Café com Anime – Violet Evergarden, episódio 5
Bom dia!
Para quem está chegando agora, o Café com Anime é um bate-papo sobre alguns animes da temporada entre mim, pelo Anime21, Vinícius Marino (Finisgeekis), Diego (É Só Um Desenho) e Gato de Ulthar (Dissidência Pop). Cada blog irá hospedar as transcrições das conversas de um anime: ao Anime21 caberá publicar os artigos sobre Violet Evergarden; ao Finisgeekis, Cardcaptor Sakura Clear Card; ao É Só Um Desenho, Kokkoku; e ao Dissidência Pop, Mahou Tsukai no Yome e Junji Ito: Collection.
Sem mais atraso, leia a seguir a conversa que tivemos sobre o episódio 5 de Violet Evergarden.
Será que Diego e outros detratores do anime vão se irritar com esse coming of age também? 😃
Eu comecei a assistir esse episódio morrendo de sono. Estava receoso, mesmo sendo um anime muito bom, ele é lento e tem poucos momentos de catarse – geralmente lá pelo fim. E eu não quero dormir durante Violet Evergarden! Mas esse episódio me manteve vidrado na tela o tempo inteiro. Uma garota de 14 anos vai se casar? Essa é a idade da Violet? Um casamento arranjado para uma criança? Oh, mas ela realmente está apaixonada, e por isso insegura com a falsidade natural do cortejo para casamento na casta em que ela nasceu?
A Princesa Charlotte não foi para a guerra, ao contrário da Violet, mas também sempre teve uma vida muito limitada pela sua posição social, e isso a deixou com problemas de comunicação e emocionais. Que tenha sido a Violet a ter conseguido fazer a princesa ser honesta – e, com isso, conseguido obter a felicidade – é uma catarse não para ela em si ou para o episódio, mas para o próprio anime. O reencontro que a Violet teve no final do episódio (que não necessariamente foi um cliffhanger) indica esse ponto de inflexão.
Digo uma coisa: esse episódio quase me pareceu um romance da Jane Austen ou das irmãs Bronte. Até sua estrutura baseada em cartas me lembrou os romances epistolares da época, como A Moradora de Whitefell Hall
A Violet tem 14 anos? Isso foi uma surpresa, eu imaginava que ela tinha no mínimo uns 17, mas contava que ela tinha talvez uns 20, está bem que a guerra envelhece uma pessoa, mas… E o major Gilbert hein? Quem diria. Entretanto, naquela época, se for levar em conta as similaridades com nosso mundo, casamentos com meninas de 14 anos eram até comuns, principalmente na nobreza.
Me surpreendi como a Violet evolui nestes poucos episódio, agora ela já é uma autômata de primeira linha, sendo até solicitada para resolver um caso que envolve a alta nobreza e interesses políticos internacionais.
Como o Vinicius falou, a estrutura do episódio lembrou muito os romances da Jane Austen, e isto é uma grande verdade, visto que a comunicação por cartas era um elemento decisivo nas tramas de sua autoria. Foi muito gratificante ver este episódio, principalmente depois de eu ter lido todos os principais romances da Jane Austen em sequência por intermédio de minha noiva, que insistiu tanto para ler esta autora que acabei cedendo, o que foi muito feliz de minha parte.
Jane Austen é o selo vitoriano definitivo, se alguém ainda tinha alguma dúvida, né?
Bom, de todos os episódios, esse foi o que mais teve o pé no “velho mundo”. Estamos diantes de uma aristocracia bem estabelecida, com casamentos arranjados, cortejos ritualizados, toda uma ordem social que impera sem titubear acima dos indivíduos. A despeito de todas as guerras, o reino de Drossel continua funcionando como sempre. Não há nada aqui do caráter de O Amante de Lady Chatterley, um romance polêmico do pós-Primeira Guerra, que mostrou como noções de classe, gênero e moralidade caíam como um castelo de cartas com o advento do nosso século.
