Comic Girls – ep 9 – Koyumétodo para a felicidade
No episódio 9 os caminhos de Koyume e Tsubasa se convergem, revelando preocupações com bloqueio criativo, o corpo e características “mais femininas”, além disso, evidenciando (mais ainda) a paixão que a mangaká shoujo sente pela autora de mangá shounen. Descobrimos que Tsubasa tem seu lado frágil e que também entra em pânico, apesar de toda a calma e sabedoria que demonstra na segunda parte dessa seção para auxiliar Koyume em seu drama. Um episódio repleto de acontecimentos, com sofrimentos cotidianos (da vida de uma jovem mulher e de uma jovem profissional) e muita união para superá-los. Doses exatas de comoção, humor e até ‘horror’ (Fuura-senpai presente!).
O episódio começa com a comemoração pelas páginas coloridas do novo capítulo da série de Koyume (com o rosto da personagem masculina lembrando inequivocamente a fisionomia de Tsubasa). A evolução da garota é notável, já que pressionada pela sua editora – que apresentou a tese não comprovada de que, para se escrever e desenhar sobre o amor, é preciso ter experimentado o sentimento – viveu uma aguda crise criativa e emocional, só superada por sua “queda” por Tsubasa. Não que há editora tenha razão, mas quando nos sentimos bem, os nossos esforços fluem com menos atritos e mais foco.
Mas, como nem tudo são flores, a fase dourada não impede que Koyume fique sem inspiração. E em dias assim, ela sai para se divertir, conversar com amigas, saborear o melhor da culinária em relação a doces e lanches e vai a lojas de roupas. Mundo esse que não pertence a Kaos, que entra em desespero por sentir a sua inadequação a esse tipo de passatempo. Então o Koyumétodo (como Kaos batiza a estratégia da amiga para se livrar do bloqueio) não tem como modificar o Kaospiral, modo em que a autora de comédia moe entra quando a sua imaginação a abandona. A resolução do drama de Kaos fica para os próximos episódios.
A partir daí Koyume e Tsubasa tomam os holofotes, com o pedido da editora de Tsu-chan para que ela proporcione mais espaço para a personagem feminina em “Herói da Escuridão”. Ou seja, uma história divertida do ponto de vista da heroína. Uma dificuldade para a garota, já que perdeu contato com o seu lado “fofo” desde que se tornou uma autora shounen. Koyume surge em seu socorro para promover programas que coloquem Tsubasa em sintonia com atividades e tipos de entretenimento do cotidiano de uma garota (o anime aposta nessa oposição, por exemplo, carne sendo do gosto masculino e doce do feminino), despertando, desse modo, a menina que perdeu lugar para o universo shounen. Determinada e até atrevida, Koyume obtém ótimos resultados em seu intento, com Tsu-chan experimentando roupas mais “femininas” e sentindo-se pouco a pouco à vontade com a situação.
Ruki se lembra de Tsubasa e dela quando eram crianças e como a amiga, mesmo com a sua preferência pelas obras shounens, era adepta das coisas fofas. Com o progresso de sua criação artística, Tsu-chan assume uma nova postura, apostando na simplicidade, para sua aparência não tomar tempo dos desenhos. Uma decisão que é ao mesmo tempo extrema e compreensível.
O auxílio de Koyume a Tsubasa mostra-se como uma via de mão dupla. Tsu-chan se reencontra com o seu lado mais delicado e realiza um manuscrito a contento, e Koyume volta a desenhar e escrever com fluidez. Porém, como a felicidade não é capaz de evitar contrariedades, Koyume depara-se com a modificação de sua forma física. Desenhando e comendo doces, não foi capaz de perceber o seu aumento de peso. Preocupada, ela pede a ajuda de Tsubasa, a mais atlética entre as garotas. Exercícios, corrida e dieta. Esse fato expõe ainda mais a admiração de Koyume por Tsubasa, do quanto ela consegue conciliar seus deveres, apesar de ter uma serialização para dar andamento. Organização e hábito para vencer o tempo.
Porém, toda a dedicação para emagrecer afeta a sua arte, já que desenha sem alegria. O seu esforço para voltar ao peso ideal – e continuar bonita aos olhos de Tsu-chan – aboliu de seus traços e das personagens a característica mais marcante da autora, que é a vivacidade. Koyume percebe que o amor pelos doces (comida em geral) faz parte dela, é preciso se aceitar. E ao chegar a essa conclusão, desenhar volta a ser um prazer, e a concentração no trabalho traz como extra uns quilinhos a menos.
Um terceiro momento do episódio é a perda de Tsubasa de seu manuscrito. Mais uma vez, surge a faceta frágil da autora shounen, que se desespera por não encontrar os desenhos em canto nenhum da escola. As mangakás mais Nijino-sensei formam uma força tarefa para esquadrinhar o espaço físico à procura do objeto de arte. Miharu é um dos destaques nesta parte final. Apesar da preocupação, está empolgada com a possibilidade de ler em primeira mão as novas aventuras do “Herói da Escuridão”, então precisa domar a euforia para ajudar Tsubasa. Além disso, tem que lidar com o seu passado de autora yaoi, nos tempos do clube de mangá, quando Ruki e Kaos encontram seu antigo portfólio. Ela consegue se livrar da “enrascada”, já que não consegue se livrar da vergonha. Na verdade, isso seria mais uma revelação a agregar algo na cumplicidade existente entre alunas e sensei.
A situação, toda a dificuldade em reaver o manuscrito, deixa transparecer mais da vulnerabilidade de Tsubasa. O medo de sua identidade ser descoberta, de expor a escola e as amigas a levam ao desespero. A raridade dessa condição cria a oportunidade de ver algo que existia na garota, mas que agora pode ser demonstrado abertamente pela confiança que ela tem em Koyume e Kaos. Anteriormente, apenas Ruki conhecia as fraquezas de Tsu-chan. Ela pode expressar sentimentos, mesmo os mais delicados, e receber apoio de suas amigas-mangakás.
Quando Koyume, Kaos e Ruki já haviam se apresentado como suporte para os problemas que Tsu-chan pudesse vir a enfrentar, caso o manuscrito não fosse encontrado, surge Fuuru-senpai para promover paz de espírito a Tsubasa e aterrorizar as suas companheiras de dormitório (ponto alto é Suzu se divertindo com a reação de terror das garotas. Candidata forte a melhor personagem).
O episódio 9 reforça o vínculo entre Koyume e Tsubasa, desenvolvendo o exposto no quinto episódio, mostrando que o amor está no ar em Comic Girls (se será declarado é outra questão). Com os dramas cotidianos e profissionais apresentados, o episódio explora elementos presentes na vida de qualquer garota e de qualquer artista, com um humor que equilibra momentos de fragilidade e solidez das mangakás sem perder a ternura.