Beatless é originalmente uma light novel de apenas 1 volume que anteriormente foi adaptada para mangá com apenas 2 volumes, e o que isso nos indica? Que o anime deve ter no máximo uns 13 episódios? Não, pois já foram confirmados 24; o que deve significar que ele terá final fechado e que vão adaptar lentamente e fielmente a sua novel ou vão expandir o universo assim como a sua trama? Não sei, mas espero descobrir isso até o final do anime e que da forma que for espero que seja bom!

Para quem quer um sci-fi “padrão” acho o anime é indicável, mas esse “padrão” é justamente a sua maior qualidade e o seu maior defeito até agora. O comum em light novels, mangás e animes é que o grupo de personagens, universo da obra ou detalhes da trama apresentem um diferencial que “salte” aos olhos de quem consome a mídia – sendo essas características boas ou ruins – e Beatless não tem muito disso. A robô não é tsundere, o protagonista não é tarado, a irmãzinha não é um gênio, etc…

Ela é muito fofa, mas meio que só isso e eu já não caio mais em uma ilusão desse nível…

Okay, okay, isso quer dizer que eu gostaria que os personagens fossem mais clichês? Não exatamente, foi só um exemplo, mas acho que falta “identidade” a Beatless. É como se o anime fosse uma música dançante sem uma batida marcante. Ficou melhor de entender desse jeito? Isso pode e deve minar o interesse de parte do público, mas, por outro lado, vejo como um ponto positivo, pois faz a obra correr menos risco de cometer erros que cometeria mais facilmente caso se valesse de estereótipos, dramas manjados, resoluções previsíveis, etc. Ainda é cedo para falar que não vai seguir por esse caminho, mas por ora Beatless ainda é, de certa forma, uma incógnita previsível.

Agora falando desse segundo episódio, após um primeiro que apenas apresentou as hiEs de luxo que se rebelaram e se misturaram à sociedade – algumas das quais estão atacando outras hiEs –, o protagonista sem graça – assim como o cotidiano dele – e os conectou, dessa vez o natural seria mostrar apenas o cotidiano dele com a irmã e essa nova “garota”, não é mesmo? Nós vemos isso, mas a história também toma um caminho um pouquinho diferente e a Lacia vira uma top model!

Você percebe que é gata quando já chega na agência ao lado das tops das tops!

Achei uma boa sacada fazer isso com a personagem, porque serviu tanto para mostrar como a sociedade age em relação às hiEs, que ela as usa para serviços domésticos e para “adorno”, quanto para justificar o fato do protagonista ter uma hiE de luxo e isso não ser descabido. O pai dele foi um dos desenvolvedores da tecnologia que deu origem a esses robôs, então não é de se estranhar que o filho tenha um top de linha, não é mesmo? Talvez ele e a irmã não tiveram uma hiE até agora por causa de algum trauma relacionado ao trabalho do pai e a sua ausência familiar? Pode ser, mas os garotos não parecem nada traumatizados, então talvez a história não siga por esse clichê. Por ora só posso apontar que toda a situação em que ele adquire a hiE Lacia e passa a conviver com ela é bem aceitável, o problema reside no que fazer para descobrir mais sobre quem ela é e o que “quer”.

Quanto ao hack analógico e toda a situação dela virar uma modelo, comparo isso ao que é feito quanto às idols no Japão, que são figuras criadas para a adoração e atraem o interesse emocional e “investimento” financeiro das pessoas. Esse uso dado às hiEs é uma evolução do que já é feito hoje em dia, e tanta beleza e graciosidade fazer com que as pessoas nem pensem que a modelo que está na frente delas não é humana e passem a comprar material dela e a segui-la quase que religiosamente faz bastante sentido. Indução das massas é uma “ótima” forma de fazer dinheiro!

Só eu quero um romance entre esses dois? Até para ver se eles ficam mais interessantes…

Outra coisa interessante sobre esse episódio que meio que mostra que o anime não é clichezão – ele só é morno, bem morno – é que a cena em que ele e a Lucia vão à escola normalmente seria usada ou para criar o segundo confronto dos dois com alguma das outras hiEs ou mostrar alguma delas observando a Lacia e ele, mas nada disso é feito, você quase esquece que tem outras hIEs de luxo perigosas soltas por aí até o final do episódio em que a de cabelo vermelho aparece no quarto do amigo hacker do protagonista. O interesse dela nele deve ser explicado na sequência, então ainda não tenho muito o que comentar quanto a isso, mas, por outro lado, pegar o cara de óculos que parece nerd e fazer ele ser o hacker da história até é clichê, mas é um que não fede e nem cheira.

Enfim, esse episódio serviu para mostrar um pouco melhor o mundo, fazer com que o público conheça um pouco mais do protagonista e aceite que ele é “destinado” a se envolver em uma trama misteriosa envolvendo as hiEs que o seu pai ajudou a criar(?) e, de quebra, tentar tornar a Lacia mais simpática perante esse público. Olha, quanto aos dois primeiros quesitos acho que o anime foi bem, quanto ao último nem tanto, pois a Lacia ainda não me cativou pelo carisma, ainda não mostrou um traço de personalidade marcante ou atitudes que me façam gostar dela. A de cabelo vermelho me parece mais interessante nesse sentido e espero que ela ganhe mais tempo de tela a partir do próximo episódio, pois já está meio na cara que ela deve ser uma antagonista importante na história.

Quando você nem é a protagonista, mas parece bem mais badass que ela!

Ainda não entendi bem como ou porque essas hIEs se “rebelaram”, ainda não entendi tão bem o que é uma hIE – mas me parece que é algo muito parecido com os persocoms de Chobits – e ainda não saquei o que elas querem – ou ainda não quero pensar muito nisso, pois acho que estragaria um pouco a minha experiência em ver o anime. Sei que a Lacia não parece querer machucar outras hIEs e nem humanos, mas as suas “irmãs” não são bem assim, e é isso o que deve ditar o ritmo da obra e ser o seu grande objetivo(?), uma busca do protagonista e da Lacia para entender o porquê da violência das hiEs e impedi-las de praticá-la. Com certeza tem um motivo por trás disso e isso deve se cruzar com o questionamento delas não terem alma – ou ao menos é o que eu espero que aconteça.

Beatless não é um clichê sem pudor, mas não é nada inovador e nem imprevisível, só foi até agora um pouco diferente do normal para o que a gente vê de genérico em animes de temporada, mas nem por isso conseguiu mostrar uma identidade com a qual o público pudesse se afeiçoar. Ainda tenho boas expectativas quanto a obra, mas bem comedidas, e continuarei acompanhando o anime aqui com vocês no blog. Quer esse anime tenha alma ou não, eu dou a ele o meu voto de confiança!

Eu confio no seu sorriso. Não vou me importar se você não tiver uma alma.”

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