E mesmo assim, é bom lembrar que Jane Austen foi uma escritora do “futuro” – tanto é que foi considerada uma proto-feminista por pensadoras importantes do século XX. A princesa Charlotte traz o mesmo tipo de “voz” que suas melhores personagens, tomando as rédeas de seu destino nas mãos, por mais limitadas que suas oportunidades sejam.
Na verdade, na verdade, Jane Austen é anterior ao período Vitoriano, que começou mais ou menos em 1838, e Jane Austen morreu em 1817, ela seria então um símbolo do período Georgiano. E prefiro assim, não me agrada em nada o período Vitoriano em questões como liberdade e moral, principalmente sua ética carola. No período Georgiano elas tinham mais liberdades por assim dizer, tanto socialmente como nas vestimentas. Na época de Jane Austen as mulheres utilizavam vestidos folgados, sem mangas e com generosos decotes, já no período vitoriano as mulheres se cobriam do pescoço até a ponta dos pés, por exemplo.
Mas enfim, eu gostei bastante da abordagem da princesa Charlotte. No começo eu realmente achei que ela não queria casar e só tinha a birra pelo motivo de estar sendo obrigada a fazer uma coisa que não queria. No entanto, ela desejava o matrimônio, tanto é que lutou para que ele ocorresse, o medo dela é, portanto, natural, uma moça muito jovem, sem experiência de vida, casando com um homem o qual ela não tem certeza de seus sentimentos.
Vou dizer que comecei o episódio me perguntando quem diabos teve a brilhante ideia de mandar logo a Violet pra ser a doll numa situação dessas. Mas eis então que quando ela senta para escrever ela de fato escreve uma ótima carta. Bom, isso explica porque mandaram ela, mas oi? Eu perdi alguma coisa? Quando exatamente que a Violet virou uma doll de primeira? Sério, a sensação aqui é que eu perdi um ou mais episódios lol.
A personagem da princesa também merece lá suas críticas. Particularmente eu gosto de como foi ela quem decidiu pelo casamento, tanto por si mesma quanto para o bem de seu povo. Mas o comportamento dela no começo do episódio não era o de uma jovem nervosa com a aproximação do casamento, mas sim o de alguém que não queria se casar. De novo: oi? Eu entendo que “despistar” o espectador pode ter sido o ponto aqui, mas me soou sim um pouco inconsistente. A personagem podia ter sido melhor caracterizada desde o começo.
Dito isso, ainda foi um episódio muito melhor que o da semana passada, e pra mim o melhor momento dele vai para quando os dois amantes começam a trocar cartas de verdade, ao invés de pedir a uma doll que escreva por eles. Foi fofo, bem executado, e mesmo um tanto quanto catártico.
Você perdeu os meses que se passaram desde o último episódio, que o Hodgins menciona quando conversa com ela sobre o serviço. E tem um motivo adicional que a gente descobre depois: a princesa queria alguém da idade dela.
Quanto a princesa, sim, foi despiste, mas talvez não tanto: acho que nós, hoje, somos mais ou menos condicionados a esperar que garotinhas de 14 anos não queiram se casar. Que detestem a ideia e se tornem deprimidas e birrentas ou algo assim. Não era o caso dela, estava apenas nervosa, e, parece, sempre foi meio birrenta e mimada. Mas ok, aceito sua opinião de que talvez o KyoAni tenha exagerado na princesa do começo do episódio, mesmo que tenha sido útil ao enredo (não só pelo despiste, mas porque vê-la infantil nos permitiu vê-la amadurecer também). Não concordo, mas me parece uma interpretação razoável.
Eu concordo com o Fábio que nossa própria expectativa deve ter turvado nosso julgamento. Casamentos arranjados se tornaram uma coisa tão anacrônica que nós só os invocamos para ridicularizá-los. Princesa Kaguya é um excelente exemplo, para ficar só entre os japoneses. Quando surge uma obra que os explore de uma forma não negativa (como Kono Sekai no Katasumi ni) isto nos traz um estranhamento imediato.
