Uma das séries que eu creio que jamais vou dropar nessa vida é Precure. Mas sinto que nos últimos anos, depois de um ápice em qualidade, dentre as temporadas que eu vi, em Princess, a série entrou em um declínio vertiginoso, com Kirakira recebendo a pior nota até agora.

Seguindo a tradição, o tema desse foi doces. Quando o mesmo foi anunciado, eu fiquei bastante curioso sobre como o tema seria desenvolvido, e imaginei que seria algo sentimentos através de doces. Coisa que eu acertei, porém… o caminho para que a série descobrisse que esse era o melhor caminho foi mais lerdo do que um gordo correndo. Por muitos episódios o tema ficou forçadíssimo e extremamente redundante, o que acentuou no geral com outro problema grave: os vilões.

Bom, no geral, o senso de perigo no Precure se resume a elas apanharem um pouco antes de surgir um novo poder e a derrota dos vilões acontecia como tinha que acontecer, isso funcionava consideravelmente bem, só que nesse foi algo que nem nesses minutos antes deles serem derrotados existiu.

O motivo é que no começo da série, lá nos primeiros episódios ainda, não havia sequer o grande vilão habitual que quer dominar ou destruir o mundo por ser do mal. Foi um grande cour até que aparecesse, e mesmo quando ele finalmente apareceu, ainda não continuou tendo a sensação de perigo, já que outra forma habitualmente utilizada para criar o senso de perigo é de que se as Precures não derrotarem os vilões, eles utilizarão o que coletaram e destruirão tudo. O problema é que o Kiraru (nome dado na série para o que os vilões querem) por muito tempo não demonstrou nenhuma utilidade. Inclusive a pior coisa que acontecia no começo era simplesmente o doce não ser mais comestível.

Vamos ser sinceros, um doce não ser mais comestível tá bem longe de ser uma ameaça, o máximo que uma criança sentiria ao ver o doce não sendo mais comestível é uma tristeza passageira, que é só dar outro que logo se esquece. E por muito meu pensamento se resumia a “Não era mais fácil simplesmente fazer outro?”, dada a tamanha inutilidade. Já que eles roubaram, e agora? A falta de um grande vilão no começo somado com isso fazia parecer que eu estava vendo episódios que deviam estar lá no meio da série para encher linguiça.

Um mero coadjuvante que não brilha nem quando se revela como o big boss

O surgimento do grande vilão não ajudou em nada, a evolução dos doces representarem sentimentos ajudou, mas no final, os roteiristas encarregados da série deviam gostar do livro Fahrenheit 457 e a grande sacada no final foi que o mundo se transformou naquele livro. O que convenhamos, é triste que algo assim aconteça, mas tá longe de ser um fim do mundo.

Outro grande problema vem com a grande protagonista da série: Ichika. As grandes protagonistas da série costumam seguir um estereótipo de menina bobinha e que fica entusiasmada pelo tema principal, isso por si só tá longe de ser um problema, o problema é a relação que ela tem com a sua mãe.

Na série, a mãe de Ichika é uma espécie de médica sem fronteira, que por isso viaja o mundo todo e quase nunca para em casa; o nascimento do problema é como a forma que a Ichika enxerga o trabalho da sua mãe.

Numa sociedade como a japonesa onde é comum as pessoas trabalharem em excesso, a aceitação da Ichika passa uma mensagem errada por mostrar que não tem problema o fato de que não há tempo para sua filha.

A realização de sonhos é sim importante, nenhum pai deve ficar preso a seus filhos, mas a total libertinagem também não é certa. Ver e cuidar dos filhos não é algo que se faça numas férias, é algo que precisa ser cuidado. O fato de que a mãe da Ichika está 99% do tempo ausente e ela aceita isso como algo natural, legitima de que as crianças desde já tem que compreender de que o trabalho vem antes de tudo.

Num lugar onde existe um termo para excesso de trabalho chamado karoshi, passar para a futura base do país que trabalhar demais ao ponto de mal ver a família soa como manter o status quo. Eu sei que o que eu digo pode até soar como papo reacionário. Mas a principal forma de combater é indo por quem no futuro perpetuará valores que existem hoje e elas encararão como normais.

No fim, a série tem personagens fofíssimas, talvez esse seja o único acerto junto do encerramento, mas por personagens fofinhas, tem muito anime com personagem fofo por aí. Eu realmente espero que Hugitto seja pelo menos razoável.

A best também espera

  1. Nem precisei ver que este foi o pior Precure que fizeram, até mesmo o fansub que trabalha com a franquia sentiu o mesmo baque. Dava pena do pessoal e pra sua sorte, a atual, “Hugtto! Precure” tem saído bem, obrigada! Se tiver acompanhado “Yes! Pretty Cure 5″/”Yes! Pretty Cure GO GO”, que foram as únicas que acompanhei desta franquia, vai se sentir em casa com o anime atual.
    Mas, em franquias, sempre tem uma temporada ou série ruim no caminho… Basta torcer que a seguinte supere isso ou seja melhor que a anterior.

    • Tem mesmo, espero que mantenha o nível, até por esse ser o primeiro Precure que eu realmente gostei da protag.

      O fansub lá não terminou ainda é? Eu como vi dos gringos, nem sei como anda aqui, mas toda semana eu dava graças a deus que eu nunca inventei de legendar isso =P

      • Por aqui o anime do Kira Kira foi legendando até o fim. Pode o fansub não ter curtido, mas, como trouxeram a franquia a nós, brasileiros, tá valendo.

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