Uma Musume: Pretty Derby – ep 9 – Grandes times têm grandes sonhos
O anime poderia não ter investido mais tempo no drama da recuperação da Silence Suzuka, mas ao fazer o Spica participar dessa volta por cima da garota, sendo essa também uma reafirmação para as companheiras, ele explorou o melhor de duas coisas que são essenciais para a evolução das garotas-cavalo enquanto time: união e rivalidade. Tudo feito na medida certa e recheado de outros acertos. Uma Musume se mantém um ótimo anime com ótima história e seu final promete ser emocionante!
Antes de mais nada, como não elogiar a atenção a pequenos detalhes que fazem com que o mundo do anime seja mais palpável que o geral para histórias envolvendo garotas-alguma coisa? Foi ótimo mostrar o telefone adaptado, assim como a chamada em viva voz pelo celular, porque em ambos os casos não faria sentido que elas falassem normalmente quando suas orelhas estão acima da cabeça.
Tratar com seriedade detalhes sobre o mundo que as cercam condiz com a abordagem séria da obra e fazer o mesmo quanto a barreira linguística foi outro acerto, porque não é real você chegar em um outro país e as pessoas falarem sua língua, então, se é para ser coerente, que o anime seja em todos esses pequenos detalhes que tornam a história mais realista, fazendo o público levar a coisa a sério!
Outro ponto importante desse trechinho inicial foi já ir preparando o terreno para o que trabalharam em segundo plano no episódio, a carreira da El Condor Pasa no exterior e como a competitividade lá é tão grande quanto ou ainda maior que no Japão, dando um vislumbre do quanto as garotas-cavalo do país terão que melhorar se um dia quiserem competir nos páreos mundo afora. Inclusive, a El não vencer foi importante não só para fazer ela buscar melhorar, mas também para ilustrar muito bem os temas trabalhados com o Spica no episódio: união e rivalidade que podem sim andar de mãos dadas.
A corredora estrangeira reconheceu o potencial da El naquele autógrafo, não a tratou como inferior e nem parecia arrogante sobre sua vitória, tanto que só venceu no final e após uma boa disputa com a japonesa. E ao vencer, o que ela fez? Deu a mão para a perdedora e ela aceitou a gentileza porque ali não tinha uma inimiga, mas sim uma adversária – a sua rival – que a encarou de igual para igual e teve respeito pela atleta que conseguiu vencer. Às vezes a diferença entre amizade e rivalidade pode ser difícil de distinguir, mas é possível conciliar união entre time – e até entre adversárias – com uma boa rivalidade que favorece o desenvolvimento de ambas as partes se for saudável como é no anime.
Uma Musume tenta passar vários bons valores envolvendo o esporte, e consegue porque não faz seu público se desviar do foco com fanservice desnecessário ou até mesmo com a parte musical que está ali mais como um extra. É um anime esportivo que foca no esporte de forma natural e instigante, e é por isso que ele é extremamente satisfatório quanto a mensagem que quer passar em cada episódio.
Como comentei lá no comecinho, o anime poderia ter resolvido o problema da Suzuka sem esse episódio, mas, sinceramente, no final do anterior as coisas não pareciam estar assim tão resolvidas para a Spe-chan e nem para a própria Suzuka, então usar esse momento para aproveitar um pouco do que as outras garotas do time podiam oferecer para o desfecho da situação foi mais um acerto de vários.
A Special Week entendeu o que o treinador quis dizer e sabia que não poderia se anular para ajudar a amiga, mas não sabia como lidar com isso, ela não entendeu que não precisava deixar de apoiá-la, só que viver em função dela e se dedicar a ela mais do que a si não seria uma ajuda saudável para as duas. A viagem e o treinamento serviram para isso, para fazerem a Spe-chan entender que para que a promessa das duas se cumprisse ela não poderia tratá-la só como amiga, mas também como rival.
Foi aí que entraram as outras garotas, porque a Spe-chan só entenderia isso quando percebesse que o ambiente no qual ela se encontrava favorecia um equilíbrio entre todas essas coisas que a estavam incomodando, que a amizade permaneceria mesmo com a rivalidade, que a Suzuka precisava era de um estímulo para voltar a correr para valer e não de uma babá que ao cuidar demais iria é estregá-la.
A própria Suzuka tinha um dilema pessoal a superar no episódio, ela não sentia confiança para correr devido a sua lesão – algo completamente compreensível – e precisava de um empurrãozinho para se livrar de suas amarras psicológicas. E quer coisa melhor para isso senão a promessa das duas? Só que agora a Spe-chan finalmente entendeu – o momento em que o treinador interferiu foi essencial para isso – o que tinha que fazer para ajudar a Suzuka de verdade, e que só assim elas voltariam a ser as mesmas corredoras de antes – e quem sabe até melhores –, o que impactaria positivamente no time.
Como o título desse episódio sugere, esses são os sonhos do Spica enquanto um time, e isso também inclui os sonhos do Treinador, não é mesmo? É normal que ele queira que duas das suas corredoras se reergam e voltem a brilhar nas pistas, é normal que ele se preocupe com como um clima ruim em torno de duas pode influenciar negativamente o resto delas e procure formas de reverter esse baixo astral que em nada é positivo para as garotas. Aliar um típico momento de treinamento de um anime de esportes a essa carga emocional que precisava ser despejada e redirecionada foi uma ótima ideia.
Depois esse episódio o Spica se fortaleceu e as protagonistas também, sendo que o anime deixou de lado até o estigma de seguir as carreiras dos cavalos de corrida à risca, já que a Suzuka se recuperou e o cavalo que a inspirou não voltou a correr após a mesma lesão, o que é positivo para preparar o final emocionante e divertido que eu e o resto do público deve estar esperando. Errar é humano e as garotas-cavalo são seres humanos como eu ou vocês, o que torna mais gratificante e interessante o caminho delas para melhorar em meio aos erros e aprender com eles. See you next SPECIAL WEEK!