Mas eu insistiria em outro ponto. Como vemos na primeira metade do episódio, a Princesa Charlotte está bem receosa de perder sua entourage no palácio. Especificamente, a companhia da governanta, que foi uma figura materna em sua vida. Acredito que isto também influenciou sua aparente “revolta” com o prospecto do casamento. Mesmo quando a união é algo desejável, sair do ninho é uma ideia bem ameaçadora.
(Talvez eu esteja me projetando na personagem, pois me casei ano passado e fiz de tudo para não queimar as pontes com a minha família. Claro, num mundo como o da Princesa Charlotte isso era muito mais difícil).
Charlotte fez a única escolha que foi possível a ela fazer: com quem se casar. Demorasse demais e nem isso poderia escolher, seria casada na marra com qualquer um que fosse conveniente para o reino. Mas será que era a melhor escolha? Isso a perturbava, especialmente considerando que até então ela estava em sua própria casa. Lógico que ela não poderia adiar essa separação para sempre, mas se fosse para ir para um lugar pior, se ela estivesse tomando a decisão errada, melhor seria adiar ao máximo.
Bom, ela podia fugir, renegar a nobreza, cultivar amantes, se matar. Há pelo menos alguns exemplos de romances georgianos e vitorianos dedicados a cada uma dessas opções.
Todas drásticas, né. Não é exatamente algo fácil, simples, que qualquer um possa fazer a qualquer momento. E complexo demais para uma personagem secundária de um episódio só. Nem a história super interessante dela com a Alberta (que me pareceu mais interessante e emocionante que seu pseudo-amor pelo príncipe Damian) teve desenvolvimento para além de uma ceninha bonitinha no final do episódio, imagine tudo isso.
Bom, fugas são coisas bem simples e demandam pouco contexto. Consigo ver uma eventual escapada romântica da Charlotte com o Damian resolvida em 25 minutos. Idem o suicídio – ou até o duplo suicídio, se quiser ser bem japonês na execução. Eu até vislumbro uma história em que a Charlotte estivesse dividida entre a cruz e a espada (como Princesa Kaguya), mas não foi a história que nos foi contada. Sério, amores impossíveis eram o arroz e feijão da literatura romântica. Só escolher um exemplo e rolar com ele.
Em nenhuma dessas possíveis histórias a comunicação é relevante – ou, digamos, tão relevante a ponto de ser o foco de um episódio. A troca de cartas entre dois candidatos a noivos, por outro lado, é tudo sobre comunicação. E comunicação é o foco das histórias da Violet enquanto ela tenta aprender sobre sentimentos. Fosse para ter amantes, aí sim, mas ela era nova demais até pra casar, que dirá ter amantes
Mas isso é meta-conhecimento. A Charlotte não pensa “eu só vou ganhar um episódio se minha história envolver cartas, então vou me casar porque é minha única opção”. Esse dilema não fez parte da sua tomada de decisões.
Bom, sim. Ela poderia ter feito infinitas coisas. Poucas delas teriam espaço em Violet Evergarden.
Ela poderia ter sido “envelhecida” pelo enredo e escrito cartas para um amante. Poderia ter fugido e chamado a Violet para escrever uma satisfação aos pais. Contratado uma autômata para uma carta de suicídio (e entraríamos em uma questão super interessante de como as autômatas lidam com confidencialidade). Enfim, eu vejo várias opções, sobretudo se o foco fosse retrospectivo. I.e. a Charlotte procurasse a agência depois de ter feito sua decisão.
Agora estou gostando das alternativas 😃
E todas parecem bem mais sinistras que o tom médio da série, LOL, o que potencialmente é ruim também, já que a Violet é a pobre coitada residente do anime…
As possibilidades do que a princesa Charlotte poderia ter feito são realmente muitas, algumas não caberiam ao anime, já outras ficariam interessante. Penso que Violet Evergarden foi feliz na escolha de que caminho abordar, já que o caminho proposto no anime não foi nada drástico que fugisse muito da normalidade, somente a história de uma princesinha ansiosa por não saber o que esperar do seu futuro casamento. Isso deu espaço para a Violet brilhar de sua maneira, principalmente na sua decisão de violar seu contrato como autômata e sugerir que a princesa escrevesse sua própria carta. Pra mim, esse foi o ponto alto do episódio.
