que final mais feito as pressas. o anime é bom até, concordo sobres as flashbacks foram extremamente desnecessárias tira todo o conteúdo sobre o anime. falando das mortes sim até achei mediano, agora o nobuaki ele é legal até mas, faltou um pouco de “heroismo” ele fica mais chorando do que nunca.. o final foi muito fraco e mal explorado curti a ideia do rei ser um virus mas, queria que o nobuaki morre se como um heroi sabe? sacrificio heroico para impedir o rei.. enfim oq me deixa intrigado é aquele continue será que vão continuar?

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Achou corrido? Para mim foi no mesmo ritmo do resto do anime inteiro. Mais lento que isso só se enfiassem mais blá blá blá no meio, o que não melhoraria nada, ou mais uma ou duas ordens para matar os alunos restantes mais lentamente, mas isso era desnecessário porque a gente nem conhecia nem se importava com eles. Fosse isso ao invés dos flashbacks talvez tivesse no geral um anime melhor, mas afetou pouco o final em si.

      O Nobuaki foi um péssimo personagem. Ele já sabia muita coisa mas demorou a revelar – para isso serviram os flashbacks. Tudo bem que depois de ser quase linchado pela classe deve ter ficado meio “difícil” ele sustentar essa posição, mas bem, ele ter sido quase linchado em primeiro lugar foi um movimento péssimo do anime. Se tivesse confiado um pouco só nele no começo, nem que fosse um confiar desconfiando, tudo teria sido mais fácil e ele poderia ter revelado naturalmente o que ele já sabia, sem necessidade para flashbacks e com mais tempo para conhecermos os alunos dessa turma. A ideia do inimigo ser um vírus biológico que se torna vírus digital e ainda assim infecta pessoas é muito além de ridícula, mas se você apenas aceitar isso ele se encaixa como um mal sobrenatural padrão desse tipo de história. Não é feito para fazer sentido mesmo, ainda que tenha uma explicação.

      E no final em si acho que o Nobuaki até foi razoavelmente heróico. Enfrentou a Natsuko, ajudou todos que pôde e etc. Ingênuo como sempre, mas acima da média do Nobuaki do resto do anime.

      Agora, impedir o Rei? Esqueça isso, você está na história errada. Nesse tipo de história de terror o mal sobrenatural nunca é impedido. Pode até haver sobreviventes, mas a história irá se repetir de novo e de novo – talvez, para horror de seus sobreviventes, eles até sejam alvo mais uma vez. O “To Be Continued” se encaixa nisso, mais do que em uma intenção real de fazer uma segunda temporada. Como eu disse, não há material para isso, que eu saiba.

      Obrigado pela visita e pelo comentário =)

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