Nanatsu no Taizai: Imashime no Fukkatsu – ep 2 – Você segue os Dez Mandamentos?
Em um episódio no qual fomos apresentados aos nomes e aos respectivos mandamentos dos novos vilões pertencentes ao Clã dos Demônios, o que teve mais foco foi o Ban e a sua side quest de reviver a Elaine, a confirmação dos sentimentos amorosos das heroínas principais e o conflito ocasionado pela forma objetiva e completamente questionável do Gowther agir em busca de compreender os sentimentos humanos. Faço a pergunta a fim de evitar o clickbait: você segue os Dez Mandamentos?
Okay, mesmo que eu não consiga evitar a sensação de que você foi enganado pelo título, não se pode negar que é bom conhecer os nomes dos vilões e a qual “princípio” o poder deles é atrelado, o que podemos esperar que aconteça se lembrarmos dos próprios Pecados Capitais cujas habilidades e/ou características se relacionam diretamente aos crimes pelos quais foram condenados. É verdade que personagens como Diane, Gowther, Merlin e Escanor ainda não tiveram o contexto de suas infrações explicado, mas esperar uma correlação entre elas e algo que defina bem esses personagens é o comum – e essa expectativa é reforçada pelas histórias dos outros Pecados – e também deve acontecer com os demônios de elite e seus respectivos mandamentos. O que esperar de mandamentos como o amor e a piedade? Coisa boa é que não é visto que são poderes de demônios!
Enquanto os Dez Mandamentos buscam recuperar suas forças, Ban, King e Jericho chegam a Floresta do Rei das Fadas – ou o que restou dela – e lá vemos mais uma vez como o Ban está ligado a Elaine, já que foi ele que “assumiu o pepino” após a morte dela e agora que está “de férias” vai buscar uma forma de revivê-la. O Rei verdadeiro ser execrado era algo previsível, o Helbram voltar como anjo da guarda não – mas esse é um mundo de fantasia onde reviver alguém ou conviver com espíritos não deve ser impossível e muito menos um grande tabu, então dá para aceitar sem muitos problemas –, mas o que é mais interessante nessa parte é a correlação dela com o belo momento das confissões!
Um grande defeito dos shounens é sempre criar casais que ou nunca vão para lugar nenhum ou não tem uma relação romântica bem desenvolvida, no máximo terminando com um “e anos depois se casaram e viveram felizes para sempre”, sem explorar todo o potencial que há nessas relações. Nanatsu no Taizai não é assim, eu não diria que a obra deve ser um prato cheio para quem gosta de romance, mas desenvolver o roteiro de uma forma que justifique as duas heroínas principais admitirem os seus sentimentos já nesse momento da história é um ponto positivo, ainda mais por essa relação ter sido bem construída, minimante bem aprofundada e retratada de uma forma que favoreceu a empatia do público por esses personagens e pelo sucesso do relacionamento entre eles.
A história do King e da Diane é muito bonita, não acham? Acho que no mangá ela é um pouco melhor contada e você entende melhor a divisão entre o que a Diane sentia antes e depois de recuperar as memórias, mas não é como se o anime tivesse trabalhado mal isso e dá sim para simpatizar com o casal e torcer por ele. Quanto a Elizabeth, não seria errado afirmar que foi o “destino” que a uniu ao Meliodas e que a relação deles deve ter muito mais profundidade do que foi retratado até agora? Não, não seria – não vou falar de spoilers aqui –, mas acredito que muitos de vocês já sacaram que deve haver muito mais entre eles dois do que a afinidade mostrada desde o começo do anime e que muito disso se deve a ex dele ter a cara, a voz e o nome dela e disso ser uma história de fantasia na qual a reencarnação com certeza não deve ser impossível – apesar de o anime ainda não ter indicado que é algo comum. Enfim, só sei que vou torcer muito por esses casais, vocês vão torcer comigo?
Por outro lado, Gowther em sua obsessão por entender os sentimentos humanos foi capaz de atrocidades que normalmente colocariam em xeque a “bondade” de um dos protagonistas da história, mas se formos avaliar esse personagem desde a primeira temporada vemos que ele em nada parece um ser humano comum – ele teve a cabeça decepada e andou com ela debaixo do braço, o quão não humano você precisa ser para fazer isso? –, triando a aparência física, mas só isso.
A forma como ele age e reage às coisas e às pessoas ao seu redor demonstra a sua incapacidade de compreender e simpatizar com os sentimentos humanos, o que contrasta com o seu interesse em entender sentimentos cada vez mais profundos que possam fazer com que ele alcance o chamado “coração”, algo que deve estar menos atrelado à ideia de um órgão físico e mais a de um terminal capaz de decodificar ações de natureza humana e reagir a elas de acordo, expressando verdade nesse ato. A sua incapacidade de compreensão e a sua vontade por compreender mediante a falta de discernimento moral e bom-senso comuns aos humanos faz com que ele aja em prol de fins sem questionar seus meios, o que já começou a gerar conflito com os outros Pecados Capitais e deve servir para trabalhar esse personagem assim como trazer à tona discussões que podem ser relevantes ou não – assim como a side quest do Ban – na vindoura luta contra os Mandamentos.
Nanatsu no Taizai está desenvolvendo a sua trama sem pressa, focando nos personagens que importam – os Sete Pecados Capitais, o Hawk e a Elizabeth – sem esquecer dos secundários – os “Três Patetas” viajarem para descobrir a verdade foi bacana, só não entendo por que a Veronica não admite logo que gosta do Griamore… – e dos novos – aquele grupo de vilões badass que todo battle shounen tem que ter. Como último adendo, só quero deixar registrado que achei o encerramento lindo e a abertura muito irada – o que combina bem com esse tipo de anime.
Até a próxima pessoal!