Acho que foi a escolha narrativa mais fácil, mais ou menos como o anime tem feito em todos os episódios.
Acho bom lembrar que o anime não é só sobre cartas, mas sim sobre amor, e também um tipo bastante específico de amor, que é o amor romântico. Para a história da Charlotte estar aqui, ela tinha de envolver alguma carta de amor.
Pra variar, já falamos bastante e ainda nem entramos no cerne do episódio. O que acharam da atuação da Violet essa semana?
Como eu disse, acho que a Violet avançou demais no curto espaço de tempo entre o episódio anterior e este. Tudo bem, passaram alguns meses entre as duas histórias, mas não posso dizer que foi uma boa jogada do anime simplesmente cortar todo o desenvolvimento que ficou nesse “meio”.
Eu fiquei surpreso com o avanço dela. E entendo aqueles que reclamaram até então dos fillers. De fato, essa Violet “madura”, com algum bom senso é muito mais interessante que a Violet destrambelhada dos episódios passados.
Com esse avanço dela ficou muito mais descarada a dicotomia que se formou entre a capacidade dela de expor sentimentos numa carta e sua capacidade de expressar sentimentos pessoalmente. Foi muito engraçado ela tentando fazer caretas como se estivesse sorrindo, ela pareceu muito uma robô.
Mas não acham que ela é interessante justamente porque antes era desastrada com as palavras? Eu sei que ela estava bastante caricata, talvez demais, mas acho que foi importante vermos de onde ela veio. Essa dicotomia que o Gato diz eu acho que é muito mais evidente porque a vimos muito incompetente nos episódios anteriores.
Em retrospecto, eu acho que nós a vimos deslocada até demais. Eu trocaria de bom grado uns dois episódios de Violet inepta em graças sociais pela Violet desse episódio. É a velha maldição dos fillers. Para esticar o anime, acabam “congelando” as personagens em certos pontos de desenvolvimento.
Bom, foi a introdução da Violet, a introdução do local de trabalho, e dois episódios mostrando a Violet aprendendo. Talvez os dois primeiros pudessem ter sido um só? E o episódio da escola poderia ser diferente (talvez algo totalmente diferente) para vermos o crescimento dela inteiro só naquele episódio, sem precisar do episódio da Iris, em seguida? Bom, isso é meio especulação inútil, mas acho que esse é o máximo que poderia ser cortado, se fosse o caso. Seriam episódios mais fracos em si porque abordariam muita coisa, provavelmente.
Creio que o episódio da Iris, por melhor que tenha sido, poderia sumir sem grandes prejuízos. Enfim, foi só uma impressão. Diante de sua metamorfose, senti que o ponto em questão (Violet é inepta) foi trabalhado mais do que poderia ter sido.
Considerando que foram, mesmo assim, bons episódios, eu não me sinto bem dizendo que poderiam não existir, hehe (mas tenho certeza que o Diego se livraria de pelo menos um deles!).
Só tem uma coisa: do que eu vi a respeito, esse episódio também foi filler. O que torna a discrepância entre a Violet dos primeiros 4 e esta Violet do episódio 5 ainda mais bizarra 😃
Foi o que eu li por aí também. Disseram que a Violet desse episódio é mais fiel à da light novel, mas o episódio é totalmente novo mesmo assim.
A KyoAni sendo a KyoAni.
Não tenho problemas com “fillers” quando são bem trabalhados, como é o caso de Violet Evergarden.
Eu tenho problema com a palavra “filler”. Ela é carregada de conotação negativa.
Não dá para dizer que a reputação não é justificada, contudo. Muitos animes de grande projeção pisaram feio na bola com conteúdo original. E há um ranço herdado dos anos 1990 de que filler é aquela coisa que você enfia quando tem de esperar o artista terminar o mangá. Vide Sailor Moon, que ganhou um arco inteiro que levava do nada a lugar nenhum.
E há também uma expectativa (merecida ou não) de que o anime “bata” com seu material de origem. Mesmo quando a fidelidade se prova deletéria ao resultado final.
Sailor Moon é um caso atípico (para os dias de hoje; para sua época foi bastante típico). A Toei queria animar Sailor V, e nas tratativas com a autora acabou-se decidindo que seria um mangá novo. Mangá e anime tiveram sua produção iniciada em paralelo, e Sailor Moon não existiria se não fosse o anime.
Pois é, mas por essa e por outras “filler” ganhou conotação de coisa ruim. Uma boa parte dos otakus adultos de hoje cresceu vendo essas séries. Se anime tivesse um histórico de ser mais “livre” com suas adaptações (como as séries de TV ocidentais), isto talvez mudasse. Mas não é o caso. Pelo contrário, as mídias derivadas parecem pecar pelo literalismo (mesmo no caso de live-actions).
Eu acredito que o que meteu o prego no caixão da má reputação dos fillers foi Naruto. Nunca ouvi falar mal de Sailor Moon, a sua declaração agora sinceramente me surpreendeu.
Bom, eu só assisti Sailor Moon depois de adulto. Então não tenho “filtro de nostalgia” me blindando dos problemas de produção. Mas aceito que Naruto e seus contemporâneos tenham tido uma grande influência para o fenômeno.
Até a década de 2000 era absurdamente comum que animes tivessem finais originais. Isso deixou de existir mais ou menos ao mesmo tempo em que a fúria contra os fillers crescia, mas acredito que seja apenas coincidência. Existem muitas outras boas razões para não criar conteúdo original além de agradar fãs do material original. E igualmente existem boas razões para criar conteúdo original, e o KyoAni como de costume vem cedendo a essas em Violet Evergarden, e não àquelas.
Não que eu acho que isso importe, de uma forma ou de outra. Acho que uma série tem de conseguir se sustentar em seus próprios pés. Se ela é mais ou menos fiel é secundário ao fato de entregar uma experiência de qualidade.
Claro, no mundo do anime nem sempre é assim que funciona. Sobretudo pela própria lógica de produção da indústria, que gira em torno das editoras dos originais impressos.
Penso igual, e por isso não gosto da palavra filler para me referir a conteúdo original. Ela não é só uma descrição, é também um julgamento.
Fidelidade não é tudo, muitas vezes o anime, por ser diferente do original, dá uma nova experiência para a série. Cada caso é um caso, não conheço o original de Violet Evergarden, mas do que eu estou vendo estou gostando.
Bom, de volta ao episódio 😃 Se eu fosse dizer que senti falta de algo, foi de ver mais sobre a relação entre a Charlotte e a Alberta, de longe a relação mais interessante do episódio. Eu entendo, porém, que ela não dizia respeito ao tema principal, mas que amor o dessas duas, hein.
Eu achei bem bonito a princesa se ajoelhando aos pés de sua governanta. Tal atitude, se fosse do conhecimento público, provavelmente chocaria a todos, por ser uma grande quebra de protocolo, entretanto, demonstra com beleza o sentimento que uma sentia pela outra.
A relação das duas foi mesmo bem bonita, e durante a maior parte do episódio soou até mais crível do que a relação da princesa com o príncipe.
Eu confesso que tenho um fraco por histórias de governantas e mordomos desde que li “Os Vestígios do Dia” do Kazuo Ishiguro. Concordo com o julgamento de vocês. É de fato uma história que poderia dar seu próprio episódio. É interessante ver nobres em situações em que a “máscara” cai. Nesses casos, a governanta se torna uma espécie de ponte com a realidade. A única pessoa com quem a princesa pode ser autêntica, humana.
E por isso faz falta mais desenvolvimento, não é? Vimos muito pouco da princesa “de máscara” para ter a medida exata do peso daquela cena final – que, mesmo assim, foi muito forte.
Pois é. Nós somos obrigados a beber das referências que já temos. Mas isso pode ser problemático, como o próprio romance da Charlotte nos demonstrou.
Um pouco mais tarde do que de costume, encerremos as discussões sobre o episódio por aqui. Até semana que vem!